Dólar oscila após o Fed recuar contra especulações de aumento de taxa

Tóquio — O dólar americano ficou na defensiva na quinta-feira, depois que o Federal Reserve sinalizou que não tinha pressa em aumentar as taxas de juros durante todo o ano de 2023, mesmo com uma recuperação em forma de V na maior economia do mundo.

Os investidores abandonaram o dólar e correram para moedas mais sensíveis ao risco, já que o presidente do Fed, Jerome Powell, fiel às suas credenciais dovish, abafou as especulações de que uma perspectiva econômica mais forte poderia impulsionar o banco central a reverter seu estímulo.

— Afinal, era o Jay de sempre — disse Bart Wakabayashi, gerente da filial de Tóquio do State Street Bank.

— Os mercados têm pensado que o Fed aumentará as taxas talvez no próximo ano e mais algumas vezes em 2023 ... Haverá dúvidas sobre se o Fed pode controlar a inflação—.

O índice do dólar caiu 0,5% para seus níveis mais baixos em duas semanas e ficou em 91,400.

O banco central dos EUA agora vê a economia crescendo 6,5% este ano, o que seria o maior salto anual do produto interno bruto desde 1984 e um aumento colossal de 2,3 pontos percentuais em relação à projeção de apenas três meses atrás.

A inflação agora deve ultrapassar a meta do Fed de 2% para 2,4% este ano, embora os funcionários do Fed pensem que ela voltará para cerca de 2% nos anos seguintes, permitindo-lhes manter as taxas de juros nos níveis baixos atuais.

Os chamados “pontos gráficos” do Fed colocam a projeção mediana das taxas de juros dos formuladores de políticas em zero por cento em 2023, embora sete dos 18 funcionários esperem agora taxas mais altas em 2023, em comparação com cinco em dezembro.

O dólar caiu para 108,87 ienes, abaixo do pico de nove meses de segunda-feira, de 109,365, enquanto o euro subiu para US $ 1,1980, chegando perto da alta da semana passada de US $ 1,1990.

O rendimento dos títulos do Tesouro dos EUA de 10 anos girou violentamente antes de se estabelecer em torno de 1,648% por enquanto, tendo atingido uma alta de 13 meses pouco antes do anúncio do Fed.

Os comerciantes, no entanto, veem potencial para uma maior volatilidade do mercado.

— Embora nossa visão permaneça de que os movimentos nos rendimentos ao longo da última parte de fevereiro e em março foram semelhantes a uma 'crise de raiva', há potencial para maior volatilidade do mercado, talvez em torno de 'ataques de raiva de dados' nos próximos meses —escreveu Gurpreet Gill, macro estrategista da Goldman Sachs Asset Management em Londres.

A libra esterlina foi negociada a $ 1,3970, tendo ganho cerca de 0,5% durante a noite.

O Banco da Inglaterra deve manter sua taxa de referência do banco em uma baixa histórica de 0,1% e seu programa de compra de títulos inalterado em 895 bilhões de libras no final do dia.

— Semelhante ao que vimos do Fed, o Banco da Inglaterra vai falar sobre suas perspectivas da economia em relação a onde estivemos, mas ao mesmo tempo enfatizar que ainda estamos muito longe de uma recuperação total — disse Rodrigo Catril, estrategista sênior de câmbio do National Australia Bank em Sydney.

— Esperamos que o BoE avise suavemente contra a mudança no preço de mercado de um corte nas taxas para cerca de 50 pontos-base de aumentos nos próximos três anos—.

O dólar australiano subiu para uma alta de duas semanas de $ 0,78105, enquanto seu homólogo da Nova Zelândia perdeu momentum brevemente, depois que o país registrou uma contração surpreendente no PIB nos três meses finais do ano passado.

O dólar kiwi foi negociado pela última vez a $ 0,7247.

Em outros lugares, o banco central brasileiro entregou seu primeiro aumento nas taxas de juros em quase seis anos, com um aumento maior do que o esperado de 75 pontos-base, para 2,75%, e sinalizou um movimento semelhante em maio para combater a inflação.

Não houve reação na manhã asiática, já que o real brasileiro dificilmente é negociado no exterior, com poucas cotações disponíveis, disseram os comerciantes.

O Bitcoin se manteve firme em $ 58.490, após se recuperar da baixa de uma semana de $ 53.221. | Reuters.