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04/06/2008 - 13:49

Investir no Rodoanel, eis a questão

No momento em que todos comemoram um novo ciclo de crescimento econômico, que desejamos ser sustentável, é visível a constatação da defasagem de investimentos compatíveis em infra-estrutura, o que deverá trazer ao Brasil muitos problemas, dentre eles, a própria limitação ao crescimento.

Em diversos setores se constata a necessidade de avanços expressivos, com a energia elétrica tornando-se gargalo de crescimento para a indústria, com as dificuldades em se obter novas fontes de abastecimento de água, com os déficits ainda crescentes em saneamento básico, além de uma infra-estrutura aeroportuária defasada do rápido crescimento da demanda, entre outros.

Refletindo as grandes cidades, em especial as que compõem as grandes regiões metropolitanas, o município de Guarulhos, na Grande São Paulo, por exemplo, ressente-se de forma aguda de muitos desses investimentos, sendo urgentes ações com impacto a curto, médio e longo prazo. A maior preocupação refere-se aos investimentos relacionados ao transporte e ao sistema viário, já que isso ameaça diretamente a grande vantagem estratégica conquistada por Guarulhos ao longo do tempo, obtida graças às importantes estradas que a cortam (Fernão Dias, Dutra e Ayrton Senna), as quais propiciaram um acesso importante para os principais estados do país, além da presença do maior aeroporto da América do Sul (Cumbica). Esse conjunto transformou a cidade no principal pólo logístico aéreo-rodoviário do Brasil.

Essa qualificação privilegiada caracteriza Guarulhos como um pólo de atração de investimentos industriais, comerciais e de serviços, com destaque para o setor de logística e o turismo de negócios. A proximidade com a capital paulista, que deveria se somar às demais vantagens já citadas, começa a realçar seus aspectos mais negativos, como o trânsito caótico em que mergulha aceleradamente a região metropolitana de São Paulo. A situação se agrava pelas características próprias de Guarulhos, que tem um sistema viário antigo e mal planejado, que dificulta soluções baratas e induz ao uso das estradas como avenidas urbanas alternativas.

O forte crescimento econômico da cidade, superior à média nacional (é o 10% Produto Interno Bruto entre os municípios brasileiros), está exigindo continuamente novos meios e vias de acesso para a circulação de pessoas e mercadorias. No entanto, o que se percebe é que Guarulhos está progressivamente ficando isolada no setor nordeste da Grande São Paulo, à medida que o Rodoanel, a grande obra viária metropolitana, foi priorizada nos eixos oeste e sul, e devido ao retardamento de alternativas há muito anunciadas, como a Jacu-Pêssego e o Trem Expresso Metropolitano — obras estas que desafogariam caminhos, abririam mercados com a capital paulista, toda a região metropolitana, o Porto de Santos e com as outras sete grandes estradas que ligam São Paulo a todo o país e ao Mercosul.

Com urbanistas como Cândido Malta anunciando congestionamentos de 500 quilômetros em um futuro próximo, se medidas profundas não forem tomadas, temos um risco iminente de esvaziamento econômico, em detrimento de regiões que estão se beneficiando de grandes investimentos em infra-estrutura viária, como o ABC paulista e o eixo Castello Branco. Desde a inauguração do trecho oeste do Rodoanel, cidades como Osasco e Barueri tiveram o crescimento econômico mais forte da Grande São Paulo. Guarulhos, por sua vez, perdeu a segunda posição de PIB municipal, no Estado, para Barueri nesse período.

Devido a um cenário de diversas obras pautadas, mas que carecem de um forte impulso, uma reversão positiva de expectativas só poderá ser dada pela percepção imediata da importância de cada uma delas, tanto pela sociedade civil quanto pelo governo municipal. A Agência de Desenvolvimento de Guarulhos (Agende), órgão não-governamental que reúne administração pública, iniciativa privada e sociedade civil local, propõe uma ação conjunta no sentido de avaliação de prioridades, fiscalização e pressão objetiva junto aos órgãos responsáveis pelo andamento dessas obras, promovendo um verdadeiro movimento, de modo a pautar cada obra, descrevendo sua importância, oportunidades e problemas que as envolvem e coordenando um esforço das demais entidades da sociedade para, através do debate orientado por especialistas, exercer uma ação positiva que garanta e acelere um conjunto de investimentos que ataquem diretamente a ameaça que se avizinha.

. Por: Daniele Pestelli, empresário e presidente da Agência de Desenvolvimento de Guarulhos (Agende). E-mail: [email protected].

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