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06/05/2021 - 10:32

Rio Grande do Sul pode se tornar referência brasileira e mundial

Na produção de azeite de oliva.

Com as iniciativas dos produtores de oliveira já atuantes no Estado, o Rio Grande do Sul tem se tornado um novo e prestigiado terroir de azeite de oliva. Terroir é um termo que vem do francês e significa um específico tipo de solo, clima e geografia local que imprimem características únicas ao produto nele produzidos. O azeite de oliva produzido no Rio Grande do Sul tem sido premiado internacionalmente e considerado de alta qualidade.

Realizado no Centro Internacional de Arte e Cultura Humanista Recanto Maestro, o 1º Seminário Gaúcho do Cultivo de Oliveiras apresentou o forte potencial para a produção de azeite de oliva no Estado do Rio Grande do Sul. O encontro contou com a participação de investidores, especialistas, profissionais do campo, autoridades regionais e empreendedores. O foco foi a diversificação e a recuperação econômica do setor agrícola da metade Sul do Estado, especialmente da Campanha e Vale do Rio Pardo, a partir da olivocultura. A região pode se tornar referência brasileira, e futuramente mundial, na produção de azeite de oliva.

Com intuito de incentivar e promover o novo, mas forte setor de olivicultura no Rio Grande do Sul, o 1º Seminário Gaúcho do Cultivo de Oliveiras apresentou tanto a oportunidades empreendedoras para o cultivo de oliveiras, como as particularidades técnicas referentes à cadeia produtiva do azeite de oliva. Promovido com o apoio da Fundação Antonio Meneghetti, o seminário será realizado periodicamente em novas edições para proporcionar informações importantes aos produtores interessados em desenvolverem a olivocultura.

Iniciada há alguns anos no distrito Recanto Maestro, a produção de olivas na região teve, em 2021, a sua primeira colheita. Os frutos foram levados para processamento em fábrica parceira. A ideia é que, até 2022, já esteja pronta uma fábrica própria para produção do Azeite de Oliva Recanto no local. O empreendimento processará não apenas as olivas plantadas no Recanto Maestro, como também estará aberto a receber a produção dos agricultores da região que desejem realizar o plantio dessa lavoura.

A abertura do evento foi realizada pelo empresário Roberto Argenta, investidor das Oliveiras do Recanto Maestro e Presidente da Calçados Beira Rio S.A, empresa líder nacional no ramo calçadista com mais de 9 mil colaboradores diretos, 11 unidades fabris e eleita quatro vezes consecutivas pelo Prêmio Exame como a melhor e maior empresa do segmento têxtil/calçadista no Brasil. — O cultivo das olivas vai dar o progresso à Quarta Colônia, ao Vale do Rio Pardo, à região da Campanha e a toda a metade Sul do Estado — destacou o empresário.

A professora e pesquisadora italiana Annalisa Cangelosi, que leciona no Brasil na Antonio Meneghetti Faculdade, relembrou aspectos históricos e econômicos do cultivo das oliveiras e do papel fundamental que o azeite de oliva tem na gastronomia mundial. — A melhor forma de degustar o produto é na sua terra. Cada produto mantém uma relação muito viva com a terra que o originou. E o azeite de oliva não tem só o uso na cozinha, mas também pode ser utilizado também na cosmética, em medicamentos e para fins industriais. O azeite traz consigo culturas e lendas muita bonitas. É uma árvore que simboliza o renascimento do ser humano, e pode durar mais de mil anos. É um legado para o futuro o que se está fazendo aqui — ressaltou a professora italiana.

O terceiro palestrante do Seminário foi o engenheiro agrônomo, mestre e doutor em Agronomia, especialista em fruticultura de clima temperado com ênfase em olivicultura, Fabricio Carlotto Ribeiro, que atua com a cadeia produtiva das oliveiras desde 2007. Ele lembrou que as oliveiras, sendo originárias dos países árabes, foram levadas pelos povos fenícios e mouros para a região do Mar Mediterrâneo, ali se adaptaram muito bem e começaram a ganhar uma expressão maior de cultivo. Hoje, na América do Sul, são cultivadas na Argentina, Chile, Uruguai e, mais recentemente, no Brasil, onde a principal zona de cultivo está no Rio Grande do Sul. Segundo o engenheiro, a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Rio Grande do Sul (Emater) registra atualmente 6 mil hectares de área produzida no Estado em 30 municípios.

