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04/06/2008 - 13:20

Indústria do aço debate impactos da expansão nacional e internacional


Durante o dia do 1º Encontro Nacional da Siderurgia, no Rio de Janeiro, foi destacado temas de sustentabilidade e da política industrial brasileira, com ênfase para gargalos como a infra-estrutura logística, que na opinião dos empresários do setor deve ser olhada com urgência para não atrapalhar o ritmo do crescimento brasileiro, que aponta para o desafio de criar um player forte nos próximos anos, com competitividade, sustentabilidade, qualificação e tecnologia, temas os quais estiveram presentes nas mesas de debate do encontro.

Desafios para garantir a competitividade da indústria do aço no cenário econômico global foram debatidos no 1º Encontro Nacional da Siderurgia,, dia 3 de junho (terça-feira), no Hotel Sofitel, em Copacabana, Rio de Janeiro. O presidente do IBS (Instituto Brasileiro de Siderurgia), Rinaldo Campos Soares, disse que o setor vive seus “anos de ouro”, com crescimento exponencial do consumo interno, mas precisa enfrentar questões como adequação de preços.

A expansão da siderurgia, movida pelo aquecimento do mercado interno, e seus impactos nacional e internacional foi o tema do debate que reuniu representantes das principais empresas do setor: Roger Agnelli (Vale), Wilson Brummer (Usiminas / Cosipa), André Johannpeter (Grupo Gerdau), Alfredo Huallem (Grupo Gerdau), Isaac Popoutchi (CSN), José Armando Campos (ArcelorMittal), Paulo Musetti (Votorantim Metais) e Aristides Corbellini (ThyssenKrupp Steel – CSA Siderúrgica do Atlântico).

Paulo Musetti, diretor de Negócio Aço da Votorantim Metais, disse que o setor, após 20 anos de estagnação e consumo per capita de aço entre 90 e 100 quilos, muito abaixo da média mundial, está pronto para enfrentar a concorrência e para a nova fase de expansão e consolidação, anunciada pela nova política industrial brasileira. “Precisamos reduzir conflitos ambientais, mas o principal desafio é garantir o forte crescimento da economia, com inflação baixa. É preciso investir mais em educação”, declarou.

Para Alfredo Huallem, vice-presidente executivo da Gerdau Aços Longos, o Brasil terá que saber aproveitar as novas oportunidades geradas no mercado mundial para competir com outros países dos BRIC, como China e Índia. “A China reduziu o ritmo de crescimento, de 27% em 2005 para 10 a 12% atualmente. Existe hoje na China um descompasso entre a demanda e a oferta. Já a Índia tem planos para chegar a 317 milhões de toneladas de aço em 2015/2016, mas tudo indica que não deverá chegar a 140 milhões de toneladas. Rússia e Japão também aumentaram a demanda doméstica e reduziram seus volumes de exportação”, ressaltou.

Isaac Popoutchi, diretor executivo de Relações Institucionais e Governamentais da CSN, também concorda que as indústrias siderúrgicas estão preparadas para o crescimento previsto até 2016, quando a produção nacional deverá chegar a 80 milhões, segundo projeções do IBS. Entretanto, o setor deve se preocupar com o abastecimento de energia. “O quadro é preocupante. Se São Pedro não ajudar muito, em 2010/2011, quando as novas unidades entrarem em operação, pode falta energia”, alertou. As aprovações ambientais também preocupam. “Os prazos são muito extensos e podem atrasar alguns projetos de expansão das usinas”, acrescentou.

Para José Armando de Figueiredo Campos, diretor-presidente da ArcelorMittal Brasil, as questões ambientais fazem parte de uma visão mais abrangente que o setor desenvolveu sobre sustentabilidade. Para ele, as dificuldades enfrentadas com a legislação ambiental do Brasil são favoráveis para os brasileiros na competição com outros países. “Um excelente fator de competitividade é este modelo de gestão. O Brasil tem boa legislação ambiental, só falta cumprir. O problema é a superposição de poderes (União, estados e municípios) e por isso a briga da indústria para simplificar a cobrança destas regras”.

Cenário latino-americano - Em sua apresentação sobre o novo cenário da siderurgia mundial e as perspectivas para o Brasil, Paolo Rocca, vice-presidente do International Iron and Steel Institute (IISI) e presidente da Techint, levantou alguns aspectos que devem ser considerados pelas empresas em seus planos de desenvolvimento. Segundo ele, apesar das expectativas otimistas, é preciso atentar para o risco da escassez de recursos naturais, que pode desestimular a integração global, além do aumento da inflação em nível mundial e do choque do preço do petróleo.

