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04/02/2021 - 08:34

A dupla que faz o vinho nascer


Com eles a Miolo dá vida à vinha e ao vinho em quatro terroirs brasileiros.

Sim, o enólogo é o grande artista do vinho, mas existe um outro profissional que tem um papel insubstituível neste longo ciclo que começa no plantio e vai até a colheita da uva. Ao invés de taças, suas mãos sentem a terra, as folhas da videira, as bagas da uva, atuando em campo durante todo o ano. Enquanto isso, o enólogo, dono de fórmulas, rituais e termos específicos, se concentra na cantina. A verdade é que para se fazer um bom vinho é necessário uva sã e de qualidade, e para isso, o enólogo precisa do engenheiro agrônomo. No fim, eles formam a dupla perfeita e inseparável nesta jornada de transformar a uva em vinho e é na safra que seus ofícios que completam.

Na Miolo Wine Group, esta missão cabe a cerca de 20 profissionais, que driblam o tempo para dar conta de cuidar de mil hectares de vinhedos nas quatro vinícolas: Miolo/Vale dos Vinhedos – Bento Gonçalves, Seival/Campanha Meridional – Candiota, Almadén/Campanha Central – Santana do Livramento e Terranova/Vale do São Francisco – Casa Nova, na Bahia. Independente do terroir, há sempre um agrônomo de olho em cada planta, acompanhando dia a dia sua evolução. Mas na Miolo, este processo tem ainda a participação ativa dos enólogos. — O vinhedo está na origem de nossa família. São quase 100 anos na viticultura antes de elaborarmos nosso primeiro vinho. Todo este cuidado com a terra e o cultivo está nas nossas raízes, na nossa história. E esta vocação, aliada a novas tecnologias, nos trouxe a convicção de que a qualidade da matéria prima é essencial para se ter um vinho de qualidade. Foi isso que nos levou a investir em vinhedos próprios, nosso grande diferencial competitivo. Cuidamos de cada detalhe, do solo, da vinha, do sistema de condução. Temos um check list que é seguido à risca e nos permite tomar decisões mais assertivas. O restante é com o clima — destaca o diretor Superintendente da empresa, enólogo Adriano Miolo. Assim, com a evolução da vitivinicultura brasileira, o protagonismo de agrônomos e enólogos se tornou ainda mais importante.

O nascimento da atual vinícola — Antes mesmo da criação da Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos (Aprovale), em 1995, a vinícola já compreendia que era necessário apostar num projeto de qualidade e que isso significava intervir no solo, nas mudas e no sistema de condução. Foi aí que o enólogo Adriano Miolo, procurou o engenheiro agrônomo Ciro Pavan, que continua prestando consultoria para a empresa até hoje, mas que ao longo desses anos ajudou a formar muitos outros técnicos para dar conta de zelar deste patrimônio vivo. — Todo este trabalho, estartado em 1998 com a Miolo, fez nascer o conceito de vinícola que temos hoje no Brasil. Trabalhamos muito forte. A Miolo tinha pressa e ao mesmo tempo uma exigência sem limite — lembra Pavan. Depois de um profundo trabalho no solo, as mudas importadas certificadas da França, África do Sul, Itália e Espanha, desenvolvem-se nas propriedades da Miolo. O que era latada virou espaldeira, numa grande operação de reconversão dos vinhedos. E o mais transformador de tudo: reduzir a carga das plantas, o que na época, para muitos, chegava a ser uma afronta. Tudo isso porque a Miolo, após muitos estudos e consultorias, descobriu que a grande produtividade havia esgotado tanto a vinha quanto o solo já empobrecido. Chegava-se a colher 30 quilos por planta. — As críticas vinham de todos os lados, mas a Miolo seguiu firme. E esta foi a semente definitiva para a grande mudança e colheita que estava por vir — garante Pavan.

Superado o primeiro e grande desafio, veio o segundo, ainda mais intenso e responsável por ditar uma rotina, no vinhedo e na cantina, que a Miolo segue até os dias atuais. Foi quando, em 2003, a empresa firmou parceria com o enólogo francês Michel Rolland e, com ele, a vinícola se firmou, definitivamente, no mercado mundial de vinhos finos. Entre tantos procedimentos, um deles foi estabelecer quatro ações de campo com a equipe técnica, que em determinados meses do ano trocava as salas pelos vinhedos, para a prévia tomada de decisões. A primeira antes da poda de inverno, a segunda às vésperas da poda verde, a terceira já quando a baga está formada e a última no início da maturação. Este ritual nos vinhedos da Miolo se repete todos os anos, unindo agrônomos e enólogos, sempre com o acompanhamento de Adriano. A valorização da equipe técnico é levada muito a sério. Tanto que a gerência operacional das vinícolas Seival, Almadén e Terranova é ocupada por engenheiros agrônomos e a da Miolo por um enólogo, para conduzir as rígidas normas de vinificação diante da Denominação de Origem Vale dos Vinhedos (DOVV).

