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14/05/2008 - 11:16

Milho safrinha continua sua expansão

A cultura do chamado milho safrinha vem, a cada ano, ganhando mais importância no Brasil. Cada vez mais produtores investem em plantar milho nos primeiros meses do ano e têm retorno certo. O cenário chegou a um ponto em que o próprio termo “milho safrinha” tem sido trocado por “segunda safra de milho”. Pode parecer apenas uma simples alteração de palavras, mas ela expressa o crescimento que o milho apresenta nas últimas safras.

De acordo com José Carlos Cruz, pesquisador da área de fitotecnia da Embrapa Milho e Sorgo, “o milho safrinha é definido como milho de sequeiro cultivado extemporaneamente, de janeiro a abril, quase sempre depois da soja precoce, na região Centro-Sul do Brasil e envolvendo basicamente os estados do Paraná, de São Paulo, de Goiás, do Mato Grosso, do Mato Grosso do Sul e, mais recentemente, de Minas Gerais”.

Esse sistema de plantio pode ser considerado recente no país. Começou em meados dos anos 80 no Paraná e expandiu-se de forma rápida nos anos 90. De acordo com o último levantamento da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), divulgado em 8 de maio, deverão ser produzidas 18.284.000 toneladas de milho na atual safrinha. Este número é quase 24% maior que a safrinha do ano passado e representa 31,5% de toda a produção de milho do país em 2007/2008.

Vantagens e evolução - José Carlos conta que o plantio da safrinha, independente da cultura agrícola, normalmente acontece após a colheita da soja. Como vantagens, ele enumera “a possibilidade do uso mais racional dos fatores de produção (terra, máquinas, equipamentos e mão-de-obra) em período ocioso do ano, o preço geralmente maior do cereal na safrinha e o menor custo de produção”.

O pesquisador lembra que, com a adoção do sistema de plantio direto na palha da cultura da soja, houve redução no tempo entre a colheita da safra de verão e a semeadura do milho safrinha, que, com isso, tende a aumentar sua área. Ao se analisar a evolução do plantio do milho na safrinha fica fácil perceber esse aumento.

Na safra 1990/91, foram plantados no país cerca de 500.000 ha de milho safrinha restritos aos estados do Paraná e de São Paulo. Cinco anos depois, em 1995/96, esse número triplicou e estados do Centro-Oeste entraram na conta. Em 2000/01, o número aumentou para 2.150.000 ha assim distribuídos: 950.000 ha no Paraná, 380.000 ha em São Paulo e cerca de 820.000 ha no Centro-Oeste.

No Mato Grosso do Sul, a área plantada com milho safrinha tem crescido regularmente. “Mas não da forma tão intensa como a observada no Mato Grosso, que plantava cerca de 320.000 ha em 2000/01, plantou 925.000 ha em 2004/05 e nas duas últimas safras plantou em média 1.500.000 ha, equiparando-se ao Paraná”, destaca José Carlos.

Dicas - Do ponto de vista agronômico, o pesquisador da Embrapa faz algumas ressalvas à produção do milho safrinha. Pela época em que é cultivada, a cultura tem “a produtividade bastante afetada pelo regime de chuvas e por fortes limitações de radiação solar e temperatura na fase final do ciclo”, afirma. A época de plantio é, na visão dele, o principal fator determinante do nível tecnológico conseguido pelo milho safrinha: “à medida em que se atrasa o plantio, há uma acentuada queda no potencial produtivo e um aumento substancial do risco de perda total ou parcial da lavoura”, explica.

Hoje, continua José Carlos, o nível tecnológico usado nas principais regiões produtoras de milho safrinha é semelhante ao utilizado na safra normal. E, da mesma forma que na safra normal, também na safrinha os híbridos simples – que têm maior potencial produtivo – são os mais plantados.

Outro ponto observado é em relação ao plantio de cultivares mais precoces na safrinha, preocupação justificada pelo provável déficit hídrico no final do ciclo da cultura. “Pela mesma razão, a densidade de plantio normalmente é menor na safrinha: geralmente ela é cerca de 20% menor do que na safra normal”, completa o pesquisador.

O controle de pragas e de doenças deve ser maior na safrinha porque os problemas ocasionados geralmente são mais sérios. Ao contrário, o controle de plantas daninhas normalmente é mais fácil. Mas José Carlos alerta sobre o cuidado na escolha dos herbicidas usados na safra de soja no verão para que se evite o efeito fitotóxico desses herbicidas no milho safrinha.

Em relação ao manejo de solo, o pesquisador lembra que toda estratégia nesse sentido deve propiciar maior quantidade de água disponível para as plantas. “Nesse aspecto, o sistema de plantio direto na palha possibilita maior rapidez nas operações, principalmente no plantio realizado simultaneamente à colheita, permitindo o plantio o mais cedo possível. Além disso, um sistema de plantio direto com adequada cobertura da superfície do solo permitirá maior disponibilidade de água para o milho safrinha”, conclui. | www.cnpms.embrapa.br | Por: Grão em Grão.

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