Da Toscana, Sangiovese vive no Brasil

Cristofoli Vinhos de Família, do interior de Bento Gonçalves, preserva variedade que veio da Itália com o patriarca, e da mesma uva faz um vinho tinto e um rosé.

De um único vinhedo, na Rota Cantinas Históricas, no interior de Bento Gonçalves, nascem dois vinhos: o Cristofoli Sangiovese e o Cristofoli Rosé de Sangiovese. A uva ícone da região da Toscana e uma das mais plantadas na Itália, acompanha a história da família no Brasil desde a vinda do imigrante Angelo Cristofoli, que cruzou o oceano há 130 anos. Hoje, os sócios e irmãos Loreno e Mário Cristofoli, se dedicam ao vinhedo, enquanto os filhos enólogos, Bruna (34), Lorenzo (25) e Letícia (23), a quarta geração, trabalham com afinco na preservação desta cultura.

No início, a família se dedicava apenas ao cultivo desta uva, que com o tempo originou um dos vinhos mais emblemáticos da marca. O primeiro a ser lançado foi o Cristofoli Sangiovese Tinto, da Safra de 2009. De lá para cá, o rótulo ganhou fãs, conquistando apreciadores que estão em busca de rótulos originais, com história e feitos com amor pela pequena família de vitivinicultores. A produção limitada é de 1.650 a 2 mil garrafas por vindima, que chegam ao mercado todos os anos. Bruna explica que a família decidiu retomar o cultivo da Sangiovese como forma de homenagear o legado de seus antepassados, que vieram da Itália desbravar estas terras desconhecidas. — Temos orgulho da nossa história, que escrevemos com vinho. Engarrafar esta trajetória é preservar nossa identidade cultural — destaca.

Dez anos mais tarde, entusiasmados com a aceitação do Sangiovese Tinto, os Cristofoli resolveram lançar o Rosé de Sangiovese 2019. Além de acompanhar as tendências de mercado para vinhos descontraídos, a novidade também veio resgatar um vinho que outrora era bebido em família, que sempre apreciou delicadeza, frescor e jovialidade, características presentes em vinhos elaborados a partir desta uva. São apenas 1.300 garrafas por ano.

A decisão de cultivar a Sangiovese para elaborar um vinho único veio com o amadurecimento da empresa, que buscou na sua essência variedades que estão entranhadas na história da família. As mudas foram plantadas em 2016. São 1.700 plantas, que produzem apenas três quilos cada. Com métodos de cultivo mais modernos, maior expertise em Viticultura e Enologia, a Cristofoli não replantou apenas a uva, mas o sonho renovado do bisavô Angelo. O desenvolvimento da viticultura na Serra Gaúcha passa também por esta casta. — Nosso desejo com estes vinhos é demonstrar nossa ligação afetiva com esta uva. Sem cortes, sem contato com carvalho, sem clarificação e com a mínima filtração possível, os dois vinhos traduzem o que a Mãe Natureza nos dá. Esperamos que apreciem —completa Bruna.

Os vinhos: Cristofoli Sangiovese Tinto — De coloração vermelho rubi com leve intensidade, este vinho apresenta aroma distinto e elegante, com perfeita expressão de frutas vermelhas como framboesa e cereja, além de notas de especiarias. Varietal 100% Sangiovese, é um vinho pleno de frescor e jovialidade, com elegantes taninos. O final de boca remete ao olfato, com presença de frutas vermelhas, destacando-se na elaboração de um vinho de leve estrutura. É um coringa em harmonização, perfeito com carnes vermelhas leves, pizzas, frios, massas leves no geral, mas especialmente preparadas com molho vermelho.

Cristofoli Rosé de Sangiovese — A delicadeza deste vinho aparece na coloração rosada de pouca intensidade. Seus aromas delicados de frutas vermelhas, em especial o morango e a cereja, refletem-se no paladar, apresentando um ótimo volume de boca, além de um frescor convidativo. O vinho traz a presença de frutas vermelhas provenientes da uva Sangiovese. Por sua delicadeza, é perfeito com peixes, sushi, frutos do mar e massas e pratos leves. Justamente por ser delicado, combina muito bem com pratos mais leves, sem comprometê-los ou ofuscá-los.