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21/04/2021 - 08:54

Pandemia em 2020 faz o faturamento das Operadoras de Turismo ficar 67% menor, diz Braztoa


Roberto Haro Nedelciu, presidente da Braztoa

As viagens domésticas refletem a adaptação do setor e evidenciam o caminho da recuperação.

No ano em que comemora sua décima edição, o Anuário Braztoa 2021 divide o protagonismo de superações, conquistas e crescimento de uma década com números que refletem o impacto da pandemia da Covid-19 no setor de Turismo. O estudo realizado pela Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa), cujas associadas representam estimados 90% das viagens de lazer comercializadas pela cadeia produtiva do Brasil, mostra, em números, o contexto econômico nacional e internacional do segmento de viagens de lazer e do comportamento do turista.

Segundo dados da Organização Mundial do Turismo, 2019 fechou com 1,5 bilhão de viagens internacionais, o terceiro maior exportador global. As chegadas internacionais em 2020, que estavam previstas para 1,5 bilhão seguindo as tendências de 2019, não ultrapassaram os 350 mil. Assim, o ano de 2020 regrediu a atividade turística aos patamares de 30 anos atrás.

É diante deste contexto que se faz o lançamento do Anuário Braztoa 2021, que não se limita a 2020. Todo o conteúdo é apresentado traçando paralelos e análises que contextualizam as mudanças da última década e os entraves que fizeram cair os números e linhas dos gráficos dessa atividade, que empregou, 330 milhões de pessoas no mundo todo em 2019, sendo que só no Brasil esse número foi de sete milhões de pessoas. (WTTC).

Olhar para os números dos últimos dez anos de faturamento dos associados BraztoA mostram que o caminho previsto no começo do ano passado era positivo. No período, houve um crescimento de 143%, saindo de R$ 6,2 bilhões e alcançando a marca de R$ 15,1 bilhões em 2019. Entretanto, como já era previsto, o atípico ano de 2020 apresentou uma redução de 66,8% em relação ao ano anterior, alcançando R$ 4 Bilhões em faturamento.

O volume de passageiros transportados na última década foi mais regular, saindo de 4,8 milhões em 2010 para 6,52 milhões em 2019. Ao observar o embarque de passageiros durante 2020, a redução foi 49,9% em comparação a 2019, embarcando 3,3 milhões de passageiros.

Do total de turistas embarcados, mais de 3,16 milhões foram para destinos dentro do Brasil, 96% do total. A porcentagem de turistas para destinos internacionais foi de 4%, ou seja, 140 mil brasileiros viajaram para fora do país em 2020.

O turismo nacional representou um faturamento de 3,09 bilhões (77%), um aumento proporcionalmente considerável, já que historicamente o doméstico ficava entre 60% e 70% do faturamento global. Isso mostra que diversas empresas ampliaram a oferta do mercado doméstico e, diante das restrições, adaptaram de forma rápida o seu portifólio de produtos e conseguiram atender seus clientes com viagens nacionais.

Já as viagens para o exterior — segmento que enfrentou muitos desafios, como fechamento de fronteiras, diminuição da oferta e a variação cambial — atingiram a marca de R$ 909 milhões de faturamento (23%). Neste tema, vale lembrar outro fato que encareceu o preço de viagens internacionais: o aumento do Imposto de Renda sobre remessas para pagamento de serviços turísticos no exterior, de 6% para 25%. A Braztoa vem trabalhando o assunto junto ao Governo Federal, ainda sem perspectiva de redução.

No Brasil, o Nordeste e suas belas praias se mantiveram na liderança, recebendo 69,9% do total de passageiros embarcados. Já a região Sul ficou em segundo lugar, com 13,6%. O Sudeste foi responsável por uma parcela de 12,4% dos embarques totais no país, enquanto as regiões Norte e Centro-Oeste ficaram abaixo de 5% do total nacional. Entre os destinos que compõem o pódio brasileiro, Salvador ficou na primeira colocação, Maceió e Natal dividiram o segundo lugar e Rio de Janeiro e São Paulo ficaram em terceiro.

Nos embarques internacionais, mesmo com todas as restrições de fronteiras, o destaque vai para a Europa, correspondendo a 28% dos embarques, que podem em boa parte ter sido utilizados pelas viagens a estudos e reagrupamentos familiares, assim como para pessoas de dupla nacionalidade. A América do Norte ficou em segundo lugar na preferência dos turistas, com 23,6%. América Central-Caribe, por sua vez, representou 21% dos embarques, enquanto América do Sul correspondeu a 20% e o bloco Ásia-África-Oceania representa 7,4% do total.

