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15/12/2021 - 09:13

Sustentabilidade nos pés


Não é de hoje que a sustentabilidade vem chamando a atenção do mercado. Pesquisas apontam que o “argumento verde” vem ganhando importância no imaginário do consumidor, em um movimento influenciado por tendências globais. Conforme pesquisa da Economist Intelligence Unit (EIU), encomendada pela WWF e realizada em 54 países, onde vive 80% da população mundial, a procura on-line por produtos sustentáveis cresceu 71%. Como não poderia ser diferente, a maior consciência do consumidor vem puxando o mercado de diversos setores, entre eles o calçadista. —A tendência da sustentabilidade é global. Apesar de ser impulsionada pelos países mais desenvolvidos, especialmente na Europa, é um fenômeno que vem ocorrendo em economias emergentes, caso do Brasil. Semanalmente recebemos sondagens, especialmente de importadores, em busca de fornecedores sustentáveis aqui no País 1conta a coordenadora de Promoção Comercial da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Letícia Sperb Masselli, ressaltando que a oferta de calçados brasileiros sustentáveis pode ser encontrada na plataforma BrazilianFootwear.com.

Piccadilly — A fabricante de calçados femininos Piccadilly Company é um dos exemplos positivos do setor calçadista na área de sustentabilidade. A vice-presidente e diretora de produto da empresa, Ana Carolina Grings, destaca que, ciente de que a sociedade e os mercados estão rapidamente se transformando, concluindo a transição para uma sociedade mais sustentável, circular e de baixo carbono, a empresa tem inserido no seu dia a dia uma estratégia ESG (Environmental, social and corporate governance) e de sustentabilidade corporativa. —Uma estratégia de sustentabilidade pressupõe um compromisso com a melhoria contínua, com o planejamento e a execução de projetos e ações ambientais, sociais, econômicas e culturais, alinhados com a política e os objetivos da companhia. Além disso, não há como falar em sustentabilidade sem inspirar e envolver toda a cadeia de valor —diz a executiva, ressaltando que o consumidor “não quer saber o que você fala, mas o que você faz com o que fala”. Segundo ela, o tema da sustentabilidade é algo que vem sendo cada vez mais valorizado, especialmente pelas novas gerações. —Isso coloca a marca à frente no mercado, valorizando a imagem da empresa, agregando valor percebido ao produto, além de permitir uma margem mais interessante, pelo maior valor agregado— acrescenta.

Entre os destaques sustentáveis da Piccadilly estão justamente os seus calçados, todos fabricados com matéria-prima livre de origem animal e que não deixam resíduos no meio ambiente. —Nossos produtos são confeccionados com PrimeTech, um material exclusivo de alta qualidade, super macio, prático para limpar, com tratamento antimofo e antibactéria, e repelente à água. Também contamos com o tênis So.Si Ecoar, que tem cada par fabricado com 3,5 garrafas PET retiradas do meio ambiente e de resíduos recuperados da indústria têxtil, além da linha Marshmallow, 100% desenvolvida com EVA reciclável— conta Ana Carolina.

Com 66 anos no mercado, a Piccadilly emprega 1,5 mil colaboradores em duas unidades no Rio Grande do Sul e comercializa anualmente mais de cinco milhões de pares todos os anos, 35% deles para mais de 100 países.

Grendene — Outra gigante do setor calçadista brasileiro que vem se destacando na área é a Grendene. O gerente de Desenvolvimento Sustentável da empresa, Carlos André Carvalho, destaca que, há anos, a Grendene assumiu o compromisso de reduzir desperdícios, garantir mais eficiência nos processos, pesquisar e desenvolver materiais de menor impacto, reciclar produtos incentivando práticas circulares pelos programas próprios de logística reversa e contribuir para o bem-estar de funcionários e das comunidades onde tem fábricas inseridas. —Hoje, observar aspectos de sustentabilidade é, também, olhar para tendências de consumo. Além disso, a sustentabilidade se manifesta cada vez mais na avaliação financeira das organizações e observar aspectos sociais, ambientais e de governança permitem custos mais baixos, diagnóstico de riscos, zelo pela imagem e reputação e maior preparo para a gestão de crises —frisa.

