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05/06/2008 - 11:09

Dia mundial do meio ambiente

Água: a loucura consumista e os projetos de racionalização de consumo.

Diariamente, ao abrir a torneira do lavatório de casa, recordo-me de questões que sempre estiveram no discurso de políticos e ambientalistas. A principal delas, na verdade, é a de que a água é um dos combustíveis essenciais de nossa economia. Basta olhar alguns exemplos.

A indústria do aço consome água na maior parte do processo industrial e esta é, assim, componente importante do custo do insumo, assim como a de alumínio – o setor consome energia (hidrelétricas) intensivamente e no processo produtivo também.

A indústria cerâmica consome água em seu processo produtivo, a automobilística, a de bens perecíveis, a de serviços, além da pecuária e da agricultura, consumidoras superintensivas do líquido – o agronegócio é responsável por cerca de 70% do consumo de água, segundo dados da ONU.

Enfim, consumimos água antes mesmo de comprarmos um carro, uma moto, antes também de entrarmos em metrô ou em ônibus. Quando compramos um móvel de madeira aglomerada ou compensada também já consumimos muita água.

E assim o mundo caminha. Imagine o leitor que, ao comprar um quilo de carne bovina, foram gastos cerca de 15 mil litros de água para produzi-lo!

E para finalizar, são gastos cerca de 2 mil litros de água para produzir um quilo de arroz. É possível que alguns pensem que é loucura analisar esses gastos, pois eles são imprescindíveis à vida dos seres humanos. Mas loucura maior é não se preocupar com isso. A água é um bem finito: apenas 2,3% de toda a água existente no mundo são água doce e, desse total, apenas 0,7% está disponível – o restante fica em inacessíveis geleiras e nos pólos Norte e Sul.

Nesses seis anos dos dois mandatos do presidente Lula, não foi apresentada uma linha que defina quais são os planos que o governo federal tem para a criação de um programa de racionalização de consumo de água nos vários setores citados, ou seja, siderurgia, construção civil, bancos, pecuária, agricultura, prédios comerciais, públicos, residenciais etc.

Nenhuma política norteia os empresários de cada setor; pior, nenhuma política financia ou estimula a prática e a adoção de programas de racionalização de consumo de água nesses diversos setores.

Incertezas já tínhamos durante todos estes anos e nossa ex-ministra Marina Silva que nos desculpe, mas sua leniência para com esses assuntos não foi somente culpa dela, mas também de aspones que sempre demoraram além da conta para responder aos anseios, não só de setores econômicos, mas de toda a população, quando o assunto é água.

Somente programas de uso racional de água é que evitarão o colapso do abastecimento. Mais: a falta de água causará danos monstruosos na saúde já que a cada R$ 100 milhões investidos em saneamento, por exemplo, economizam-se R$ 300 milhões no tratamento das doenças oriundas da falta de saneamento básico.O nome já diz tudo: básico é o que o País não tem e há pessoas que se orgulham em dizer que vivemos uma nova era de prosperidade e de bonança. O que o Brasil precisa é de menos discursos ufanistas e mais e melhores investimentos públicos em áreas como a adoção de programas de uso racional da água, que permitem economizar até 60% do consumo, em prédios públicos e privados, indústrias das mais diversas áreas e atividades gastadoras intensivas. Assim, poupam-se recursos, protege-se o meio ambiente, ao evitar desmatamentos para abertura de novos reservatórios e o Brasil consegue manter reservas de um bem natural que será cada vez mais escasso e estratégico neste século 21.

. Por: Paulo Costa é especialista em programas de uso racional da água e implementou mais de 350 projetos nessa área por meio de sua consultoria, H2C Planejamento, Consultoria e Implementação de Programas de Uso Racional da Água.

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