As regiões gaúchas — No Vale dos Vinhedos, a supervisão da viticultura cabe ao Técnico Agrícola, Jonatas Pedrotti, prestes a se formar Agrônomo, sempre acompanhado de perto pelo sócio fundador, Paulo Miolo. Há 3 anos na vinícola, Pedrotti comemora o início da Safra 2021, confirmando uma qualidade que supera a do ano passado em relação as uvas precoces utilizadas na elaboração do vinho base para espumante. Mesmo assim, o clima continua sendo o grande desafio da vitivinicultura na região. — Superamos os limites tecnológicos, mas com o clima ainda somos reféns. Também precisamos trabalhar na qualificação da mão-de-obra, um trabalho minucioso e que requer dedicação a cada safra — ressalta. Pedrotti conta, integralmente, com a experiência do enólogo Gilberto Simonaggio.

Já o engenheiro agrônomo, Fabrício Domingues, que tem a missão de cuidar do maior e mais antigo vinhedo de vitis vinífera do Brasil, na Vinícola Almadén, com 450 hectares, em Santana do Livramento, destaca que as previsões para este ano são muito boas. — Temos uma grande experiência neste vinhedo, adquirida ao longo do tempo, mas posso dizer que nos últimos quatro anos atingimos a qualidade e produtividade desejada. Tudo indica que teremos mais uma safra capaz de originar grandes vinhos”. Ele começou a trabalhar na Miolo como estagiário e hoje é o gerente da unidade, estando em sua 22ª safra na empresa. Comungando da mesma avaliação de Pedrotti, ele acredita que o grande desafio continua sendo as condições climáticas. — O clima é quem manda. Hoje, conseguimos driblar muitos contratempos, garantindo safras de qualidade, munidos do que há de melhor em tecnologia no campo e na vinícola — salienta. Uma particularidade desta região, comparada a um sítio arqueológico da vinha, é que diante do seu tamanho físico e histórico, é possível testar e fazer e descobrir diversas variedades. Estas experiências, Domingues compartilha com o enólogo Daniel Alonso.

Vivendo sua sétima safra na Miolo, o engenheiro agrônomo Alécio Demori, fala com orgulho e da responsabilidade que é estar atuando na unidade do Seival, propriedade de onde saem alguns dos grandes vinhos tintos da marca da Miolo, como é o caso do Sesmarias e do Quinta do Seival, assim como o Miolo Wild Gamay, por exemplo. — O nível de exigência é altíssimo. As uvas aqui cultivadas originam, inclusive, os vinhos Reserva. Na Miolo se prima por processos naturais e, sendo assim, as uvas precisam atingir a maturação ideal e a área é muito grande. O trabalho é imenso e também exige gestão de pessoas, um grande desafio — revela. Apesar do ritmo desenfreado, comum de toda safra, Demori confessa que nesta época divide a carga com o enólogo Miguel Almeida, podendo se dedicar exclusivamente ao vinhedo.

Onde o homem é o senhor do tempo — Diferente do Rio Grande do Sul, o Vale do São Francisco é a única região do mundo onde são realizadas duas safras de uva por ano. Lá, onde o clima é semi-árido, as condições são totalmente diferentes e os desafios muito maiores. Isso porque é preciso irrigar, adubar e nutrir, tudo ao mesmo tempo. Por isso, as pessoas que trabalham no campo no Vale do São Francisco, tornam-se especialistas em alguma função, ao contrário daqui, onde a tarefa obedece a estação do ano e, consequentemente, o ciclo da videira. Ou seja, na Bahia, quem trabalha na poda, faz isso o ano inteiro. Segundo o gerente da Vinícola Terranova, unidade da Miolo Wine Group em Casa Nova (BA), engenheiro agrônomo Adauto Quirino Júnior, no Nordeste quem determina quando deve acontecer a colheita da uva é o homem. — Aqui colhemos em 10 dos 12 meses do ano, assim como podamos, irrigamos e adubamos. Isso porque controlamos com tecnologia de irrigação quando a videira deve brotar. Num mesmo dia, temos diferentes estágios. Podemos estar fazendo a colheita num vinhedo, enquanto em outro estamos podando, por exemplo — explica.

Adauto conta, ainda, que a Safra 2020 só vai terminar em abril, o que eles chamam de segundo ciclo. A colheita de 2021 vai começar em maio. — Apenas temos uma brecha em fevereiro e outra em julho — ressalta. Com mais da metade da colheita mecanizada, a Vinícola Terranova ainda gera de 110 a 130 empregos durante todo o ano, pois lá não existe a sazonalidade do Sul. Destes, cerca de 80 atuam na roça. São 200 hectares de vinhedos próprios.

Enfim, a Safra 2021 está aí e Pedrotti, Domingues, Demori e Quirino estão em sintonia com seus vinhedos para entregar aos enólogos Simonaggio, Alonso, Almeida e Teixeira as melhores uvas que puderem. Mas esta é outra história que contaremos depois.

As duplas da Miolo: Engenheiro Agrônomo e Enólogo | Direção – enólogo Adriano Miolo | Vale dos Vinhedos (Bento Gonçalves/RS) – Jonatas Pedrotti e Gilberto Simonaggio | Almadén (Santana do Livramento/RS) – Fabrício Domingues e Daniel Alonso | Seival (Candiota/RS) – Alécio Demori e Miguel Ângelo Vicente Almeida| Terranova (Casa Nova/BA) - Adauto Quirino Júnior e Eloíza Teixeira.

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