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PAC, Lula e suas metáforas

O mandato passado do nosso presidente Luiz Inácio Lula da Silva já havia sido marcado por frases feitas e ações inacabadas, governo carregado de crises e distribuição de miséria com paternalismo exacerbado. Nesse ano, com novo mandato, Lula parece continuar ancorado na mesma característica, vide recente pronunciamento do lançamento do Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC.

Diz que serão investidos R$ 503,9 bilhões até 2010, mas poucos serão os que se lembrarão da cifra na data final. Se tomar como exemplo o mandato passado, surge um medo de que tal quantia seja escoada pelas valas das obras inacabadas, ou mesmo as que não têm eficiência e eficácia alguma frente às necessidades de infra-estrutura que tem o país. Ou ainda, que o valor se esfarele pela sede das empreiteiras que fazem os buracos que nos engolem depois, sem contar no receio de que o investimento tropece em obstáculos políticos como os mensalões.

Lula, mais uma vez utilizando suas metáforas oportunas, afirmou que “não entraria na Rua Augusta a 120 por hora”. A frase de efeito até combina com o seu histórico na direção do país, apoiado em uma profunda filosofia jovial. Talvez nosso presidente esteja saudosista e tenha se espelhado no milagre econômico daqueles tempos e que tanto ele quanto seus amigos criticavam e combatiam como um monstro voraz. Ética é uma questão de ótica. Mais uma metáfora e nada como estar do outro lado da mesa para enxergar o mundo diferente.

Para manter o motor acelerado, o consumo será alto. Somado ao fato de tal plano não prever o enxugamento necessário nos gastos do governo, tampouco uma correta adequação tributária, o “veículo” já sai sobrecarregado, com peso excessivo, forçando ainda mais o motor aos gastos. O caminho fica perigoso, com alto risco de déficit orçamentário e de novos impostos que serão criados para diminuir o prejuízo causado.

O presidente, na insistente postura populista, vocifera frases prontas, desenhadas pelos seus publicitários de plantão, prometendo mundos e fundos em longo prazo, pois tais promessas são as mais difíceis de serem cobradas, já que a memória do povo é curta e imediatista. Basta olhar para trás e perceber que as novas promessas na verdade são reedição de compromissos feitos em sua primeira campanha e até hoje descumpridas sistematicamente. Acredite quem quer acreditar.

O possível efeito gerado pelo PAC é pontual. Cria uma bolha de esperança para alguns incautos e melhora - se “colar” - o risco Brasil lá fora. O Plano traz em forma de promessas o que é de obrigação fazer. Contraria algumas normas do bom senso e da credibilidade na seriedade de qualquer um. Afinal, quando se entrega “o volante do país” para que o presidente o dirija, espera-se muito mais que medidas de longo prazo e inexeqüíveis, mas que as obrigações sejam criteriosamente observadas. O país necessita de mais ações e menos papéis assinados.

Aquele homem simples que subia em palanques e carrocerias de caminhões, que bradava nas portas das fábricas as mudanças necessárias, agora se vê enclausurado em um simulacro de poder, cercado de asseclas que o requisitam de forma insana, afogado em papéis e citando metáforas estúpidas, na tentativa infrutífera de mesclar a sua atual imagem impecável com a do homem do povo, nada convincente.

Crescimento econômico se dá com seriedade e trabalho, com apoio ao desenvolvimento e incremento real de crédito aos setores produtivos. Portos e estradas não são construídos em quatro anos, mas em um projeto coerente de logística de distribuição da produção, apoiando inclusive a implantação de ferrovias e hidrovias, esforços esses ainda insípidos no país.

O desenvolvimento vem com a adequação de impostos e não com a escorchante escalada tributária impetrada pelos seus ministros. Desenvolvimento se conduz com mãos firmes e austeras e não com políticas populistas permeadas de favorecimentos espúrios. Só com apoio à iniciativa privada e à produção será possível gerar os 10 milhões de emprego tão prometidos e que, infelizmente, parecem ainda não passar de mais uma metáfora populista do piloto desse país.

.Por: Daniel Augusto Maddalena é consultor especialista em cooperativismo

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