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03/03/2021 - 08:00

Endometriose e infertilidade: é preciso entender essa relação


Especialista em reprodução assistida, diretora clínica da Life Search.

Março é mês de conscientização mundial da endometriose, doença que afeta cerca de 200 milhões de pessoas, segundo as organizações mundiais de endometriose. No Brasil, uma em cada 10 brasileiras tem endometriose, segundo o Ministério da Saúde. Trata-se de uma doença enigmática e com vários mecanismos que a relacionam com a infertilidade.

Caracterizada pela presença do endométrio (tecido que reveste a cavidade uterina) fora do útero, a endometriose é mais comum na faixa etária dos 20 aos 30 anos. Esse é justamente o período em que as mulheres se encontram em idade fértil, sendo que muitas desejam engravidar. Cerca de 50% das pacientes com endometriose podem vir a apresentar dificuldade para engravidar e essa é uma das principais preocupações delas.

Existem alguns fatores que podem estar relacionados à dificuldade de engravidar. A Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) aponta alguns deles, como: distorção na anatomia da pelve, aderências, cicatrizes nas trompas, inflamações nas estruturas pélvicas e alteração na qualidade dos óvulos. Mas é importante entender que ela se manifesta de formas diferentes em cada mulher, e as situações que levam à infertilidade serão diferentes também.

A boa notícia é que, mesmo com a dificuldade, é possível engravidar e a medicina oferece uma série de alternativas que são avaliadas caso a caso.

Os sintomas da endometriose variam para cada paciente. E a intensidade deles não tem relação com a gravidade da doença, nem com a probabilidade de engravidar. Podemos ter pessoas sem sintoma aparente e danos severos na pelve, ou sintomas bem presentes e poucas alterações no órgão. Algumas mulheres podem sentir cólica forte e prolongada, dores durante ato sexual e na hora de evacuar, ou mesmo sintoma nenhum.

A ultrassonografia e a ressonância magnética sugerem fortemente a presença da endometriose. Dependendo da gravidade do caso, é necessária a laparoscopia, que além de confirmar a doença, pode tratar algumas lesões. A conduta, nesses casos, será sempre individualizada, principalmente em relação aos tratamentos, que podem ser cirúrgicos ou medicamentosos.

Entre os medicamentosos, o mais utilizado é o uso da pílula anticoncepcional, principalmente de forma contínua. As injeções de hormônio também podem ser utilizadas. Anti-inflamatórios e analgésicos podem ser administrados, porém, eles apenas aliviam os sintomas, e não tratam a doença em si.

Já o tratamento cirúrgico irá depender, principalmente, da forma de apresentação da doença e dos sintomas da paciente. Todos eles precisam levar em consideração o desejo ou não da paciente em ser mãe. Em alguns casos, será necessário o auxílio das técnicas de Reprodução Assistida, que também vão seguir conduta individualizada. A presença da gravidez geralmente controla a endometriose, mas é importante manter o acompanhamento médico.

Portanto, não existe diagnóstico único e nem sempre será um fator impeditivo para gravidez. O conhecimento e a conscientização sobre a doença, antes de tudo, ajudam a enfrentá-la com leveza.

. Por: Cláudia Navarro, especialista em reprodução assistida, diretora clínica da Life Search e membro das Sociedades Americana de Medicina Reprodutiva - ASRM e Europeia de Reprodução Humana e Embriologia – ESHRE. Graduada em Medicina pela UFMG em 1988, titulou-se mestre e doutora em medicina (obstetrícia e ginecologia) pela mesma instituição federal e hoje é membro do Corpo Clínico do Laboratório de Reprodução Humana do Hospital das Clínicas, vinculado à mesma instituição.

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