Página Inicial
PORTAL MÍDIA KIT BOLETIM TV FATOR BRASIL PageRank
Busca: OK
CANAIS

01/06/2022 - 07:02

Adoção e seus laços

O maior desejo do ser humano é o de ser amado. Diante disso, as consequências do abandono podem ser devastadoras. O efeito imediato é o sofrimento. Ele é frequentemente seguido de uma percepção distorcida de si. Também não é incomum que apareça um autoconceito disfuncional, associado à invisibilidade. O desamparo faz surgir uma ferida gigantesca, que pode ter suas consequências expandidas durante toda vida adulta.

Isso, porque toda criança e adolescente têm direito à liberdade, ao respeito e à dignidade. Quando seus direitos lhe são usurpados eles ficam expostos ao risco, a vulnerabilidade e a fragilidade. Assim, como um dos maiores desejos de alguém em desenvolvimento é se sentir seguro, quando nos sentimos rejeitados, por qualquer que seja o motivo, isso pode reverberar duramente em nossa história.

Contudo, as figuras parentais, embora sejam muito importantes para a formação saudável da personalidade, não se reduzem a biologia. Ambas as funções, paterna e materna, possuem um papel central no desenvolvimento e na estruturação do psiquismo. Entretanto, se faz necessário explicar que por função, entendem-se os operadores simbólicos que estão em jogo e não o masculino e o feminino.

Assim, a função materna está ligada ao acolhimento e a proteção e a função paterna ligada à interdição que ajuda a lançar a criança para as coisas do mundo. Desse modo, os cuidadores e as relações estabelecidas com eles são decisivos para o desenvolvimento psíquico saudável. E isso, aliado ao ambiente familiar, impacta diretamente na formação da personalidade e no bem estar subjetivo de quem é adotado.

E, se em tempos passados, imperava o modelo único de família, hoje a concepção é baseada no vínculo afetivo. Assim, adotar segue sendo um ato de amor que aumenta a chance de formação de laços significativos para a criança, tornando possível a ressignificação de situações passadas. Estar com outras pessoas com quem elas possam se identificar possibilita uma maior compreensão de sua história e reatualiza a esperança de se perceberem seguros e amados. A adoção transforma histórias.

. Por: Bruna Richter, Psicóloga graduada pelo IBMR e Bióloga graduada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Possui pós-graduação em Psicologia Positiva e em Psicologia Clínica, ambas pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

Também é formada em Artes Cênicas pelo SATED do Rio Janeiro, o que a ajudou a desenvolver o Grupo Grão, projeto voluntário que atende pessoas socialmente vulneráveis, onde através de eventos lúdicos, busca-se a livre expressão de sentimentos por meio da arte.

Seus livros infantis “A noite de Nina – Sobre a solidão”, “A música de dentro – Sobre a tristeza” e “A dúvida de Luca – Sobre o medo” fazem parte de uma trilogia que versa sobre sentimentos por vezes vistos como negativos, mas que trazem algo positivo se olharmos para eles mais atentamente. Estes dois últimos inclusive entraram para a lista paradidática de uma tradicional escola montessoriana na cidade do Rio de Janeiro.

A ideia de escrever sobre o tema surgiu, após o nascimento de seu filho, como uma tentativa de facilitar o diálogo sobre emoções que frequentemente temos dificuldades para nomear, buscando assim acolher as descobertas que a criança experimenta psiquicamente.

A paixão pelo universo dos sentimentos infantis contribuiu também para a criação do “De Carona no Corona”, folheto educativo para crianças, relacionado à pandemia.

Enviar Imprimir


© Copyright 2006 - 2024 Fator Brasil. Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por Tribeira