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01/12/2020 - 07:07

Boas realizações demandam estratégia e sentido


Em um mundo marcado por avanços tecnológicos da era digital, competição acirrada e ambiente de incertezas, organizações e profissionais das mais diversas áreas se defrontam, entre outros desafios, com o de organizar e dar sentido estratégico ao volume exponencial de dados gerados diariamente. Certamente os usos da Inteligência Artificial e do Big Data tem contribuído para dar alguma ordem ao caos, mas interpretar, conceber estratégias, fazer escolhas, continuam sendo ações que os homens fazem melhor. Ou deveriam fazer.

É nesse contexto que se torna oportuno recordar ensinamentos de pensadores como o general, estrategista e filósofo chinês Sun Tzu, que viveu no século V a.C. e escreveu o clássico “A arte da guerra” do qual podemos extrair alertas como “Tática sem estratégia é o ruído antes da derrota”.

A obra de Sun Tzu é referência frequente em análises e estudos das Relações Internacionais e, no contexto do pós-Segunda Guerra Mundial passou a ser também lida e citada por autores da área da Administração, embasando teorias sobre estratégias de negócios.

Mas quais fatores permitem estabelecer um paralelo entre o mundo dos negócios e o campo de batalha das guerras? Com a intensificação dos processos de internacionalização de empresas e mercados e o aumento da competição internacional, executivos das grandes empresas se viram diante da necessidade de analisar as forças e fraquezas de suas organizações e dos concorrentes, para então conceber estratégias visando a conquista de espaço mercadológico. Mas quem concebe as estratégias?

Em estruturas organizacionais verticais a concepção de estratégias é atribuição daqueles que ocupam os cargos de direção. Em seguida, são transmitidas as diretrizes para os níveis tático e operacional. Os profissionais do nível tático trabalham com o detalhamento dos planos de ações e estabelecimento de metas e, aos profissionais do nível operacional cabe a execução das metas.

Embora em estruturas verticais os colaboradores tenham alguma autonomia para tomada de decisões, a concepção estratégica continua sendo concentrada. Mas o que de mais grave pode ser observado em muitas empresas são os níveis tático e operacional caminhando sem uma concepção estratégica. Operando em ritmo frenético muitas organizações empregam todos os recursos técnicos e humanos no cumprimento de metas de curto prazo, que vão sendo atualizadas por novas metas, mas sem um planejamento estratégico.

Estratégias demandam planejamento, inteligência competitiva, simulação de cenários e equipes capacitadas para a transformação de dados e informações em conhecimento.

É preocupante constatar que, ao mesmo tempo em que as sociedades contemporâneas têm demandado novas soluções para velhos e novos problemas, tem-se registrado um desperdício do mais rico capital das sociedades humanas: a energia e capacidade criativa das novas gerações. Desempregados ou subempregados milhões de jovens pelo mundo veem frustradas suas melhores expectativas. Na Europa, onde são elevadas as taxas de formação acadêmica e qualificação da mãos-de-obra de jovens se registram também altas taxas de desemprego e emprego precário entre os jovens.

O sociólogo sul-coreano Byung-Chul Han, professor da Universidade de Berlim e autor de livros como A Sociedade do Cansaço, faz um alerta muito oportuno quando aponta que “Hoje o indivíduo se explora e acredita que isso é realização”. Ainda no tocante ao trabalho, nos últimos anos tem se falado muito da importância das soft skills, mas pouco tem sido criado de reais oportunidades para o melhor emprego dessas habilidades comportamentais.

A pandemia do coronavírus que completa um ano e já produziu tanto sofrimento e perdas também pôs em evidência um arsenal extraordinário de recursos tecnológicos cujas potencialidades ainda não foram plenamente aplicadas. Diante da mais séria emergência global de saúde a humanidade está perto de registrar um feito histórico de grande importância, o do desenvolvimento de uma (ou várias) vacina(s) em tempo recorde. E tem sido na área da saúde que muitas iniciativas têm revolucionado os meios de acesso e apropriação de conhecimentos valiosos – cita-se as várias aplicações da telemedicina – que podem ampliar e melhorar a capacidade das sociedades em educação, qualificação, prevenção e tratamento da saúde. Para as empresas, grandes ou pequenas, além da boa gestão de recursos tecnológicos e de habilidades e competências de indivíduos e equipes, o verdadeiro diferencial estará na capacidade de concepção e implementação de estratégias que engajem profissionais em função de um sentido que transcenda a mera conquista de mercado e de remunerações ao investimento e ao trabalho.

Aos jovens está colocada a missão de assumir responsabilidades na correção de rumos e agir para que recursos tão extraordinários como os que hoje estão disponíveis não sejam consumidos por projetos que amesquinham o presente e o futuro.

. Por: Arnaldo Francisco Cardoso, professor e pesquisador da Universidade Presbiteriana Mackenzie

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