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28/09/2022 - 06:23

Sustentabilidade e ESG já ditam investimentos e desinvestimentos

A importância e o peso da sustentabilidade e do ESG nas organizações não são mais novidades, mas o tema vem ganhando ainda mais corpo e demonstrando que o que antes era considerado por alguns como opcional e voluntário, e que poderia esperar, já integra a principal pauta de planejamento para os movimentos corporativos no Brasil e no mundo.

Houve quem, de início, argumentasse, por exemplo, que a empresa já seguia toda a legislação social, trabalhista e ambiental aplicável, ou que alegasse que eventuais desvios eram responsabilidade de empresas terceirizadas, esquecendo-se de que seguir a lei é obrigação, e de que a terceirização não exclui a responsabilidade e nem os danos à reputação da empresa. Além daqueles que viam essa pauta como custo, burocracia e perda de foco, ou que acreditava que nem todos os negócios possuíam ligação com o tema.

Felizmente, já houve bastante evolução e amadurecimento, e poucos ainda insistem em discutir se irão implementar os desafios sociais e ambientais no seu planejamento, e no seu modelo de negócio. Pois a grande maioria já está ciente que se trata de encontrar o seu caminho, e começar de forma séria e comprometida, ainda que reduzida se necessário.

O que nem todos perceberam é que não apenas o dia a dia das empresas e as suas operações regulares, mas também os seus movimentos precisam considerar todo o contexto econômico, social e ambiental trazido pelo choque de realidade e de consciência em que vivemos.

A contratação ou a manutenção de parceiros comerciais passaram a considerar todo esse novo contexto, chegando à realização de revisões de contratos e de critérios a serem adotados por equipes de compras, que antes eram mais focadas apenas em custos.

O maior peso visivelmente está nas decisões de investimentos e de desinvestimentos, que são agora mais complexos e levam mais fatores em conta, tanto para comprar quanto para manter posições ou para vender. E nesse cenário, o ESG já é um dos principais itens de atratividade.

As operações de M&A (fusões e aquisições) e mesmo parcerias de menor porte já são fundadas na combinação de planejamento e oportunidade de negócios, com a sustentabilidade plena, tanto para compra quanto para venda. E mais ainda para o ingresso no mercado de capitais (nos IPOs).

Essa realidade faz todo o sentido, pois esses movimentos empresariais e financeiros são raramente definidos com visão a curto prazo (mesmo em casos de “distressed M&A”), e costumam considerar a expectativa e projeções do que deve ocorrer com tais investimentos ao longo do tempo, bem como os impactos das operações das empresas em sua imagem, credibilidade e fidelidade dos clientes.

A conta tornou-se mais robusta e complexa e precisa considerar o aspecto da sustentabilidade para considerar se o investimento faz sentido. O que é considerado um enorme avanço e já vem alertando empresas target a considerar que muitas oportunidades de investimento serão perdidas se não houver o compromisso com esse tema.

O antigo modelo empresarial, que privilegiava apenas o resultado e o retorno financeiro, ficou para trás, assim como os executivos que tinha essa preocupação como única, e que nem sempre se preocupavam com o custo ambiental e social que levavam a tais resultados.

A própria estrutura de gestão passou a ser mais complexa, ao considerar tanto no job description, quanto nas avaliações de resultados e nas remunerações (especialmente bônus) dos executivos e das equipes, os principais aspectos da sustentabilidade plena e do ESG.

Essa nova realidade e reforço de pauta agora passam a integrar, relatórios de sustentabilidade, reuniões com investidores e contatos com a mídia, demonstrando a realidade de novos tempos.

Inicialmente, empresas mais conscientes e responsáveis, especialmente as que já nasceram com essa identidade e com foco nesse legado, abriram espaço e trouxeram o tema para a reflexão das demais, como exemplo ou até como provocação, mas o caminho de cada instituição variou bastante, passando por pressões de todos os lados, até que se tornasse uma realidade que já não se pode ignorar.

Nem tudo está resolvido e alguns setores e segmentos precisarão de mais tempo para os devidos ajustes ou mesmo a revisão total do modelo de negócios, mas a maioria das empresas já compreendeu que precisa enfrentar séria e rapidamente essa nova ordem mundial e corporativa.

Embora ainda exista quem resista, e quem não perceba que se trata de um tema geral e para todos, e que o momento para começar é agora, felizmente vemos avanços todos os dias.

Como tudo o que ocorre no universo corporativo (bem como na vida), existem as fases melhores e as mais desafiadoras, há celebrações e há crises, mas já se compreendeu que a sustentabilidade plena não pode parar, não pode ser ignorada e não pode sair de pauta, ainda que o momento de cada empresa e a sua realidade precisem ser considerados.

Acredita-se que a chegada da pauta da sustentabilidade aos consumidores/clientes das empresas e a seus parceiros, tenha impactado muitíssimo as decisões de movimentos dos investidores e todo o mercado de M&A de forma tão profunda que já não exista mais volta, restando aos executivos e às organizações que ainda não perceberam a magnitude da questão, que passem a se informar melhor e a criar seus programas rapidamente – enquanto é tempo.

. Por: Leonardo Barém Leite , sócio sênior do escritório Almeida Advogados, especialista em Direito Societário, M&A, Governança Corporativa, ESG, Contratos, Projetos e novos negócios, Compliance e Direito Corporativo. E é também arbitro corporativo.

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