Orlando e Cancún continuaram como os mais vendidos entre os destinos internacionais, ancorados por seus resorts, praias e o complexo Disney na Flórida. Mas restrições sanitárias e de circulação fizeram com que destinos internacionais pouco expressivos até 2019 surgissem na lista dos mais comprados em 2020 — como foi o caso das Ilhas Maldivas. Este exemplo se justifica por uma somatória de fatores: a facilidade de acesso para turistas durante a pandemia, que podem entrar no destino apresentando apenas um teste PT-PCR negativo; tarifas aéreas e de hospedagem convidativas e promocionais, aliadas ao apoio de fornecedores de serviços turísticos locais na remarcação de viagens sem multas ou custos adicionais; além do próprio apelo do isolamento em ilhas proporcionado pelo destino.

Ticket Médio e perfil das viagens — Identifica-se uma redução de 35,6% no ticket médio das viagens domésticas, chegando ao menor valor dos últimos 10 anos: R$ 979. Em partes, esse fator pode ser explicado pela redução das compras das viagens em 2020 e execução das viagens compradas no ano anterior, além da redução de duração das viagens, alteração dos produtos comprados, como foco maior no terrestre e viagens de proximidade, entre outros fatores.

Por outro lado, identifica-se um aumento de 79% do ticket médio internacional, ficando em R$ 6.330, fato que também pode ser explicado pela realização das vendas internacionais, sem a sua execução no ano de 2020, e principalmente pela significativa variação cambial.

Com relação à duração das viagens nacionais, os roteiros de média duração (5 a 9 dias) foram os mais escolhidos (48% das vendas). Já para as viagens internacionais, os roteiros de longa duração (mais de 9 dias) ficaram na frente (41%).

Sobre o tipo de pacote vendido, os completos — aqueles que envolvem a parte terrestre e aérea representam 31% do faturamento, enquanto as viagens que englobam apenas a parte terrestre, sem aéreo, foram responsáveis por 38%. Vale ressaltar que para a aquisição dessas viagens a opção de pagamento parcelado em mais de cinco vezes, atendeu a maior parte dos clientes (47%). O cartão de crédito e o boleto se confirmam como os principais meios de pagamento, sendo utilizado em 48% e 49% das vendas, respectivamente. Destaca-se o grande aumento que o boleto obteve no último ano (13% para 49%), o que pode ser explicado pela aquisição das viagens a partir de financeiras ou crédito direto com as operadoras.

Apesar de todo o cenário desafiador do último ano, observa-se que o comportamento do consumidor não foi fortemente impactado por esta incerteza no que se refere à antecedência de compra. No mercado doméstico, 52% das compras foram feitas com a antecedência de até um mês da viagem. Para o internacional, as compras realizadas entre 61 e 90 dias antes corresponderam a 35% e as com mais de 91 dias para a viagem, 32%.

Expectativas e Considerações — Apesar de ser a mais impactante das crises, esta não é a primeira. Nos últimos 20 anos, foram superados os atentados terroristas em 2001, a epidemia provocada pelo SARS que também iniciou na China em 2003 e a crise econômica de 2008. Em todas elas, o turismo mostrou sua força e resiliência e voltou a crescer.

Diante das restrições à circulação, identifica-se a existência de uma demanda reprimida por viagens, sejam elas nacionais ou internacionais. O advento da vacinação em escala global, utilização de protocolos sanitários e o cenário econômico favorável podem ser condicionantes para uma aceleração na recuperação do setor.

Considera-se que o cenário para 2021 é positivo no contexto global, o Banco mundial prevê uma expansão da economia mundial na ordem de 4% em 2021. Ainda estamos diante de incertezas e com inúmeras variáveis que fogem ao controle. A UNWTO (Organização Mundial do Turismo) faz uma projeção, diante de três cenários possíveis, mas com a expectativa de que em 2 anos e meio, o turismo retorne aos patamares anteriores em número de viagens e receitas.

— Construímos este Anuário como um registro positivo, um motivo para nossos associados, empresários, colaboradores, parceiros, fornecedores e toda a rede da qual fazemos parte se orgulharem — afinal, quando a Braztoa leva aos setores público e privado a importância do turismo na economia nacional, é deste elo indissociável e do trabalho de todos que estamos falando. Um documento que atesta a resiliência e a capacidade do turismo para se reinventar — e para onde vamos olhar e lembrar de que passamos pela maior crise da história do mundo e que esse foi apenas o início de uma nova realidade. Esta é a razão de ser do Anuário Braztoa 2021 — disse Roberto Haro Nedelciu, presidente da Braztoa.

A versão completa do Anuário Braztoa 2021 para download está disponível no site www.braztoa.com.br

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