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Artesãos do Vale do Urucuia (MG) têm aumento da renda

Produção artesanal do sertão mineiro vencem dificuldades e chegam às feiras e grandes centros urbanos, a tecelagem de Unaí ocupa também pessoas com necessidades especiais.

Belo Horizonte - O artesanato do Vale do Urucuia, região de Minas Gerais que é um dos cenários dos romances de Guimarães Rosa, é produto valorizado e não podia deixar de ser. A tecelagem, os bordados e as caixinhas de buriti, uma palmeira típica do Centro-Oeste, carregam beleza, design, tradição, cultura e muita história.

A carga parece ser pesada para os quilômetros de estrada, muitos sem asfalto, que separam a região, localizada no extremo noroeste do Estado, dos grandes centros urbanos. O desafio da comercialização, que também passa pela profissionalização da gestão das associações e pelo domínio dos processos de produção artesanal segundo as lógicas do mercado, tem sido encarado pelo Sebrae em Minas e pela organização não-governamental Artesanato Solidário (ArteSol).

Em Chapada Gaúcha, Arinos, Riachinho, Uruana de Minas, Urucuia, Bonfinópolis de Minas, Natalândia e Unaí os cerca de 230 artesãos parceiros das entidades têm conseguido avanços. Em 2006 eles participaram de feiras, eventos, rodadas de negócios e conseguiram contatos com lojistas e garantiram encomendas.

"Como já havia um trabalho de resgate cultural e das tradições quando começamos a parceria com os artesãos, percebemos que não precisávamos melhorar os produtos ou processos. Nossa principal contribuição seria encontrar meios de comercializar, um grande gargalo da região", explia o técnico do Sebrae em Unaí, Renato Lana. Apenas nos eventos durante o ano passado, foram fechadas vendas de R$ 28,3 mil.

A tecelagem de Unaí, trabalho que ocupa pessoas com necessidades especiais, tem visto o reconhecimento vir também em forma de vendas. Durante a Feira do Empreendedor de Belo Horizonte, foi contabilizado um faturamento de R$ 13 mil. A tecelagem também acaba de receber uma encomenda do grupo Pão de Açúcar, de R$ 17 mil. O resultado ajuda a manter uma renda média de R$ 600 por mês para cada artesão.

Depois de oito anos, o trabalho dá sinais de amadurecimento. "Eles já conseguem vender para grandes clientes porque já têm padronização dos produtos, código de barras e uma produção mais regular", explica Luciana Navarro, gerente da ArteSol em Minas. O negócio não tem propósito lucrativo mas já consegue se manter com autonomia e até fazer um fundo de reserva para, no futuro, abrir um showroom para mostrar as peças.

Os artesão do Pólo Veredas, grupo de fiandeiras das localidades de Riachinho, Sagarana e Uruana de Minas ganharam uma renda média mensal em 2006 de R$ 200 por pessoa. "O trabalho desenvolveu-se muito durante este ano. Com o dinheiro conseguimos nos manter e pagar as despesas da associação", diz Gercina Maria de Oliveira, presidente da Associação das Artesãs de Sagarana - Tecelagem Veredas. Segundo ela, os avanços na padronização dos fios, cores e tamanhos ajudou a aumentar as vendas.

"Quando o produto chega ao público agrada muito", afirma Luciana Navarro. Mas, no caminho, os problemas enfrentados para a profissionalização são diversos. "Para se comunicar com alguém em Sagarana, a única alternativa é um orelhão que está sempre com defeito", conta a gerente da ArteSol. Além disso, ela conta que, enquanto é preciso trabalhar para que as fiandeiras consigam gerir seu negócio de forma autônoma, muitas são analfabetas.

As artesãs do Pólo Veredas se distribuem por três núcleos. Em Riachinho e Sagarana, elas fiam e tecem. Em Uruana de Minas elas tingem os fios, sempre utilizando técnicas tradicionais e pigmentos naturais. Agora outras duas localidades, Natalândia e Bonfinópolis, também ganharão núcleos.

Mas, neste caso, há que se contabilizar também os resultados menos palpáveis. O projeto realizou, pela segunda vez consecutiva, o multirão das fiandeiras, uma tradição abandonada há mais de 20 anos pelas mulheres da região. A valorização dos ofícios de fiar e tecer também representa um ganho importante na auto-estima das mulheres de várias gerações.

Os artesãos de Urucuia, um dos vencedores do Prêmio Top 100 de artesanato do Sebrae Nacional, têm conseguido garantir uma renda média de R$ 350 mensais por trabalhador. As caixinhas feitas com a palha do buriti estiveram entre os mais vendidos na rodada de negócios do prêmio. "Já pensamos em replicar a idéia, pois eles não têm conseguido atender a todos os pedidos que chegam", conta Luciana Navarro.| Por: Eliza Caetano/Sebrae

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