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12/10/2022 - 06:57

Desacelere, sonhe (e produza) mais


Estudos comprovam que a ociosidade facilita o pensamento criativo. As soluções dos seus problemas podem estar embaixo do chuveiro: pesquisa atesta que a mente pode ficar mais criativa durante o banho.

Quantas vezes nos deparamos com situações difíceis, que não conseguimos resolver durante horas a fio “quebrando a cabeça” e que são quase magicamente solucionadas quando “esvaziamos nossa mente” após ter uma boa noite de sono, meditar, dar uma caminhada pela natureza ou um tomar banho quente demorado? Pesquisas feitas nos EUA, Canadá e Reino Unido comprovam que a criatividade é facilitada quando deixamos nosso cérebro divagar aleatoriamente. Além disso, atividades rotineiras, que incluem alguma movimentação, não exigem concentração e são realizadas quase que automaticamente também ampliam o fluxo de pensamentos instintivos.

Em um estudo realizado em 2001, pela Escola de Medicina da Universidade de Washington em St. Louis, EUA, foi observado que, em estado de repouso, algumas regiões do cérebro funcionam mais ativamente durante tarefas passivas do que em ações que demandam maior concentração. Neste mundo conectado, onde não temos tempo para nada e a tecnologia nos impõe um ritmo aceleradíssimo de produtividade, a ociosidade pode ser a melhor solução para deixar a sua mente mais tranquila, descansada e afiada para lidar com problemas. A relação da ociosidade mental com o aumento da criatividade também é uma das conclusões de outra pesquisa da Universidade da Califórnia, em Santa Bárbara, EUA e corroborada pelo artigo “The bright side and dark side of daydreaming predict creativity together through brain functional connectivity” (O lado bom e o lado escuro do devaneio predizem a criatividade juntos por meio da conectividade funcional do cérebro), publicado na edição de fevereiro de 2022 do Human Brain Mapping. Mais recentemente, outro trabalho divulgado pela Scientific Reports, em abril deste ano, desvendou que certas partes do cérebro ficam mais ativas quando estamos em repouso ou realizando tarefas de baixo esforço do que quando fazemos algo com muito empenho.

A resolução de problemas rotineiros e complexos e a tomada de decisões estão presentes no dia a dia de todo gestor ou colaborador de uma organização. Nesse sentido, um mundo tecnologicamente conectado, complexo, dinâmico e instantâneo traz situações ainda mais desafiadoras, que exigem de nós habilidades comportamentais mais do que técnicas para lidar com inovação e disrupção. No relatório de 2021 do Fórum Mundial, por exemplo, criatividade, iniciativa, originalidade, inovação, inteligência emocional, pensamento analítico e resolução de problemas complexos são algumas dentre as 15 habilidades do profissional do futuro elencadas pelo documento.

Sem dúvida, a direção para onde vai o desenvolvimento tecnológico e a velocidade com que ocorre possibilita que máquinas executem as tarefas, antes realizadas por pessoas, com muito mais eficiência - produtividade, rapidez e assertividade. Robôs já são capazes de absorver conhecimento técnico e padronizar respostas e iniciativas repetitivas, aumentando a performance de muitos negócios. Entretanto, por mais avançado o desenvolvimento tecnológico atual, os robôs ainda não conseguem sentir e nem criar pensamentos espontâneos, por si sós. Ou seja, sonhar, pensar aleatoriamente, divagar são características únicas do ser humano e constituem nosso maior diferencial competitivo.

Sendo assim, criatividade, inovação, pensamento resolutivo e inteligência emocional deveriam ser habilidades ensinadas nas escolas, desde os primeiros anos de aprendizagem. Mas não é isso que acontece. Tampouco nas empresas, onde o ambiente profissional é permeado por hierarquias e cadeias de comando, poucas são as oportunidades do colaborador desenvolver criatividade e pensamento inovador. Nosso maior desafio e compromisso para com as novas gerações de profissionais é preparar, seja no trabalho, na escola ou em casa, um ambiente propício para o pensamento fora da caixa, criativo e com autonomia. Que tal propor reuniões de trabalho durante caminhadas pela natureza? Realizar brainstorms na praia? Promover concursos de fantasias às sextas-feiras no escritório e definir o orçamento anual durante uma sessão conjunta de ioga?

Num ambiente onde os algoritmos se tornam partes cada vez mais importantes do nosso cotidiano, aprender a sonhar e agir fora da caixa será uma competência ainda mais relevante para desenvolver o pensamento criativo e aumentar a competitividade do seu negócio.

. Por: Denilson Shikako, CEO da Fábrica de Criatividade. 

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