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25/09/2020 - 07:24

Comércio desleal e tensões: impactos da China no aço latino-americano, diz Alacero


Crescimento do comércio indireto de aço chinês na América Latina aponta a importância do investimento contínuo na produção local.

As principais economias vivem uma recessão enquanto as tensões comerciais entre as maiores potências do mundo podem estar se dirigindo para uma etapa diferente da crise econômica provocada pela pandemia da Covid-19. A queda dos preços das commodities, a desvalorização das moedas, o protecionismo norte-americano e a pressão dos preços não competitivos da China sobre a produção local contribuíram para aumentar a incerteza na região.

Durante 2019, as exportações chinesas de comércio indireto de aço para a América Latina cresceram 3,5%, atingindo US$ 49,154 bilhões. O volume de aço em produtos que entrou na região oriundo do gigante asiático aumentou 3% em comparação com o ano anterior, o que representa cerca de 7 Mt. Nesse contexto, e a fim de manter o nível de industrialização da siderurgia latino-americana, a Alacero recomenda que os governos locais tenham maior controle comercial das importações, com o objetivo de combater o comércio desleal. — Depois da pandemia, a tendência é que a demanda mundial favoreça os países que têm excesso de capacidade suficiente para retomar a produção de baixo custo. Portanto, recomendamos os investimentos contínuos em infraestrutura e consumo de produção local como ferramentas para uma maior representação do aço latino-americano no consumo regional — disse Francisco Leal, diretor-geral da Associação Latino-americana do Aço  (Alacero).

O Brasil e o México são os principais consumidores de aço indireto da China, com 57% do total importado em valores pela região. Em toneladas, a representatividade se aproxima dos 45%. O México, apesar da baixa importação de aço laminado da China, foi o principal mercado de comércio indireto, com US$ 17,157 bilhões, um aumento de 5,8% em comparação com 2018. Ao todo, o Brasil teve um crescimento de 4,5% nas despesas, atingindo os US$ 11,068 bilhões. As exportações chinesas para a América Latina de produtos abrangidos pelo comércio indireto de aço atingiram 7 Mt em 2019. Entre os produtos que chegaram à região, carros e veículos comerciais contribuíram com 1,22 Mt, alcançando a participação mais significativa em dólares (US$ 9,454 bilhões, ou seja, 19% do total). Enquanto isso, o intercâmbio de laminados e derivados entre a China e a América Latina caiu em 2019, mas em um cenário de perda regional de produção de valor agregado.

Os principais destinos do aço laminado e de produtos derivados da China para a América Latina foram o Chile, que recebeu 1,2 Mt (20% do total regional), o Peru (1,1 Mt, 17%), a América Central (1 Mt, 16%) e o Brasil 0,8 Mt, 13%). No geral, a região teve uma queda de 14% nas importações. No entanto, o aumento do comércio indireto de produtos chineses com alto conteúdo de aço para a América Latina não foi suficiente para aumentar o déficit comercial. Assim, o intercâmbio de laminados e derivados entre a China e a América Latina apresentou uma forte retração, apesar de as importações de aço totais para a China da América Latina, que incluem os produtos laminados (aços longos, planos e tubos sem costura) e os derivados (arame e tubos com costura), terem atingido 0,018 Mt, mais 56% do que em 2018 (0,012 Mt).

A balança comercial de produtos laminados latino-americanos, que em 2018 teve um déficit de US$ 5,493 bilhões, registrou um déficit de US$ 4,421 bilhões em 2019, 20% menos devido à queda das importações chinesas. Junto com a reindustrialização, o equilíbrio comercial pode ser atingido com o aumento do consumo local e a ampliação da capacidade instalada.

Trabalho conjunto dos países na defesa comercial — As importações representaram 35% do consumo da região em 2019 – 25% vieram da China. Trata-se de uma queda de 11% na representatividade das importações chinesas no consumo aparente de laminados latino-americanos. Apesar da redução dos preços de comércio, devido aos incentivos fiscais para a indústria, a China manteve uma maior flexibilidade nas negociações comerciais por preços injustos.

Em 2019 houve 74 casos de antidumping em aço vigentes na América Latina, uma alta de 14% em comparação com o relatório anterior (65), dos quais 50 foram contra a China (42 foram iniciados antes de 2018). Isso demostra o trabalho conjunto dos países da região em 2019 para definir a defesa comercial latino-americana dirigida ao aço. O México e o Brasil foram os países que mais acusaram a China em 2019: dos 50 casos vigentes, 18 surgiram no México e 18 no Brasil, representando, juntos, 72% do total de casos da China na América Latina. No entanto, vale a pena destacar os esforços da Colômbia para proteger as suas fronteiras comerciais, passando de três processos vigentes contra a China no final de 2018 para os 8 de 2019, o que significa um aumento de 167%.

Em um período de incerteza comercial no mundo todo, a Alacero recomenda valorizar o comércio entre países latino-americanos para minimizar os riscos. O melhor caminho é utilizar as matérias-primas para a produção de valor agregado dentro da indústria local, o que exige um aumento na capacidade produtiva regional. Estudos do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) indicam que fechar o gap de infraestrutura na região exigiria investimentos anuais de 2,5% do PIB latino-americano (US$ 150 bilhões) durante pelo menos uma década e meia, em setores vinculados à produção/distribuição de energia, transporte, telecomunicações e construção.

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