Em termos de produto, a Grendene oferece ao mercado nacional e internacional produtos sem nada de origem animal e feitos com PVC 100% reciclável, atóxicos e livres de substâncias perigosas. Atualmente, a empresa comemora ter um portfólio de produtos 100% veganos registrados pela Vegan Society. Carvalho cita algumas linhas de calçados que estão evoluindo para diminuir ainda mais impactos ambientais, entre elas a Melissa Free, o primeiro monobloco da marca em EVA derivado da cana-de-açúcar, feito com material com 20% de carbono renovável e que emite até 65% menos gases do efeito estufa em sua produção; a Melissa Flox M, feita 100% com material reciclado; o Rider R4, chinelo produzido com os princípios de recriar, reduzir, reutilizar e reciclar; e a Ipanema Recria, feita com material reciclado e com cascas de arroz, 100% reciclável e que conta com coletores de logística reversa em mais de 400 lojas parceiras para estimular o descarte correto de calçados sem condições de uso.

Fundada em 1971, a Grendene tem capacidade produtiva para mais de 250 milhões de pares de calçados todos os anos e emprega quase 20 mil pessoas em suas unidades de Farroupilha/RS, Fortaleza/CE, Sobral/CE e Crato/CE

Bibi — Também com forte atuação na área de sustentabilidade, a Bibi é uma das mais tradicionais indústrias de calçados infantis do Brasil. A presidente da empresa, Andrea Kohlrausch, conta que a sustentabilidade faz parte do DNA Bibi, que há muitos anos produz calçados infantis com materiais atóxicos e seguindo os mais rígidos padrões internacionais e com resíduos industriais reciclados ou coprocessados, não sendo enviados aos aterros sanitários. “A Bibi tem como objetivo promover o crescimento sustentável em todas as frentes do negócio. Desta forma, anunciou uma série de compromissos baseados no ESG até 2030. No que tange ao campo ambiental, a marca espera alcançar anualmente 100% de conformidade dos produtos fabricados na Norma Reach (Regulamento Nº 1907/2006 Parlamento Europeu) referente à toxicidade”, projeta a empresária.

No que diz respeito aos produtos, todos os calçados produzidos pela Bibi possuem características sustentáveis, visto que todos os processos de fabricação levam em consideração toda a cadeia de fornecedores. Um dos grandes destaques é o Bibi Eco. O calçado é composto por serragem, garrafas PET, cascas de arroz, fibras de bambu e materiais reaproveitados da produção das fábricas da marca.

Andrea avalia que a empresa está sempre atenta às possibilidades de inserções de ações e produtos sustentáveis em seu mix. “Hoje, os consumidores estão mais atentos a essas questões e temos que acompanhar as modificações e os interesses dos nossos clientes, além de proporcionar um futuro melhor para os nossos pequenos. A Bibi acredita ser o papel das marcas despertar a curiosidade pela sustentabilidade e incentivar o cuidado que o meio ambiente precisa”, diz.

Fundada em 1949, a Bibi emprega 1,3 mil pessoas em suas duas unidades, em Parobé/RS e Cruz das Almas/BA. A produção é de mais de 2 milhões de pares por ano, sendo que 20% serão destinados à exportação para a América Latina e Europa.

Boaonda —Fundada em 2008, a Boaonda já nasceu com a sustentabilidade como parte do seu modelo de negócio. Em Sapiranga/RS, onde emprega 300 colaboradores que produzem mais de um milhão de pares todos os anos, a empresa investe em materiais inovadores e na produção com alto valor agregado em tecnologia e inovação, implementando e seguindo os princípios da sustentabilidade e os padrões internacionais de qualidade. —A sustentabilidade é, para a Boaonda, mais do que uma tendência de mercado, é uma nova perspectiva de vida. Por isso, implantamos o projeto Walking To The Future, que instiga uma caminhada para o futuro através de ações imediatas com resultados de médio e longo prazos, por meio de três vieses de atuação: social, cultural e econômico —comenta Letícia Vaccari Tatim, coordenadora de Marketing da empresa.

