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12/06/2008 - 07:13

Um futuro diferente para o crédito

As notícias sobre as taxas de juros praticadas pelas instituições financeiras tradicionais invadem os jornais diariamente. Já estamos tão acostumados que não nos assustamos mais com os recordes divulgados quase mensalmente na imprensa. Um exemplo é a taxa de juros cobrada pelo uso do cheque especial que, em março deste ano, foi de 149,8% ao ano, a maior desde setembro de 2003, quando chegou a 152,2% anuais. Os juros no crédito pessoal caíram, passando de 52,6% em fevereiro, para 50,5%, em março. Uma queda inexpressiva porque o cidadão que pedir R$ 1000,00 emprestados, ao final de um ano, pagará R$ 1.500,00. Ou seja, é muito dinheiro. Ainda assim, os dados, divulgados pelo Banco Central parecem mais não assustar.

O brasileiro está tão acostumado aos custos dos serviços bancários que não se dá conta do que tem que pagar. Muitas vezes, paga sem usar.

Por isso, a ação do Banco Central de tornar mais transparente a cobrança de tarifas vai ajudar o consumidor nas suas escolhas e deve ser louvada. A partir deste mês todas as instituições financeiras são obrigadas a deixar claro para o cliente o Custo Efetivo Total (CET) dos empréstimos. A padronização da nomenclatura e a limitação dos serviços que podem ser tarifados pelos bancos também já estão em vigor e são medidas importantes para aumentar a concorrência no sistema financeiro, tendo em vista que vai colaborar para o consumidor comparar as tarifas.

No entanto, apesar destas tentativas de melhorar o nível de transparência dos bancos, defendemos que o sistema de crédito cooperativo ainda é mais vantajoso em relação às taxas praticadas pelas instituições financeiras. A grande maioria das pessoas ainda não conhece esse democrático sistema que busca propiciar qualidade de vida aos cooperados, por meio do crédito consciente e do estímulo à cultura da poupança.

Na prática, isto significa dizer que um associado a uma cooperativa usufrui dos mesmos serviços de um banco, mas paga um preço justo. Vale citar o caso da Creditaipu, de Santa Catarina, que calculou, na ponta do lápis, a economia de um cooperado em relação ao mercado financeiro tradicional. Denominado Resultado Social Econômico 2007, o estudo compara as taxas da cooperativa com as praticadas no mercado financeiro. A diferença foi de 36,08%. O cálculo permitiu quantificar que a economia total proporcionada aos cooperados ao longo de 2007 foi de R$ 9 milhões. É um dinheiro que ficou no bolso do associado.

Na outra ponta, os bancos continuam engordando seus lucros. Há quem pense que preço alto é sinônimo de qualidade. Mas esta não é uma verdade absoluta. Muitos bancos, pelo grande número de clientes, não consegue dar um atendimento diferenciado e personalizado, como acontece nas cooperativas de crédito. É por isso que as reclamações contra os bancos aumentaram 22,71% no mês de março (3.553 queixas), em relação ao mesmo período do ano passado (3.245 reclamações). Os motivos mais freqüentes, de acordo também com o Banco Central, se concentram no atendimento e fornecimento de documentos.

Nas cooperativas de crédito, os cooperados são donos. É como se eles fossem os acionistas de um banco. A opinião de cada um é aceita em assembléia e tudo é decidido democraticamente. Ainda, quando o associado vai solicitar um empréstimo na cooperativa, ele é cercado de todas as informações que necessita para fazer a escolha certa: tanto das taxas da cooperativa, como das opções do mercado. Recebe também orientação quanto ao seu orçamento – o melhor momento de poupar ou de fazer o crédito, e, dessa forma, consegue planejar os empréstimos. O cálculo do valor a ser emprestado segue uma série de critérios, incluindo a movimentação que faz na cooperativa e o tempo que é associado, o que permite traçar um perfil financeiro que mostra quanto ele pode retirar de recursos sem comprometer seu orçamento. Ou seja, a determinação do valor a ser emprestado é personalizada, consciente.

Sem dúvidas ainda temos um longo caminho a percorrer para conscientizar a população sobre as vantagens do cooperativismo de crédito em relação aos bancos. Começar mostrando as vantagens é um passo essencial e que pretendemos conseguir com a educação financeira que muitas cooperativas já realizam para seus associados e também nas escolas de seus filhos. Queremos prover as futuras gerações com informações, para que estejam conscientes e construam um futuro diferente do que vivemos hoje, do lucro infinito dos bancos em detrimento à qualidade e excelência no atendimento.

. Por: Manoel Messias da Silva, presidente da Central de Cooperativas de Crédito do Estado de São Paulo e vice-presidente da Confederação Sicoob Brasil

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