Para abrafarma, rastreabilidade de medicamentos precisa avançar

Entidade vê proposta da Anvisa como muita tímida para o setor.

Uma evolução muito discreta para o setor farmacêutico. Esta é a opinião da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma) para o novo sistema de rastreabilidade de medicamentos que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) pretende adotar a partir de 2009. Para a entidade, a iniciativa - que visa a evitar a sonegação, roubo de cargas, contrabando e falsificações, monitorando os produtos desde o fabricante até o ponto de venda -, esbarra na dificuldade de automatizar todo o processo.

"Temos no Brasil um erro estrutural que impede o avanço ao rastreamento efetivo. O código de barras adotado pelo governo federal não permite a captura eletrônica de lotes e outras informações importantes. E o método utilizado nas embalagens exige a leitura por olho humano, passível de erros de digitação - ainda mais se levarmos em conta as 1,6 bilhão de unidades de medicamentos comercializadas anualmente no Brasil", adverte o presidente executivo da Abrafarma, Sérgio Mena Barreto.

Barreto reitera o apoio ao sistema. Mas acredita que, sem a identificação eletrônica, não será possível coibir por completo fraudes ou desvios de conduta. "Com um modelo 100% rastreável, todo e qualquer criminoso envolvido com falsificação ou roubo poderá ser punido. E o próprio cidadão terá condições de verificar a autenticidade do produto que adquiriu", analisa.

Porém, há uma luz no fim do túnel. A Anvisa conduz, neste momento, uma Consulta Pública que, se aprovada, pode se tornar uma Resolução e implantar um mecanismo de captura eletrônica. "Caso contrário, continuaremos apontados pela comunidade internacional como campeões em roubo de medicamentos e no uso indevido de anorexígenos e outros produtos de graves efeitos sobre a população", alerta.

Perfil da Abrafarma - Fundada em 1991, a Abrafarma reúne as 23 maiores redes de farmácias do País, presentes em 237 cidades de 19 Estados brasileiros. As redes associadas representam 21,3% das unidades vendidas no País. A associação tem como objetivo o aprimoramento das empresas filiadas, a preservação da imagem institucional, o relacionamento com entidades públicas, governo e fornecedores, além de apoio jurídico e pesquisa de mercado para o aperfeiçoamento das atividades.