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01/10/2022 - 09:43

Cachaça e demência: duas doses por dia reduzem risco, conclui pesquisa


Nas últimas três décadas, uma série de estudos vêm demonstrando os benefícios do uso moderado do álcool na saúde das pessoas mais velhas. Nesse artigo, vamos abordar uma pesquisa recém-saída do forno para correlacionar consumo de cachaça e demência ligada ao envelhecimento.

Pesquisadores já reportaram os efeitos de uma ou duas doses diárias na redução da incidência de doenças cardiometabólicas — como obesidade, hipertensão arterial e diabetes tipo 2 — e na diminuição do acúmulo de beta-amiloide no cérebro, fator envolvido no desenvolvimento do Mal de Alzheimer.

Por outro lado, há suspeitas de que o consumo de álcool, mesmo moderado, seja um fator de risco para alguns tipos de câncer e esteja ligado à redução do volume cerebral.

Portanto, é preciso cautela ao recomendar a alguém beber “umazinha” como remédio para o corpo. (Como remédio para a alma, o devoto leitor há de convir que não há qualquer controvérsia nos benefícios da branquinha.)

Agora, um estudo de impressionante espectro, publicado na edição de agosto da revista Addiction, traz as evidências mais contundentes de que o consumo moderado de álcool ajuda a evitar todos os tipos de demência em pessoas acima de 60 anos.

Já havíamos reportado um estudo no mesmo sentido (leia aqui o post), mas esse tem característica mais abrangente e conclui por um efeito ainda mais benéfico do consumo moderado. Em adição, aponta que a dosagem mais benéfica para as mulheres não difere daquela dos homens, ao contrário de pesquisas anteriores. O estudo envolveu mais de 20 pesquisadores ligados à Universidade de Nova Gales do Sul, na Austrália. Eles se debruçaram sobre 15 levantamentos desenvolvidos em seis continentes ao longo de 40 anos, examinando dados de mais de 24 mil indivíduos.

A pesquisa procurou corrigir problemas em estudos de longo alcance realizados anteriormente, como o foco nas economias desenvolvidas. Assim, foram incluídos levantamentos realizados em países—– entre eles o Brasil — de renda média mais baixa, onde o avanço das demências senis será maior nas próximas três décadas.

Espera-se que o número de atingidos por essas condições alcance os 152 milhões em 2050, contra os 57 milhões estimados em 2019.

Cachaça e demência: a dosagem certa — A conclusão a que chegaram é contundente. O estudo não fez distinção entre bebidas, tomando por base apenas a quantidade de álcool ingerida, já que outras pesquisas concluíram que não há diferença significativa entre destilados e fermentados no que tange aos efeitos no cérebro humano.

É claro que aqui tomaremos por base o nosso destilado para apresentar os exemplos.

Segundo os dados dos pesquisadores, tomando por base uma dose de cachaça de 50 ml, se uma pessoa de 60 anos toma um quarto de dose diariamente, já terá o risco de sofrer de demência reduzido em 22% em relação a um abstêmio.

Mas o efeito se torna maior com um pouco mais de cachaça no copo. Se você toma duas doses diárias, o que na linguagem médica, é o chamado consumo “moderado-pesado” – uma nomenclatura que o estudo põe em xeque –, a redução do risco de desenvolvimento de demência foi calculada pelos pesquisadores em 38%.

Dessa dosagem, o efeito positivo se reduz, especialmente entre os homens.

“O estudo encontrou evidências consistentes indicando que a abstinência de álcool entre os mais velhos está associada a um risco maior de demência a nível internacional”, disseram os pesquisadores no artigo.

Os especialistas, no entanto, advertem que não é recomendável que os abstêmios mais velhos comecem a beber tardiamente. O que o estudo demonstra, segundo eles, é que “a redução do consumo moderado de álcool em idosos com mais de 60 anos não é uma estratégia eficaz de prevenção da demência do ponto de vista populacional ou de saúde pública”.

Em outros termos, salvo por uma recomendação expressa do médico, baseada em alguma condição específica, se você quer ver o vovô e a vovó com a mente em dia, deixe-o beber uma dose. E faça mais: ofereça a ele ou a ela uma segunda dose.

E sirva-se também de uma dose e beba com ele, porque o convívio entre as gentes que a cachaça tanto favorece é outro fator essencial para a proteção do cérebro de toda pessoa idosa. E, sempre, bebam com moderação! | Dirley Fernandes

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