Aristides Corbelini, presidente e CEO da ThyssenKrupp Steel, falou sobre os investimentos realizados na e da CSA Siderúrgica do Atlântico, em construção no Rio de Janeiro. Segundo ele, a produção prevista de 5 milhões de toneladas de aço será totalmente direcionada para o mercado externo, sendo 2 milhões para a Alemanha e o restante para a União Européia. “Este projeto participará com US$ 1 bilhão no superávit na balança comercial, representando 40% das exportações de aço atualmente no Brasil”, anunciou. A nova usina deverá empregar 18 mil pessoas no fim de julho e em 2009, quando entrar em operação, terá 3,5 mil funcionários. Tínhamos um compromisso de comprar R$ 500 milhões no Rio e já ultrapassamos R$ 2 bilhões”, destacou Corbelini.

O diretor-presidente do Grupo Gerdau, André Johannpeter, disse que o Grupo cresce com constância no mercado doméstico,mas com grande foco global através de investimentos grandes para garantir o abastecimento. Ele aposta em duas tendências globais - verticalização e consolidação – para ampliar a competitividade. “O impacto dos custos da matéria-prima (minério e carvão) têm levado à verticalização, para que a siderurgia possa ser mais competitiva na cadeia”, explicou. Para Johannpeter, uma ameaça ao crescimento do setor são os problemas de logística: “O sistema logístico está estrangulado e pode ser um gargalo importante não só para a siderurgia, mas para toda a indústria brasileira”.

O presidente do Conselho de Administração da Usiminas, Wilson Brummer, destacou o novo patamar de preços das commodities mundiais e a apreciação do real diante do dólar como fatores determinantes para o futuro das cadeias produtivas de aço no Brasil. Para ele, os países da América Latina devem estar mais integrados para ser mais competitivos na siderurgia mundial. “Existe hoje uma mudança na geografia da produção de aço. Os países, por questões econômicas e não por razões ambientais, se deslocam para mais próximo das fontes de matérias-primas. O custo da logística é muitas vezes maior que a matéria-prima”, afirmou.

O presidente da Vale, Roger Agnelli, disse que a América Latina está crescendo e terá que investir mais em infra-estrutura para fazer frente a outros países. Ele anunciou que a empresa continuará investindo em parcerias com novos projetos, e já planeja uma siderúrgica no Pará, entre outros investimentos no Espírito Santo e Rio de Janeiro, mas se mostrou contrário à decisão das usinas em investir na verticalização. “Um fator de competitividade não é ter acesso à matéria-prima, mas resolver as questões de logística e produzir mais aço para atender ao crescimento da demanda interna para não perder para a China”, disse. Questionado sobre a elevação de 300% nos preços do minério de ferro (matéria-prima para a produção do aço), Agnelli informou que a tendência no setor de mineração é que os preços continuem subindo enquanto não houver equilíbrio entre oferta e demanda.

Perfil da Siderurgia brasileira - Os recordes históricos de vendas internas registrados no primeiro trimestre de 2008, puxados por grandes setores consumidores de aço, como automotivo, de construção civil e de bens de capital, levaram o IBS a rever para cima as projeções da siderurgia para este ano.

As estimativas levam em conta as novas projeções do PIB e investimentos na economia, a ser sustentados por programas de grande impacto para os setores consumidores de aço, como o PAC e a Política de Desenvolvimento Produtivo, além das projeções otimistas de investimentos privados dos grandes setores industriais.

O consumo per capita de aço no país cresceu acima da média em 2007, chegando a 129,3 quilos por habitante. Os últimos dados mundiais, de 2006, no entanto, mostram que o Brasil ainda consome menos aço que vizinhos como Chile e Argentina. Os setores de construção civil, automotivo e de bens de capital são as principais locomotivas do crescimento histórico registrado pela siderurgia brasileira.

O crescimento do setor de construção civil, puxado principalmente pelo aquecimento do mercado imobiliário a partir do aumento da oferta de crédito para empreendimentos voltados às classes C e D, tem provocado uma maior demanda de aço.

O setor se manteve como principal responsável pela alta nas vendas finais de aço bruto em 2007, com participação de 30% contra 29,8% em 2006. Somente no consumo de aços longos, a construção civil teve uma participação de 52,7% nas vendas finais de aços longos, seguido dos setores automotivo (19,5%), de bens de capital (13,2%) e de utilidades domésticas e comerciais (5%).

O encontro que contou com 600 participantes, e destaques importantes na colocação dos convidados nas mesas de debates, na abertura do evento, na noite do dia 2 de junho (segunda-feira), o secretário de Desenvolvimento, Econômico, Energia, Indústria e Serviços do Estado do Rio de Janeiro, Júlio Bueno, ressaltou a importância do setor siderúrgico no Estado, e entre as muitas demonstrações da força galopante da economia fluminense em relação a outros estados, sendo hoje o segundo maior PIB brasileiro, o Rio de Janeiro prepara investimentos em torno de US$ 180 milhões de dólares para os próximos anos, -portanto, com muito espaço para que os empresários venha se instalar no Estado, conclui Bueno.

