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O entusiasmo jovem contra as mazelas da cidade grande

Concurso para identificar as melhores práticas de estágio na prefeitura de São Paulo revela o potencial dos estudantes que complementam seu aprendizado com a prática profissional no serviço público.

A avaliação dos efeitos benéficos proporcionados pela presença dos estagiários no ambiente de trabalho é sempre uma surpresa agradável -- mesmo para aqueles que, como o CIEE, há mais de quatro décadas lidam com a inclusão profissional do jovem por meio do treinamento prático. A seleção dos vinte finalistas do concurso "As Melhores Práticas de Estágio na Prefeitura Municipal de São Paulo" não foge à regra. E mais, chega a superar as expectativas iniciais do avaliador, não apenas pela aguçada visão da cidade e seus dramas, mas principalmente pela disposição de aplicar os conhecimentos que os jovens adquiriram na escola e no estágio, na busca que possam eliminar ou minorar os graves problemas da maior metrópole abaixo do equador.

A premiação é a primeira do gênero promovida pela Prefeitura, que atualmente oferece quatro mil oportunidades de estágio para universitários, em diversas áreas. O objetivo extrapola o simples estímulo à habilidade de pensar e de escrever, pois "desta relação emergem conhecimentos, habilidades e talentos que devem ser exteriorizados em prol do estagiário e o interesse público", como informa o edital do concurso. De início, os vinte trabalhos finalistas chamam atenção pela pertinência da abordagem dos dois temas propostos -- "cidadania e inclusão" e "modernização na administração pública" -- e a maturidade com que são tratados. Nada de soluções utópicas, descoladas da realidade, tão típicas do entusiasmo e do espírito renovador dos estudantes, insatisfeitos com o estado das coisas e sedento de mudanças. Ao contrário, a maioria dos autores finca o pé em experiências já realizadas e avança no sentido de aprofundá-las ou aprimorá-las, mantendo um olho na viabilidade técnica da idéia e outro nos seus custos, levando em conta a crônica carência de recursos financeiros dos cofres municipais.

Boa parte dos trabalhos apresentados visam melhorar as condições de vida em comunidades carentes da periferia, minorando alguns dos problemas recorrentes nessas áreas, como prevenção de enchentes e deslizamentos de encostas, falta de equipamentos culturais, carências nutricionais dos alunos de escolas públicas e até mesmo a criação de condições para o uso de espaços públicos, como calçadas, praças e parques, no resgate da cidadania e na criação de laços comunitários. Diversos concorrentes se debruçaram sobre outro aspecto recorrente nas avaliações da administração pública, em todos os níveis de governo e apresentaram algumas idéias voltadas para melhorar a agilidade, a qualidade, a correção e até a pertinência de informações ou serviços prestados aos cidadãos que procuram os órgãos municipais. Numa prova de que os jovens estagiários estão bem antenados com o momento atual, todas as propostas nesse sentido recomendam um melhor aproveitamento dos recursos oferecidos pela informática e alguns chegam até mesmo a formatar alguns modelos de acompanhamento ou processamento eletrônico de solicitações e controles.

Outra agradável surpresa nos projetos é a ausência de queixas contra a sempre alegada "falta de condições de trabalho", para significar escassez de funcionários, pouca verba e outros fatores como justificativa para desistir de qualquer esforço de modernização do serviço público. As sugestões de investimentos para concretizar os projetos se limitam a aquisição de itens como "uma bússola", uma certa quantidade de garrafas pet coletadas para reciclagem, poucas latas de tinta ou material para utilização em atividades educativas em escolas.

Há anos, o CIEE está ciente dos efeitos positivos que a participação do estagiário traz ao ambiente corporativo, uma realidade comprovada por pesquisa de satisfação e dezenas de depoimentos colhidos nas milhares de empresas e órgãos públicos parceiros. Mesmo assim, é gratificante verificar mais uma vez -- e com prova documental -- o oxigênio, a garra, a noção de cidadania, os conhecimentos atualizados e a disposição de solucionar problemas que o jovem estudante injeta no ambiente de trabalho, muitas vezes reacendendo o entusiasmo e a motivação dos profissionais já formados. Com isso, o estágio revela mais uma faceta positiva: bem administrado, pode funcionar como fator de ganhos de produtividade, aumento de eficiência e estímulo para a busca de soluções criativas e viáveis para aprimorar o desempenho das equipes que integram.

. Luiz Gonzaga Bertelli é presidente executivo do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) e diretor da Fiesp. E.mail: [email protected].

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