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07/06/2008 - 18:59

Bondinho na Comunidade do Rio atrai turistas

O bondinho do plano inclinado caiu como um presente dos céus no Morro Dona Marta, em Botafogo, inaugurado no dia 29 de maio pelo governador Sérgio Cabral, mudou não apenas o visual, visível à longa distância riscando o morro de alto a baixo, mas principalmente abriu um mundo de opções para a Comunidade Santa Marta. O plano inclinado facilita o ir e vir dos moradores e vem atraindo até turistas, inclusive estrangeiros. Através das organizações não-governamentais sediadas no local, esses visitantes pegam o bondinho e circulam pela comunidade, a exemplo da Rocinha.

Em viagens que duram em média dez minutos, o bondinho transporta gratuitamente mais de duas mil pessoas por dia e este número tende a aumentar com a intensificação da movimentação de moradores e de visitantes.

– A comunidade está recebendo mais visitas e moradores estão saindo mais para a cidade. Estão falando até em criar o pagode da estação do bondinho – informou o presidente da Associação dos Moradores da Comunidade Santa Marta, José Mário dos Santos, mais conhecido por Zé Mário.

Num intervalo de, no máximo, 15 minutos, o bondinho sobe e desce das 7h às 20h todos os dias da semana, quase sempre com a capacidade lotada – 25 pessoas no primeiro estágio, da primeira à segunda estação, e 20 daí em diante. O plano inclinado irá circular até meia-noite quando terminar a fase de ajustes.

A comunidade, especialmente quem mora do meio para a parte mais alta do morro, se beneficia em todos os sentidos com o bondinho: economiza tempo e dinheiro e ganha em cultura, lazer e qualificação profissional. Uma pessoa levava mais de meia hora para subir os mais de 800 degraus de escadarias até o pico e, quando precisava levar compras, tinha de pagar R$ 30 pelo frete por veículos, através do acesso por Laranjeiras.

– E agora as pessoas vão poder sair à noite, para ir a cinemas, teatros, shows e a outras atividades culturais e de diversão, e quem trabalha durante o dia vai poder fazer cursos noturnos – acrescentou Zé Mário.

Antes do bondinho, as pessoas precisavam programar as compras do mês para não ter de subir a toda hora com mercadorias. O que antes era um grande sacrifício, mesmo para quem mora na parte do meio para baixo da favela, o transporte das compras de supermercado hoje é tranqüilo, como mostrou João José da Silva, que mora um pouco abaixo do pico, e chgou à primeira estação carregado de sacolas. Com mais de 60 anos de idade, ele disse que fazia este trajeto há 40 anos, subindo mais de 200 degraus de escadarias.

– Hoje é uma maravilha de Deus para minha família e para todos aqui – comemorou o morador, antes de embarcar.

Como João, dezenas de pessoas com compras ou mães com bebês no colo embarcam no plano inclinado rumo a suas casas. Tem gente agora que desce até a Rua São Clemente todo dia de manhã para comprar jornal em alguma banca. Segundo Paulo Otaviano, que trabalha no bondinho, havia pessoas na comunidade que sequer saíam de casa. Ele e mais nove moradores da comunidade foram contratados para operar o plano inclinado: são dois supervisores, ele é um deles, e mais oito ascensoristas.

– Os horários de pico vão das 7h às 10h, das 11h30 às 14h e das 16h até o fim do expediente. O momento de mais alegria e algazarra é quando as crianças vão e voltam das escolas – contou o supervisor.

Implantado pela Empresa de Obras Públicas (Emop), da Secretaria de Obras, o plano inclinado também transporta cargas e lixo na parte traseira. Ele integra o projeto de urbanização da comunidade onde residem cerca de 5,6 mil pessoas. Ainda este ano, começará uma outra fase do projeto e as próximas obras serão a remoção de 54 barracos de madeira com a alocação dos moradores em casas novas, a colocação de piso sintético na quadra esportiva no alto do morro, a melhoria e ampliação de uma antiga creche no interior da favela e a construção de um imóvel para a instalação de uma unidade do projeto Centro de Internet Comunitária, do Proderj.

– A partir de 2009, serão realizadas outras obras do projeto, entre elas, a melhoria das fachadas e telhados de 618 casas e a remoção de mais de 90 casas no alto do morro, construídas numa área de risco, com o reflorestamento depois do lugar. Mas, para isso, ainda está sendo definida uma área da comunidade para construir um prédio que possa abrigar aquelas famílias – contou Carlos Eduardo Magalhães, funcionário da Emop e fiscal das obras na comunidade.

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