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Planos de Bush são "negócio fantástico" para etanol do Brasil

São Paulo - A meta proposta pelo presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, de reduzir o consumo de gasolina no país em 20 por cento nos próximos dez anos representa um "negócio fantástico" para o Brasil, maior e mais competitivo exportador de etanol do mundo.

Especialistas na área de álcool enxergaram o plano dos EUA como um passo importante no processo mundial de busca por fontes de energia renovável, no qual o Brasil pode ter papel importante por contar com vantagens competitivas.

"É um negócio fantástico. Nunca tivemos uma oportunidade tão grande de substituição do petróleo", disse Luiz Carlos Correa Carvalho, da consultoria Canaplan, de Piracicaba (SP).

"O discurso do Bush é um convite para países competitivos como o Brasil a participar ativamente do processo global de substituição do petróleo", acrescentou ele, lembrando que a União Européia também anunciou este mês planos para elevar o uso de combustíveis "verdes" com o objetivo de limitar as emissões de carbono.

Para a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), o apoio anunciado por Bush cria espaço para maiores exportações do etanol brasileiro para os EUA e também pode servir de estímulo para que outros países sigam o exemplo e adotem os combustíveis "verdes".

"O que costumamos dizer é que qualquer produtor do mundo não é nosso concorrente, é nosso aliado, o nosso concorrente é a gasolina", disse o presidente da entidade, Eduardo Pereira de Carvalho.

"Isso aumenta tremendamente o potencial de nossas exportações", comentou ele, lembrando que 60 por cento das vendas externas brasileiras neste ano terão como destino os EUA.

Um dos países que podem ser estimulados pelos EUA são o Japão, que já demonstrou interesse em introduzir o etanol em sua matriz energética, mas sente falta de um fornecedor confiável, observou uma analista que pediu para não ser identificada.

"A produção brasileira crescendo sem mercado não seria uma coisa boa. A ampliação de mercado abre espaço para a indústria se consolidar em bases competitivas", disse ela.

Segundo especialistas brasileiros, entre as tecnologias disponíveis hoje, o etanol de cana-de-açúcar é uma das formas mais baratas de um país reduzir suas emissões de carbono.

Novas tecnologias - O desenvolvimento de novos processos para fabricação de etanol, que deve receber forte apoio governamental nos EUA, também favorece o Brasil.

"A questão tecnológica é da maior importância. Vemos com magníficos olhos...", disse o presidente da Unica.

"Hoje de cada tonelada de cana tiramos 85 litros de álcool. Quando a tecnologia da hidrólise da celulose estiver desenvolvida, vamos poder tirar 150, 160 litros, pois vamos estar transformando o bagaço da cana e a palha em álcool."

Já o diretor da Canaplan disse que o momento também representa uma chance para o governo brasileiro estabelecer uma política para garantir a expansão organizada do setor.

Atualmente, a atuação do governo brasileiro no mercado se resume à obrigatoriedade da mistura de etanol na gasolina (que pode variar de 20 a 25 por cento) e à redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) nos veículos flexíveis.

Segundo o representante da Canaplan, faltam ações como uma política de estoques, que reduziria a volatilidade dos preços durante o decorrer do ano, além de redução de impostos em operações com futuros da Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F) e padronização do ICMS, que hoje varia entre os Estados.

A proposta de Bush é substituir até 2017 165 bilhões de litros de combustíveis fósseis por meio da adoção de combustíveis renováveis (132 bilhões de litros) e com um aumento na eficiência dos motores de veículos (32 bilhões de litros), segundo cálculos da Canaplan.

"O que preocupa é a velocidade da substituição do combustível fóssil, que está acabando. Não podemos contar apenas com as fontes tradicionais. O mundo precisa das tais rupturas tecnológicas citadas por Bush", disse Carvalho. | Por Inaê Riveras e Roberto Samora/Reuters

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