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15/04/2021 - 08:05

Nordeste x Sul: as diferenças entre os vinhos tropicais do Vale do São Francisco


Vinhedo da Boscato Vinhos Finos, vinícola que faz parte da IP Altos Montes da Serra Gaúcha

E os vinhos dos Altos Montes da Serra Gaúcha. Brasil entrará para a história mundial do vinho com o reconhecimento da primeira IP de vinhos tropicais do planeta.

O Brasil está prestes a entrar para a história mundial do vinho, com o reconhecimento da primeira Indicação de Procedência de vinhos tropicais do planeta. A aprovação do título, pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial, deve ser destinada ao Vale do Rio São Francisco, região produtora de vinhos desde a década 50. A futura IP localiza-se no eixo Petrolina-Juazeiro, entre a Bahia e Pernambuco.

Mas você sabe o que são vinhos tropicais? Quais são suas características? E qual a diferença entre os vinhos tropicais e os vinhos produzidos na Serra Gaúcha? Para esclarecer essas dúvidas, Roberta Boscato, engenheira agrônoma e sommelier da Boscato Vinhos Finos, vinícola que faz parte da IP Altos Montes da Serra Gaúcha, apresenta as características da IP Altos Montes da Serra Gaúcha e da futura IP Vale do São Francisco, produtora de vinhos tropicais.

Indicação de Procedência de vinhos tropicais, Vale do Rio São Francisco

Características dos vinhos: IP Vale do São Francisco — Vinhos Tropicais — O alto índice de insolação do Vale São Francisco produz uvas com elevado nível de açúcar, resultando em vinhos bastante frutados.

IP Altos Montes — Vinhos da Serra Gaúcha — As características próprias do terroir entregam vinhos tipicidade, coloração rica e bouquet intenso.

Características do terroir: IP Vale do São Francisco — Vinhos Tropicais — O clima é seco e quente. É comum nas regiões semiáridas a irregularidade das chuvas, aliada à ocorrência de temperaturas elevadas, ocasionando grandes taxas de deficiência hídrica. O solo arenoso, apresenta grandes depósitos de sedimentos rochosos. A água para irrigação é proveniente do rio São Francisco.

IP Altos Montes – Vinhos da Serra Gaúcha — O microclima do Vale do Rio das Antas – Serra Gaúcha, apresenta estações bem definias: invernos rigorosos e verões quentes. O terroir também é composto por solos rochosos de origem basáltica, ricos em micronutrientes naturais. As chuvas são regulares e sua maior ocorrência ocorre no inverno. Sendo necessária a irrigação em algumas da IP, que sofrem com a estiagem no verão.

Funcionamento das safras IP: Vale do São Francisco –— Vinhos tropicais — Por não existir estação fria, cada planta gera de duas a duas e meia safras por ano, em ciclos de 120 a 190 dias. Essa vantagem produtiva fez com que a região fosse reconhecida pela produção de uva em qualquer época do ano, regulada principalmente pela prática da irrigação e da programação e manejo das podas.

IP Altos Montes — Vinhos gaúchos — Temos uma produção de uva por ano, apenas no verão, como na maioria das regiões vitivinícolas mundiais. A produção de uvas é limitada, pois os vinhedos são cultivados em espaldeira. Existe um limite de produtividade e padrões de maturação das uvas para aumentar a qualidade dos produtos, conforme determina a IP.

Variedades das uvas: IP Vale do São Francisco — Vinhos tropicais — A “Syrah” é a principal cultivada para a elaboração de vinhos finos no Submédio do Vale do São Francisco, sendo responsável por 65% da produção. Mas também são cultivadas variedades vitis viníferas como Tempranillo, Cabernet Sauvignon, Touriga Nacional, Alicante Bouschet, Petit Verdot, Grenache, Sauvignon Blanc, Chenin Blanc, Moscato Canelli, Verdejo e Viognier.

IP Altos Montes — Vinhos gaúchos — Já nos Altos Montes, as variedades de vitis viníferas utilizadas são Cabernet Franc, Merlot, Ancellotta, Cabernet Sauvignon, Pinot Noir, Refosco, Marselan, Tannat, Riesling Itálico, Chardonnay, Sauvignon Blanc, Gewurztraminer, Trebbiano, Moscatos e Malvasias.

— São dois terroirs de regiões, em espaços muito distantes, continentais eu diria. Com clima, solos, topografia e relevo, completamente distintos. Tem história, origem, e um modo de produzir a uva e o vinho diferente e típico de cada local— explica Roberta.

Além das características geográficas, a cultura também é um ponto relevante de ser considerado, aponta ela: —São culturas coletivas, a do imigrante italiano, e a do nordestino, completamente distintas. Essas culturas têm interações no ambiente físico e biológico, com práticas vitivinícolas aplicadas, que conferem características distintivas aos produtos originários de cada região. No Semiárido a paisagem do Vale do Rio São Francisco é permeada pela Caatinga. Nos Altos Montes a paisagem é do Alto do Vale do Rio das Antas, Serra Gaúcha—.

— Na minha opinião, não tem como comparar e sim conhecer, porque são vinhos de regiões completamente distintas. Cada garrafa de vinho IP Altos Montes e IP Vale do São Francisco deve ser degustada com discernimento — finaliza a sommelier.

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