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22/09/2020 - 07:48

Mercado de M&A no Brasil pode ser impulsionado pelo câmbio

A Baker Tilly International, juntamente com o provedor de inteligência de fusões e aquisições Mergermarket, divulgou nova pesquisa Global Dealmakers: North American M&A Market Update 2020 que examinou as opiniões de 60 negociadores para avaliar opiniões sobre oportunidades, tendências e desafios de fusões e aquisições na América do Norte.

Embora as transações não tenham parado completamente em meio à crise sanitária decorrente da Covid-19, os números dos negócios caíram drasticamente em relação a 2019. Os negociadores estão colocando M&A em compasso de espera até que haja uma maior segurança em relação à pandemia e seus reflexos.

Entretanto a percepção é que, independentemente do setor de atuação das empresas-alvo, ativos estressados e valorizações depreciadas surgirão em um cenário no qual as companhias lutam para se recuperar de perdas de receitas e de interrupções operacionais. Buscando se fortalecer contra a recessão e as novas complexidades de mercado, líderes já se posicionam avaliando estratégias de consolidação para fusões completas.

Adicionalmente, outros participantes da pesquisa sinalizam que o próximo ano será a hora do private equity brilhar. Com quantidade recorde de ativos baratos à disposição, os entrevistados concordam que aquisições e grandes movimentos de compradores serão uma tendência, criando competição por ativos e reforçando transações de M&A.

A perspectiva é que as próximas fases de M&A ocorram em quatro ondas, que podem se sobrepor. A primeira onda envolverá negócios em andamento, envolvendo empresas que têm sido relativamente pouco ou não afetadas pela pandemia. A segunda pode ser em grande parte impulsionada por companhias em dificuldades e por desinvestimentos, com alienação de unidades não essenciais ao core-business. A terceira vai ser liderada por empresas com bom desempenho durante a crise da COVID-19 e bem posicionadas no mercado no final de 2020 e em 2021. A quarta onda e, eventualmente as subsequentes, terão alguma aparência a um retorno ao normal.

No Brasil, o movimento dos negociadores externos de M&A pode ser impulsionado pelo efeito cambial. A apreciação da moeda americana frente ao real torna os ativos (já depreciados pela pandemia) ainda mais baratos em dólar.

Cabe, no entanto, ressaltar que o impacto positivo do câmbio aos compradores internacionais na precificação dos ativos deve ser parcialmente compensado por taxas de desconto cuidadosamente avaliadas e mais conservadoras, em face das maiores incertezas nas projeções financeiras. Além do incremento do custo do capital, na medida em que os bancos podem restringir recursos às transações de M&A, diante de um maior risco de crédito.

O contexto evidencia a importância de uma adequada e aprofundada condução dos processos de valuation e due diligence.

Setores resilientes como geração de energia e agronegócio historicamente são alvo do interesse de investidores internacionais.

É possível, ainda, que haja consolidações em segmentos não essenciais, como hoteleiro, entretenimento e shopping centers, com empresas capitalizadas buscando ampliar atuação.

Em paralelo, transações que já possuíam tratativas de precificação em curso antes a pandemia da Covid-19 têm sido alvo de revisões, como recentemente ocorreu em dos principais shopping centers do Espírito Santo. Em fato relevante publicado em 08 de setembro de 2020, o fundo adquirente revelou que, com a crise, os termos da transação foram renegociados. O documento cita, ainda, que o preço da aquisição foi por valor substancialmente abaixo do custo de reposição do ativo.

Diante dos movimentos internacionais, combinados a fatores econômicos e, principalmente, às oportunidades em diversos segmentos, o mercado de fusões e aquisições no Brasil se apresenta como um importante direcionador na retomada dos negócios pós-pandemia.

. Por: Roossewelth Baldez, sócio da Baker Tilly Brasil desde 2019, com experiência nas áreas de contabilidade, finanças e negócios desde 1995, é graduado em Ciências Contábeis pela AEUDF, com MBA em Gestão Empresarial pela FGV. Atua como Perito Contador do Juízo e Administrador Judicial junto ao Poder Judiciário do Espírito Santo, com registro no Cadastro Nacional de Peritos Contábeis (CNPC).

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