No projeto Walking To The Future, a empresa promove uma série de ações na área de sustentabilidade. No campo social, conta com a construção de parcerias com instituições, pessoas e marcas com propósitos semelhantes, como as collabs com o atleta de ciclismo Beto Bike, o artista plástico Jackson Brum, a Discovery Channel e o apoio ao Projeto Arborizar, que visa aumentar as espécies arbóreas nas cidades e levar educação ambiental para as escolas. Já na área cultural, o projeto conta com uma consultoria especializada em sustentabilidade para guiar ações e levar informações sobre o tema aos colaboradores, para que possam aplicá-las em seu cotidiano. Na área da economia, o destaque é a criação da Linha Hope, que tem 60% dos materiais utilizados provenientes de reciclagem — reaproveitamento de resíduos de TR e EVA. —Além disso, a Hope é produzida com emissão de CO2 super reduzida, energia renovável, não faz uso de materiais de origem animal e tem 95% dos seus resíduos reutilizados —explica Letícia.

Ainda na linha Hope, a Boaonda está lançando uma inédita parceria com a Discovery Channel com o intuito de incentivar atividades ao ar livre. São três modelos, o tênis Evo, a babuche Flow e o slide nuvem Soft, que poderão retornar para a produção depois de usados, no contexto da Logística Reversa. —Ficamos felizes em estarmos, já há algum tempo, juntos nessa provocação pela movimentação do setor para um cenário mais sustentável, consciente. Poder ver mais e mais empresas iniciando esse movimento é satisfatório, afinal é sobre nosso planeta e consumo, mas é preciso ser verdadeiro —ressalta Israel Reis, supervisor do Mercado Externo da Boaonda.

Digitalização — Piccadilly, Grendene, Bibi e Boaonda são algumas das mais de 200 marcas que fazem parte da plataforma BrazilianFootwear.com, que visa conectar calçadistas brasileiras com compradores de todo o mundo.

A vice-presidente e diretora de produto da Piccadilly, Ana Carolina Grings, destaca que a digitalização é fundamental para a empresa. —Como maior vantagem, vemos grandes ganhos com agilidade, além da redução de custos, dando a possibilidade de crescimento em escala com uma distribuição mais direta e assertiva —avalia, acrescentando que o site BrazilianFootwear.com tem auxiliado a marca na conexão com compradores internacionais de forma eficiente e ágil.

A Grendene enxerga a participação na plataforma como uma forma de transpor barreiras geográficas. “A digitalização do mercado ampliou expressivamente as possibilidades de negócios. Sem o entrave de barreiras geográficas, os canais digitais permitem uma conexão mais ágil entre as organizações e compradores. Por isso, acreditamos no potencial da plataforma BrazilianFootwear.com e esperamos que em um breve futuro negócios sejam fechados pelo canal”, projeta o gerente de Desenvolvimento Sustentável da empresa, Carlos André Carvalho.

Para a presidente da Bibi, Andrea Kohlrausch, a importância da digitalização ficou ainda mais evidente durante a pandemia de Covid-19 e as consequentes restrições aos encontros físicos. —Devido ao distanciamento social em decorrência da pandemia, a Bibi teve que se reinventar para manter contato com compradores internacionais. As plataformas digitais vieram para agregar na prospecção e aproximação de clientes, principalmente, com o cancelamento de feiras e visitas aos países parceiros — comenta a executiva.

Na avaliação de Israel Reis, supervisor do Mercado Externo da Boaonda, a digitalização otimiza o tempo de aproximação no mercado B2B (business to business), especialmente no exterior. —O BrazilianFootwear.com tem reconhecimento no meio dos compradores internacionais e, por isso, entendemos que pode ser um bom centro de aproximação —avalia.

O projeto BrazilianFootwear.com faz parte do programa Brazilian Footwear, promovido pela Abicalçados em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) desde o ano 2000. O objetivo da ação é promover e qualificar os embarques brasileiros do setor por meio de ações de promoção comercial e de imagem com compradores internacionais.

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