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A origem da Globalização e o Mercosul


Uma boa tese científica confirma via corolário lógico ou nega o entendimento de algum processo pelo senso comum. Quando há convergência de opinião entre o que colheu a ciência e o que já existe, decorre do esforço da pesquisa aplicada, o aprimoramento dos meios visando o benefício da sociedade. Quando o contrário se verifica, a depender da importância do achado para o momento histórico e do nível cultural e de informação do ambiente em que se deu a contribuição, o passo seguinte é se empreender esforços para a mudança de mentalidade; de elaboração das leis que operam no âmbito das relações pertinentes aos conjuntos afetados pela descoberta; de objetivos; de metas; de políticas enfim.

O tempo do novo descoberto raramente é o tempo do descobridor. As grandes descobertas da ciência ultrapassam as gerações. A globalização, até que surja melhor juízo, é fruto de uma descoberta científica singular no campo econômico. Em 1953 W.W. Leontief fez uma descoberta extraordinária daquelas que dignifica e confere personalidade própria à ciência, no caso a ciência econômica e as demais ciências humanas e restaura a esperança onde havia muita fumaça. O que os economistas mais tarde denominaram por Paradoxo de Leontief. Em 1968, Chiou-Shung Yan (1), Professor e Pesquisador da Universidade da Filadélfia assim resumiu o teorema: "A economia norte-americana é conhecida pelas suas elevadas taxas salariais e pelo uso intensivo de equipamento de capital na produção. A mão de obra em geral é considerada como um fator escasso e, o capital, como um fator abundante. Assim, em geral se acredita que seu comércio externo seja baseado na troca de bens com alto percentual de capital por bens com alto percentual de mão de obra.

Foi uma verdadeira surpresa quando Leontief publicou sua descoberta de que o padrão do comércio norte-americano é exatamente o oposto da opinião comum. Verificou-se que os Estados Unidos exportavam bens de alto percentual de mão-de-obra e importavam alto percentual de capital". Não sei se Leontief ainda é vivo para testemunhar a interpretação que os economistas que o sucederam deram à sua obra.

A globalização, na essência, do meu ponto de vista, é fruto do estudo sistematizado, da pesquisa e da ciência. Sobre o seu canteiro de pilares se erguem instituições e negócios. As pessoas que nelas se agregam fazem planos e constroem expectativas, todavia, o elo forte que o une ao presente e ao futuro encontra-se na história da ciência. Este contraponto remete o texto para outra interpretação dada à globalização, a que deriva da força política dos blocos comerciais no caso particular do Mercosul. Vende mais o bloco mais organizado e mais forte em termos políticos. Desnecessário se alongar no argumento oposto: sem o apoio da política não haveria mudança alguma inclusive de mentalidade, de objetivos e de metas, todavia a atividade política ainda que exercida sob o rito e os processo pertinentes ao regime de governo democrático, tem limitações.

O Mercosul foi iniciado com Sarney um dos poucos exemplos de homens públicos do Brasil e talvez do Mundo que consegue lidar ao mesmo tempo com as exigências da atividade política partidária com a escrita elegante e de corte cultural. Um modelo idealizado por Aristóteles e Platão de homem público para a República Ideal. Se no núcleo pensante do Mercosul houvesse prevalecido este conjunto de idéias, ideais e valores sem dúvida haveria algum espaço para a ciência no ambiente estritamente político e comercial.

Tudo indica que o fracasso do Mercosul está associado ao descasamento entre o interesse imediato e o interesse de médio e de longo prazo. Da convergência entre o achismo e o que é. Entre o que é e o que não deveria ser. E da divergência entre o que é e o que deveria ser e o que tem de ser. Entre o interesse de Estado e o interesse de governo. Entre o interesse de governo e o interesse da sociedade.

De outro modo, a Assembléia do Mercosul ou de qualquer organismo de mesmo porte não funciona pelas normas que regem um sindicato se a pauta de deliberações constarem as relações sobre a essência da globalização. Aparentemente a globalização é uma zorra total, mas, apenas na aparência. As oportunidades da globalização não devem se encontradas dessa observação primeira se esta for determinante no esquema de decisão conseqüente, por outro lado, a história contemporânea da humanidade é devedora de alguma das obras ou de algumas das interpretações dominantes de alguma das obras de economistas mortos. Citem-se o Lauro Campos em Brasília. O Mario Henrique Simonsen, Roberto Campos e Celso Furtado no Brasil. O Adam Smith, Ricardo, Marx, Keynes para muitas gerações do mundo e outros.

Muita água passou debaixo da ponte depois de 1953 nos EUA e América do Norte e Central, na Europa, na Ásia, na África e na América do Sul. Sem dúvida o meio ambiente é um desses temas trazidos pela correnteza da história. No Brasil há que se incluir a forma de governo, a centralização, a distribuição de receita e de encargos e o tamanho da carga tributária. O deslocamento do trabalho. A questão regional, a distribuição de renda e o emprego.

. Por: Carlos Magno- Economista mestre em economia pela UFBA (Universidade Federal da Bahia) e Escritor/ Cofecon

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