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11/02/2022 - 07:28

Nazismo e a liberdade de expressão


Estamos vivendo tempos em que todos agora têm voz e vez. As redes sociais possibilitaram essa democratização e isso é positivo. Contudo, liberdade de expressão não significa poder dizer tudo o que se pensa. Existe um limite. Sim, ele existe. O nosso direito encontra limite no direito do outro. Ou seja, não podemos ultrapassar a fronteira da ética, da dignidade humana, do bem-estar e equilíbrio social. Há barreira quando os dizeres contêm conceitos – diretos ou indiretos - de agressão, de incentivo ao ódio, de perseguição às minorias, de racismo, de antissemitismo. Discursos de ódio ou posições que incentivem perseguições e matanças devem ser veementemente punidas no rigor da lei.

Não se trata de censura. Em absoluto! Trata-se de respeito a outra pessoa, à sociedade, à vida não difundir algo que pode por outrem em risco.

Não obstante, as pessoas confundem e acham que, atrás de uma tela, seja ela qual for, estão “protegidas” e podem dizer tudo que acham, ofendendo e incentivando ideologias nefastas, odiosas, que tragédias trouxeram ao mundo e que não podem, em hipótese alguma, se repetir.

Uma das mais odiosas, que tanto mal fez à humanidade, foi o nazismo. Seis milhões de judeus foram covarde e brutalmente assassinados apenas pelo fato de pertencerem a um povo. E mais outras milhões de minorias foram perseguidas e mortas. Cada pessoa que incentiva essa ideologia é, sem exagerar, sócio, partícipe desta matança, desse que foi um dos crimes mais bárbaros, cruéis e repugnantes da história. E mesmo que defenda de forma gentil, num debate dito civilizado, ainda assim é perigoso e terrível! O nazismo é algo que, independentemente da forma que é expresso, contém ódio, sangue e maldade de forma intrínseca.

Nesta semana, fiquei impressionado e até me surpreenderam as palavras ditas pelo apresentador Monark, do Flow Podcast, que defendeu a criação de um partido nazista no Brasil e o fato de uma pessoa poder ser antijudeu. Acompanhando o trabalho do Flow desde o início e me recuso a acreditar que a empresa apoia o nazismo, algo que envergonha a história humana! Espero e acredito, realmente, que ele apenas tenha escolhido o pior exemplo da história moderna para afirmar sua defesa à liberdade de expressão.

Um exemplo realmente infeliz e traumático.

Liberdade de expressão requer alguns cuidados, quando se é um formador de opinião. E defender uma ideologia que incentiva o ódio, a diferença, o preconceito e a matança não é liberdade de expressão.

Participando do debate com ele, o deputado federal Kim Kataguiri também me causou profundo espanto e estranhamento. Primeiro, não se opôs a Monark; em segundo, disse que a Alemanha não deveria ter criminalizado o nazismo. Como pode um parlamentar tido como culto afirmar isso?

Urge que as pessoas, principalmente os jovens e os formadoras de opinião, visitem museus como o Yad Vashem, em Jerusalém, ou o Museu Judaico de Curitiba ou de São Paulo mesmo. Que falem com os poucos sobreviventes ainda vivos. Que escutem sua história, seu sofrimento, como perderam entes queridos. É importante uma campanha maciça de educação pois eles têm de ver, sentir, ouvir, olhar, usar todos os seus sentidos para perceber o que foi o Holocausto, o que representa o nazismo e toda a sujeira que esta palavra carrega. Algo que nunca, mas nunca, nunca mais pode existir e cuja maldade não pode ocorrer contra quem quer que seja. Carece aos ditos influenciadores um pouco de humildade e vontade de aprender sempre. Vejam, aprender mostra busca pela excelência e evolução. Quem procura se capacitar sempre é admirado profundamente. Quando não se conhece bem um tema, estude antes de falar para não propagar bobagens e depois sair por aí chorando e se arrependendo. E, mais do que isso, incentivando outros a propagarem o ódio e suas perigosas consequências. Não seja um ignorante!

Que estes casos sirvam de lição para que todos nós tenhamos mais responsabilidade pois uma palavra mal colocada, além de ser perigosa e formar posições tortuosas e mentes doentias, tem como consequência, a quem a proferiu, o duro cancelamento e a perda de reputação. Que sirva de lição. Nazismo e Holocausto nunca mais!

. Por: Rabino Sany Sonnenreich (Rav Sany), Presidente do Instituto Rav Sany e Diretor do Olami em São Paulo.

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