Crescimento da miopia em crianças na pandemia

O uso prolongado da tecnologia vem ocasionando o crescimento da miopia em crianças. Se antes já era uma constatação nos consultórios pelo mau uso de celulares, com a pandemia houve um agravamento deste quadro com a diminuição dos momentos de convívio social nas aulas presenciais que serviam como “ descanso “ das telas dos computadores e telefones móveis. Hoje, com o isolamento social, os pais precisam ficar ainda mais atentos ao controle do tempo dessa exposição. A exposição prolongada às telas azuis e o uso excessivo da visão de perto, aumentaram a probabilidade de surgimento de miopia verdadeira em crianças menores, com olhos ainda em formação e da miopia falsa em adultos jovens e idosos, por uso excessivo da musculatura ocular na visão de perto. Além dessa miopia, pôde-se observar sintomas de olho seco, pelo costume de piscar menos e fotofobia devido à exposição à luz azul.

Em 2019, o primeiro relatório mundial sobre visão publicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) chamou atenção para um dado preocupante.

Mais de um bilhão de pessoas em todo o mundo estão vivendo com deficiência visual por não receberem os cuidados dos quais necessitam para condições como miopia, hipermetropia, glaucoma e catarata. Em 2020, com a pandemia, mais dois estudos apontam para o crescimento da miopia. Um deles, publicado em julho de 2020 na Revista Americana de Oftalmologia, foi conduzido por cientistas das universidades de Singapura e de Heidelberg, na Alemanha. O outro, publicado na Revista da Associação Médica dos Estados Unidos, é das universidades de Emory e Michigan, nos EUA, em parceria com cientistas da Universidade Médica de Tianjin, na China.

Se antes da pandemia, já era responsabilidade dos pais impor certos limites nesse uso de celulares, agora com isolamento social e com as aulas digitais tal necessidade aumenta, para evitar o desenvolvimento de alterações visuais exclusivamente atribuídas a esse uso excessivo. É recomendada alternância desse uso de visão de perto, com períodos de descanso sem atividades com uso de tecnologia, de pelo menos 45 minutos a cada hora de celular ou computador, principalmente nos menores de 10 anos.

Além disso, os cuidados com a visão devem ser tomados desde cedo. É muito importante que a primeira consulta ao oftalmologista seja por volta dos 3 anos, mesmo que a criança não esteja alfabetizada ou os responsáveis não percebam nada de estranho. Assim, o médico pode descartar várias patologias, como alergias, glaucoma precoce, catarata congênita, estrabismo, e, se houver algum problema, começar o tratamento, sem maiores prejuízos à saúde ocular. Vale lembrar também da importância do “teste do olhinho” feito já na maternidade, e que é de extrema importância.

. Por: Dr. Anderson Salgueiro, oftalmologista da Clinica Neurovida

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