— Precisaríamos de 100 mil hectares em todo o país para atendermos de forma autônoma o que o mercado brasileiro consome. Hoje, 0,3% do que consumimos no Brasil em termos de azeite de oliva são de produção nacional. São 15 indústrias em atuação no Rio Grande do Sul; a do Recanto Maestro fica pronta final do ano e, na safra do ano que vem, já estará funcionando — explicou Carlotto. O engenheiro tratou ainda sobre particularidades do cultivo e do manejo das oliveiras no país, especialmente em solo gaúcho, da viabilidade dos pomares, zoneamentos, pragas e ameaças, sobre como apoiar o agricultor para que seja um investimento de sucesso e os protocolos que estão sendo criados para guiar os agricultores. Ao final do evento, o empresário Roberto Argenta voltou a se dirigir aos participantes, e ressaltou a necessidade de fomentar junto a Emater a oferta de formação para os produtores de olivicultura do Estado, incentivando os produtores locais e fomentando a realização de um novo encontro de produtores de oliveiras ainda neste ano.

Depoimentos dos participantes —Eu achei muito interessante a começar por conhecer o cultivo das oliveiras, este mercado e conhecer muitas ideias de como difundir esse cultivo no estado, aproveitando as nossas condições climáticas para desenvolver essa nova atividade econômica. A ideia é aproveitar Júlio de Castilhos, desenvolver o cultivo, integrar os pequenos produtores para que possam desenvolver o cultivo em suas propriedades e utilizar a região para alavancar o cultivo das oliveiras — Anelise Leite Market, assessora da Secretaria de Agricultura de Julio de Castilhos.

— Nós sempre temos notícias da produção de milho, soja, que são os xodós no nosso país. Agora o xodó será a produção de oliveiras — Zenor José Bortoluzzi, morador de Vale Vêneto, e proprietário rural.

— É uma excelente alternativa, poderá até substituir a cultura do fumo. Achei um evento louvável! Eu gostei que os professores do colégio agrícola e politécnico também estavam escutando e eu sou um ex-aluno. É importante que se esse ensino se difunda para os jovens — Altamir José Noro, produtor rural e vereador no município de Restinga Sêca.

O novo terroir do azeite — Com as iniciativas dos produtores de oliveira já atuantes no Estado, o Rio Grande do Sul tem se tornado um novo e prestigiado terroir de azeite de oliva. Terroir é um termo que vem do francês e significa um específico tipo de solo, clima e geografia local que imprimem características únicas ao produto nele produzidos. O azeite de oliva produzido no Rio Grande do Sul tem sido premiado internacionalmente e considerado de alta qualidade.

Projetos como esses realizados no Estado assumem a missão de restaurar a economia da metade Sul, que, desde 1990, sofre revezes socioeconômicos em sua atividade produtiva, baseada principalmente na pecuária de corte e nos campos de arroz irrigado, tendo a olivicultura como força motriz dessa transformação econômica.

Outra região, que pode se beneficiar muito da produção de oliveiras, é a do Vale do Rio Pardo, que se avizinha territorialmente a Rota das Oliveiras e que mantém características similares de solo e de clima para o cultivo. Um dos fatores que alicerça a presença do plantio aqui é a diversificação, já que a monocultura do fumo, por enquanto, predomina. É um cenário que injeta viabilidade a um novo futuro econômico às famílias de agricultores.

A Rota das Oliveiras (instituída pela Lei No. 15.309 em 29 de agosto de 2019) detém clima temperado, aliado ao relevo e tipos de solos encontrados, especialmente as áreas que compreendem as regiões Sul da Campanha e o Vale do Rio Pardo, apresentando especificidades que definem o equilíbrio ideal para o desenvolvimento das oliveiras, realçando atributos organolépticos do azeite de oliva com elevada qualidade.

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