Destaque também para a participação do secretário Ivan Ramalho, que representou o ministro do Desenvolvimento Econômico Miguel Jorge, mostrou que o o governo federal está alinhado e pronto para parceria com os empresários em prol do grande avanço do País.

Durante almoço no dia 3, destacou-se a participação do palestrante Luciano Coutinho, presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que falou da 'Política Industrial no Brasil'.

Segundo sua explanação sobre a Política de Desenvolvimento Produtivo no Brasil, cuja mesta é inovar e investir para sustentar o crescimento, dentre os destaques estratégicos da política industrial do governo federal está a ampliação das exportações, o fortalecimento das micro e pequenas empresas, a integração produtiva com a América Latina e Caribe, -com foco no Mercosul, a integração com a África, e a regionalização: descentralização da produção no País e a produção limpa e desenvolvimento sustentável.

Os programas.: Programas para fortalecer a competitividade: Sistemas geradores de encadeamentos; com potencial exportador e/ou afetados por importações mas com potencial competitivo, cujos os objetivos são posicionar os sistemas entre os grandes exportadores mundiais, e ampliar o acesso da população a bens e serviços de qualidade. Com ênfase na expansão da produção, das exportações e da capacidade inovadora: Complexo Automotivo; Bens de Capital; Indústria Naval e Cabotagem; Têxtil e Confecções; Couro, Calçados e Artefatos; Madeira e Móveis; Agroindústrias; Construção Civil; Complexo e Serviços; Higiene, Perfumaria e Cosméticos e, Plásticos.

Programas mobilizadores em áreas estratégicas: Sistemas intensivos em ciência e tecnologia, afetados por importações mas com potencial competitivo, com objetivos de construir competência e competitividade; prover acesso da população a bens e serviços de qualidade, enfatizando a promoção da capacidade e competitividade em elos relevantes da cadeia de inovação (ciência ao mercado): Complexo Industrial da Saúde; Tecnologias de Informação e Comunicação; Energia Nuclear; Nanotecnologia; Biotecnologia; Complexo Industrial de Defesa.

Programas para consolidar e expandir a liderança.: Sistemas onde o Brasil tem reconhecida competência, cujos objetivos é manter ou posicionar o sistema produtivo e empresas entre os maiores players mundiais, enfatizando a expansão da capacidade, exportação, internacionalização empresarial, e liderança tecnológica nos setores: Aeronáutico; Petróleo, Gás Natural e Petroquímica; Bioetanol; Mineração; Celulose e Papel; Siderurgia e Carnes.

Com um capítulo especial para a Siderurgia quanto metas, desafios e gestão, incluindo por exemplo o fortalecimento da infra-estrutura tecnológica; desenvolvimento tecnológico dos fornecedores de bens de capital; fortalecimento e expansão da infra-estrutura logística e aumento da oferta de mão-de-obra no Brasil.

Cujas diretrizes incluem desafios como internacionalização empresarial; elevar investimentos em inovação; fortalecer e expandir a infra-estrutura tecnológica; fortalecer a cadeia produtiva e fortalecer o desenvolvimento de tecnologias limpos.

A participação do BNDES nos investimentos projetados de 2008 a 2011 no setor da siderurgia deve consumir cerca de R$ 46,3; mineração R$ 67 e celulose R$ 32 bilhões, com parte do montante a ser desembolsado pelo banco.

A contribuição do BNDES no investimento e inovação, destaca-se pela redução dos spreads e prazos para os investimentos como por exemplo no spread básico médio, na intermediação financeira, no custo de financiamento a bens de capital, spread básico, TJLP e duplicação do prazo para o Finame de BK para a indústria.

Na inovação estão destinados R$ 6 bilhões entre 2008 e 2010, com crédito à inovação tecnológica (P&D), crédito à engenharia e á inovação empresarial e ampliação do apoio não reembolsável (FUNTEC). Com criação de nova Área de Renda Variável para investimentos e participações em empresas inovadoras.

Quanto ao desenvolvimento regional a contribuição do BNDES será o apoio prioritário à indústrias de base do Norte e Nordeste, também à um programa de dinamização regional destas regiões.

A contribuição do BNDES para o financiamento da indústria e serviços, de 2008 a 2010 será de R$ 210,4 bilhões, para o fomento da capacidade produtiva, inovação, modernização e exportação. Com 62,5 por cento em 2008, 70,2 por cento em 2009 e, 77,7 por cento em 2010.

“ Os recursos e incentivos estão assegurados”, afirma Coutinho.

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