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07/05/2021 - 09:08

Por que a maioria das empresas familiares não sobrevivem aos herdeiros?


As empresas brasileiras têm características bastante interessantes: De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do Sebrae, 90% delas são familiares. Cerca de 75% dos trabalhadores prestam serviços para esses empreendimentos, os quais participam com uma representatividade de 65% do Produto Interno Bruto (PIB) do país.

No entanto, apesar de um aparente formato de sucesso, apenas 5% dessas empresas familiares sobrevivem à terceira geração, e mais da metade apresenta dificuldades na passagem de bastão da primeira para a segunda.

A maioria das empresas familiares começou motivada por interesses e propósitos comuns entre os seus participantes, e onde havia uma forte afinidade pessoal entre os irmãos. Depois, quando a corporação passa para a segunda geração, aparecem conflitos, por mudanças importantes nos interesses e nos propósitos pessoais, àqueles que conduziram os seus fundadores.

Diferentes visões entre gerações e resistência a novas ideias — A assunção das novas gerações às novas posições, nem sempre é feita de forma harmônica e sem sobressaltos. Eles se prepararam academicamente de forma distinta, possuem uma realidade social, do ponto de vista do estilo de vida, que é influenciada pelo advento dos cônjuges e filhos, e algumas vezes não herdaram a visão, a cultura e os valores, até aqui preconizados e praticados pelos fundadores.

Este choque de perspectivas entre as gerações provoca a resistência para a sucessão, e adia a implantação de práticas de gestão mais modernas e mais efetivas. Por estas razões, cada vez mais, as empresas cientes desse ritual de passagem, têm se planejado e programado no sentido de minimizar e eliminar estes soluços, estimulando as novas gerações a se prepararem e capacitarem para assumir posições executivas e de conselhos. A transmissão da cultura e dos valores ao longo do crescimento dessa geração é fator relevante para se ter sucesso nessa missão.

Muitos herdeiros para poucos cargos — Uma das situações mais comuns nas empresas familiares é que as famílias crescem em uma proporção maior do que a empresa gera cargos de liderança. Isso pode causar uma disputa perigosa dentro das empresas, fazendo com que a mentoria para novas funções se torne mais complexa, e a administração da boa convivência da família fique comprometida.

É fundamental que não só os herdeiros, mas também os sócios fundadores entendam que não serão todos os seus filhos, netos ou sobrinhos que seguirão o ramo do negócio da família.

As condições para que isso aconteça passa obrigatoriamente por competência, capacitação, perfil adequado, e meritocracia.

As empresas familiares na pandemia — Apesar dos problemas que podem ser encontrados dentro das empresas familiares, elas durante a pandemia apresentaram melhores resultados, que a média nacional. De acordo com pesquisa sobre negócios familiares da consultoria PwC, 51% das empresas entrevistadas tiveram crescimento de vendas nesses últimos meses de quarentena. A proximidade dos gestores, a facilidade para a tomada de decisões rápidas em ambientes conturbados, e o poder focado e definido, permitiu que os “acidentes de percurso”, provocados pela pandemia fossem atenuados.

Conflitos familiares levados para dentro da empresa — Conflitos acontecem em todas as famílias provenientes da proximidade das relações. Porém, quando esses problemas ultrapassam os ambientes domésticos e chegam até a empresa, as consequências podem ser perigosas. Ações e análises que são fundamentais para a evolução do negócio podem ser comprometidas, afetando diretamente os resultados.

O papel de um conselheiro independente no conselho de uma empresa familiar — Para a manutenção de uma empresa saudável e de sucesso, torna-se fundamental a busca constante pela excelência do trabalho realizado, a preservação dos valores, o respeito aos colaboradores e a sociedade, a geração de um clima de comprometimento e fidelidade às boas práticas. A visão de alguém de fora deste contexto familiar permite o balanço adequado para que decisões assertivas sejam pensadas.

A criação de conselhos em empresas familiares, independente do seu tamanho, passou a ser considerada pelos acionistas, como um fiel da balança, para a continuidade saudável das suas operações, assim como colaborar para aportar uma visão estratégica de médio e longo prazo, garantindo a sua sustentabilidade.

Neste contexto, o papel do conselheiro independente passa a ter uma relevância destacada.

Seu foco principal é a empresa, independentemente das posições individuais de seus stakeholders, e a sua participação traz uma oxigenação, com uma visão externa não comprometida. São geralmente profissionais, que passaram por funções executivas importantes, têm visão generalista de negócio como diferencial, e possuem a expertise vivencial, para analisar as dificuldades do empreendimento, trazendo um olhar externo, de equilíbrio e isenção.

. Por: Marcos Sardas, conselheiro de empresas e sócio-diretor da Exxe Consultoria Empresarial.

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