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27/10/2022 - 08:44

Depois do vendaval


São formidáveis os desafios que nós, brasileiros, temos pela frente. A ponto de se deixar um pouco de lado a euforia ou desapontamento com o resultado da eleição e mergulhar rápido na realidade. Cada um trabalhando para viabilizar seus sonhos e superar obstáculos, mas ao mesmo tempo resgatando e curando o sentido coletivo de nação entre nós, pois os problemas colocados ao país, por nossa própria história ou pelo mundo, assim o exigem.

A realidade é áspera. Somos um país que nos últimos tempos, dez anos ou pouco mais, se revelou incapaz de promover um crescimento econômico consistente e alinhado com nossas necessidades demográficas e sociais. Na governança pública parece que também incapaz de planejar a longo prazo, ou cumprir planos quando existem, e igualmente falho na disciplina de seguir a trilha de um orçamento anual.

O nosso longo namoro com o desequilíbrio fiscal é um exemplo de nossa dificuldade ou esperteza com as contas públicas. Sem falar que, a julgar pelas estimativas de hoje, abriremos o próximo ano com um potencial buraco orçamentário de R$ 84 bilhões dependendo a conta, mas que poderá ser até 30% maior. Isso, considerando só as promessas da reta final da eleição, não previstas na Lei Orçamentária para 2023, que está no Congresso para aprovação.

Duas outras situações amargas de nossa realidade, e não é de agora: vimos surgir um país com milhões de famílias fadadas a viver de caridade pública, privada ou cidadã, escancarando a desigualdade; e parece que esquecemos a prioridade em investimentos para pesquisa, ciência e tecnologia, que no século 21 significam um passaporte para as inovações e para o futuro de que tanto precisamos. Duas coisas, enfim, que não podem dar em bom rumo.

Pode-se argumentar que nesse período houve pressões globais como crise do subprime nos EUA, questão climática, pandemia e guerra na Ucrânia, por exemplo. Pressões externas que até ajudam a entender, mas não explicam totalmente essas nossas heranças. No front externo, aliás, a conjuntura econômica poderá manter a pressão, já que previsões recentes do Fundo Monetário Internacional (FMI) indicam crescimento do PIB mundial desacelerando em 2023.

Economias como a dos Estados Unidos, Alemanha, Reino Unido, França, Itália, Índia e África do Sul podem diminuir seu ritmo de expansão. O mesmo podendo acontecer com a Zona do Euro, vista como um todo; e, também, para o conjunto da economia mundial. O próprio Brasil está na lista de desaceleração do FMI. Ou seja, temos a casa para arrumar e talvez em ambiente externo mais restritivo e, por tabela, mais competitivo.

Desafios gigantes, ambiente sociopolítico por harmonizar, motivação social por ativar e o fantasma da recessão em algumas economias importantes do mundo. Esse será o mergulho na realidade após o vendaval eleitoral. É claro que há outros desafios, e muitos. Mas se for possível equacionar caminhos de solução para os quatro citados neste artigo, seus ganhos serão relevantes no médio e longo prazo, inclusive para a solução de outros problemas.

De outro lado, nossas potencialidades são várias também. Como o agronegócio, bioeconomia, energia limpa, tecnologia aeronáutica e serviços culturais, entre outras áreas de expertise brasileira. Sempre lembrando: não existe economia forte e protagonismo internacional sustentável sem um mercado interno sólido e uma sociedade madura, consciente e coesa em torno de um grupo de objetivos e valores compartilhados. Essa é uma lição da história.

. Por: Coriolano Xavier, membro do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS). | .CCAS — O Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS) é uma organização da Sociedade Civil, criada em 15 de abril de 2011, com domicilio, sede e foro no município de São Paulo-SP, com o objetivo precípuo de discutir temas relacionados à sustentabilidade da agricultura e se posicionar, de maneira clara, sobre o assunto. O CCAS é uma entidade privada, de natureza associativa, sem fins econômicos, pautando suas ações na imparcialidade, ética e transparência, sempre valorizando o conhecimento científico. Os associados do CCAS são profissionais de diferentes formações e áreas de atuação, tanto na área pública quanto privada, que comungam o objetivo comum de pugnar pela sustentabilidade da agricultura brasileira. São profissionais que se destacam por suas atividades técnico-científicas e que se dispõem a apresentar fatos, lastreados em verdades científicas, para comprovar a sustentabilidade das atividades agrícolas. A agricultura, por sua importância fundamental para o país e para cada cidadão, tem sua reputação e imagem em construção, alternando percepções positivas e negativas. É preciso que professores, pesquisadores e especialistas no tema apresentem e discutam suas teses, estudos e opiniões, para melhor informação da sociedade. Não podemos deixar de lembrar que a evolução da civilização só foi possível devido à agricultura. É importante que todo o conhecimento acumulado nas Universidades e Instituições de Pesquisa, assim como a larga experiência dos agricultores, seja colocado à disposição da população, para que a realidade da agricultura, em especial seu caráter de sustentabilidade, transpareça. | Website: http://agriculturasustentavel.org.br e, redes sociais.

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