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Empresa mineira desenvolve sistema inovador de combate à dengue

Belo Horizonte - Uma boa dose de empreendedorismo não faria mal aos pesquisadores brasileiros. É essa a receita ensinada por Álvaro Eiras, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O pesquisador é um dos sócios da Ecovec, criada para levar ao mercado os trabalhos realizados por ele no controle do mosquito da dengue. A empresa é a primeira brasileira selecionada entre os cinco nomeados que receberão, no dia 15 de novembro, em San Jose, no Vale do Silício, Califórnia (EUA), a premiação do Tech Museum Awards 2006 na área de saúde.

Um júri composto por sete especialistas em saúde pública, medicina e biotecnologia apontou o M.I. Dengue (Monitoramento Inteligente da Dengue), sistema inovador de prevenção à doença, 'como o melhor dos melhores', em inovação tecnológica a serviço da humanidade. Outros 280 trabalhos de 58 países concorreram com a iniciativa brasileira.

O sistema consiste na união de três inovações tecnológicas: MosquiTrap, uma armadilha para capturar as fêmeas grávidas do Aedes aegypti (mosquito transmissor da dengue); o AtrAedes, um atraente sintético desenvolvido nos laboratórios da UFMG para atrair as fêmeas do mosquito; e o Geo-Dengue, software criado para realizar a transmissão, em tempo real, das informações de campo colhidas pelos pesquisadores.

Após o levantamento da área a ser monitorada e da geração de um mapa, os MosquiTraps contendo o AtrAedes são instalados em várias áreas da cidade. Através de palm tops, software de monitoramento e treinamento da equipe, é feito o acompanhamento semanal do processo, com o registro contínuo do número de mosquitos capturados em cada armadilha, durante as 52 semanas do ciclo de infestação da dengue.

Os dados das cidades mapeadas ficam disponíveis pela internet e a atualização é quase imediata em relação ao momento em que o técnico coloca as informações no sistema. Dessa forma, autoridades responsáveis por políticas públicas de contenção da doença têm acesso aos dados sempre que precisam.

Do laboratório ao mercado - Depois de terminada a fase de pesquisa, foi criada a empresa com recursos da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), vinculada ao Ministério de Ciência e Tecnologia, e o apoio do Sebrae, para transformar seus estudos em produtos e levar o conhecimento para a prática do combate à doença no Brasil. A tarefa teve a parceria de outra empresa, a Instituto Inovação, especializada em levar ao mercado os resultados de pesquisas de vários setores em troca de participação nas empresas de base tecnológica.

"Transformar os conceitos em produtos reais exigiu investimentos durante cerca de três anos", conta o administrador da Ecovec, Gustavo Junqueira. Pronta para ser utilizada comercialmente desde outubro do ano passado, a tecnologia já está implantada nos municípios de Congonhas e Frutal, em Minas Gerais, e passa por testes em Vitória, no Espírito Santo. "Nossa previsão é de que o retorno venha em cerca de quatro anos", explica Junqueira.

"A maneira como o acompanhamento do mosquito é feito hoje é a mesma do começo do século. Utilizam-se muito mais recursos humanos e os gastos são cerca de dez vezes maiores", diz o professor. Ele explica que "há pouco tempo, era incomum uma pesquisa surgir na bancada de um laboratório de universidade e ser passada para a iniciativa privada. Isso era mal visto pela comunidade acadêmica". Para Eiras, tanto o pesquisador, quanto a universidade, por meio dos 'royalties' pagos pelas patentes criadas, e a comunidade, com o acesso aos benefícios, ganham.

"É difícil encontrar pesquisadores que tenham perfil empreendedor, muitas universidades também não estão preparadas para essa junção de pesquisa e setor privado", avalia. O resultado, na opinião do professor, é uma grande quantidade de trabalhos científicos que não se revertem em benefícios para a sociedade.

Além do reconhecimento, o prêmio também deve ajudar a abrir mercado para a ainda recente Ecovec. "Na inovação, temos inerente a barreira do novo, da resistência natural a mudanças. O reconhecimento internacional será importante para que isso diminua", acredita Gustavo Junqueira.

O Prêmio - Criado em 2000 pelo Tech Museum of Innovation, o Tech Museum Award é um prêmio destinado a pessoas, empresas e organizações não-governamentais em todo o mundo que estão aplicando tecnologias destinadas a melhorar as condições humanas, de forma significativa nas áreas de meio ambiente, desenvolvimento econômico, educação, igualdade social e saúde. Na noite da entrega dos prêmios, uma única empresa será eleita a grande ganhadora de 2006.

. Por Eliza Caetano | Sebrae

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