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06/01/2021 - 09:12

Produção de rãs: uma ótima aposta com bons rendimentos


O quilo de rã pode ser comercializado a R$ 45,00 a peça inteira, a R$ 75,00 a parte mais carnuda (coxas) e R$ 22,00 o dorso.

A família Kleinubing, de Chapecó, oeste de Santa Catarina, possui dois açudes e um ranário para produção de seis mil rãs em uma área de 3,7 hectares. A ranicultura é a principal fonte de renda da família há 12 anos e está em processo de certificação de inspeção municipal para implantar um entreposto de pescado para produção e processamento da carne e, consequentemente, ampliar mercado.

O empreendimento familiar é um dos 15 atendidos pela nova cadeia do programa de Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) na agroindústria artesanal do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR/SC), órgão vinculado à Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (FAESC).

Carlos Eduardo Kleinubing, engenheiro agrônomo, conta que a ranicultura é a grande paixão do pai Darci, quem iniciou a produção na família. Hoje, Carlos e a esposa Priscila comandam a atividade que, por enquanto, comercializa diretamente aos consumidores e amantes da carne considerada nobre dentro e fora do País.

A família vende 200 kg de rãs por mês, além de 400 kg de filé de tilápia e 100 kg de outros peixes como lambaris e cascudos (ambos adquiridos de pescadores locais e processados na propriedade) e até a exótica carne de jacaré (trazida pronta de agroindústrias de São Paulo e do Pantanal).

— Há 17 anos vendemos tilápias e há 12 investimos na ranicultura. Em Chapecó, somos apenas três produtores de rãs. No Estado, também são poucos, assim como as informações técnicas sobre a atividade são escassas. A gente foi estudando e experimentando aos poucos até consolidar a produção. Entramos com o processo de legalização ainda em 2017 e desde então aguardamos certificação para podermos ampliarmos a estrutura e regularizarmos a comercialização. Certamente a assistência técnica e gerencial do SENAR contribuirá para essas melhorias — enfatiza Carlos.

A produção de rãs da família Kleinubing é em ambiente natural e totalmente artesanal. Nos dois açudes, acontece o acasalamento e a reprodução que geram os girinos, responsáveis pela primeira etapa de criação que leva de quatro a cinco meses para transformação.

O processo exige cuidados com vegetação ao redor dos açudes, que não podem receber agrotóxicos para não contaminar a água. Além disso, a água também deve assegurar alimentação natural para as rãs.

— Criar os girinos é fundamental para o negócio, porque os custos aumentariam muito se precisássemos comprá-los e transportá-los até a propriedade. Cada milheiro custa em torno de R$ 1.000,00. Esse processo de reprodução em ambiente natural também é importante para a melhor adaptação das rãs. A gente sempre afirma que não são elas que precisam se adaptar ao nosso modo de vida, mas nós que precisamos nos adaptar ao convívio delas — ressalta Carlos.

Com poucos dias de vida, os girinos são levados até o ranário, espaço de alvenaria que possui 20 baias (tanques com água) para a etapa de transformação. Ali, eles são alimentados com ração especial duas vezes ao dia para crescerem e se transformarem em imagos (pequenas rãs).

Fase de engorda — Nesta etapa, os imagos passam para a fase de engorda até a rã ficar pronta para o abate, quando atinge entre 400 e 600 gramas suja, com rendimento final de 50%. Todo o processo leva entre oito e nove meses e acontece no período de verão, quando a temperatura da água é melhor para a criação.

— A temperatura da água é um ponto crucial. Ela deve estar em 25º no processo de transformação e em 26º para melhor conforto da rã. Se for abaixo de 22º retarda o desenvolvimento das rãs e acima dos 30º causa a morte dos animais. Para alcançar esta temperatura, é preciso que o ambiente natural fora da água esteja em 35º. Por isso o processo é feito no verão, quando criamos o máximo de estoque possível para assegurarmos produtos durante todo o ano — detalha Carlos ao destacar que a propriedade tem poço artesiano e sistema de aquecimento da água para viabilizar a transformação.

No ranário, a água das baias deve ser trocada duas vezes por dia, o que gera consumo diário de 13 mil litros na propriedade. Carlos conta que é normal haver perdas de até 50% durante a fase de criação de girinos e de 3% a 5% nas demais etapas de transformação.

— As rãs comem tudo o que for menor que elas por considerarem presas e têm medo de tudo o que for maior, por entenderem como predadores. Por isso, os próprios girinos se tornam alimentos, o que gera perdas no processo. Outros fatores também são estresse, temperatura da água, fungos e bactérias — explica o ranicultor.

Para entrar no ranário sem assustar as rãs e causar estresse que pode impedi-las de se alimentar, Carlos deixa o rádio ligado com música ambiente. O barulho rouba a atenção e distrai os animais.

Tanto a alimentação quanto o controle de fungos e bactérias são desafios da ranicultura. Não existem medicamentos e rações específicas para rãs e, por isso, elas são tratadas e alimentadas com insumos adaptados da piscicultura.

— A ração usada é para peixe carnívoro, com proteína alta. Também usamos remédios recomendados para tratar doenças causadas em peixes e vamos experimentando os que mais dão resultado. Isso é um desafio, porque exige muito estudo, testes e cuidados—.

Após atingir o peso ideal, as rãs seguem para abate artesanal, hoje feito na propriedade por Carlos e a esposa Priscila. As rãs são colocadas em bacias com gelo – para provocar um forte choque térmico — e seguem para processamento (retirada da pele e cortes), embalagem a vácuo e congelamento.

Para cada baia são necessários dois dias no mês para abate. O objetivo, a partir da certificação sanitária, é construir o entreposto de pescado para produção e processamento da carne e terceirizar o abate para que ela volte fresca (in natura) para manuseio.

— O nosso diferencial é que a carne embalada não tem água, é 100% produto. Queremos manter essa qualidade a partir da formalização — projeta Carlos.

Preços de mercado — O quilo de rã é comercializado a R$ 45,00 inteira, a R$ 75,00 a parte mais carnuda (coxas) e R$ 22,00 o dorso. O filé de tilápia custa R$ 36,00 ao kg, o lambari R$ 22,00 e o cascudo entre R$ 28,00 e R$ 30,00. Já a carne nobre de jacaré é vendida a R$ 120,00 ao kg. | FAESC/SENAR/SC

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