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Comunidade ganha alternativa com cultivo de ervas

Rio de Janeiro - Botões-de-ouro, pequeninas flores amarelas, são mostrados com orgulho por Cristina Frez. "A presença delas significa que a terra é limpa". Esses arbustos permeiam o canteiro onde são cultivadas mais de 70 variedades de ervas orgânicas que crescem misturadas entre si e de maneira desorganizada.

"Esse tipo de plantio permite a revitalização da terra e combate as formigas", explica Cristina. A área, com pouco mais de 5 mil metros quadrados, está ajudando a mudar a realidade de Galdinópolis, distrito de Nova Friburgo, região serrana fluminense.

A agrovila tem pouco mais de 200 habitantes. A principal atividade econômica é o cultivo do inhame e a renda média da população é de um salário mínimo. A possibilidade de morar em uma grande cidade nunca passou pela cabeça de Cristina.

"Não agüentaria viver longe daqui e via com tristeza muita gente sendo obrigada a ir embora em busca de trabalho". Preocupada com o êxodo dos produtores locais, ela viu no cultivo de ervas a oportunidade de gerar emprego e renda para a comunidade.

Para concretizar esse sonho, ela procurou o Sebrae no ano passado. A mudança veio rápida e foi bem além do esperado. Pela filosofia e potencial, a idéia de Cristina foi incorporada ao Projeto Ética na Etiqueta, do Sebrae no Rio de Janeiro, dentro do conceito de Comércio Justo.

A Oficina das Ervas já inclui seis famílias de produtores locais que trabalham na colheita, processamento e produção mensal de 2,5 mil saquinhos com folhas desidratadas, distribuídas em 19 pontos de venda, incluindo lojas e spas no Rio de Janeiro.

As mulheres da agrovila ganharam uma alternativa de renda com a introdução na comunidade de teares. Eles são usados no desenvolvimento de uma nova linha de produtos entre almofadas, descanso para os olhos e pantufas, todos recheados com alecrim, capim-limão, erva-cidreira e outras ervas aromáticas e relaxantes.

"O mais importante é que elas podem trabalhar na hora que quiserem sem deixar de cuidar dos filhos", reforça Cristina. "Cansei de ser faxineira e não queria trabalhar na roça", confirma Fabiana Cordeiro, de 25 anos, admitida no projeto há menos de um mês e que aprende a tecer com a mãe e irmãs de Cristina.

Todas as peças são tingidas com urucum, café, cascas de cebola, pinheiro e eucalipto. Para embalar as ervas, são usados sacos de polipropileno que se desfaz na natureza em menos tempo que outros tipos de plástico. As sobras orgânicas incrementam o adubo e o resto do papel das embalagens é transformado em papel reciclado.

Cristina tem consciência das mudanças que provocou na cidade e das responsabilidades que assumiu. "Dá um medo danado, porque sei que muita gente depende disso. Às vezes, tenho até pesadelos, mas a minha fé é maior", diz animada enquanto discute novos modelos de embalagem com uma designer contratada pelo Sebrae. "Acho que nossos produtos vão ficar mais bonitos e vamos conquistar mais clientes", comemora.

Galdinópolis foi a primeira cidade a receber a metodologia desenvolvida pelo Sebrae fluminense para adaptar grupos produtores aos conceitos e princípios do Comércio Justo. A proposta é usar os resultados desse projeto-piloto para multiplicar a experiência.

Comércio Justo significa o estabelecimento de critérios que garantam relações comerciais sustentáveis principalmente em pequenas propriedades. Uma parte fixa da receita costuma ser utilizada em programas sociais que beneficiam a comunidade ou cooperativa de trabalhadores.

. Por: Regina Mamede | Sebrae

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