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11/11/2022 - 08:16

Setor calçadista desacelera e deve crescer 1,6% em 2023, diz Abicalçados


A inflação mundial, a escalada dos juros norte-americanos e o endividamento crescente das famílias brasileiras devem ter impacto no crescimento do setor calçadista em 2023. Em 2022, o crescimento deve ser na faixa de 3,9% na produção, enquanto no próximo ano o incremento deve ser mais tímido, na faixa de 1,6%. Esses e outros dados foram divulgados ontem, dia 9, durante o Análise de Cenários, evento digital realizado pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) que contou com apresentações da coordenadora de Inteligência de Mercado da entidade, Priscila Linck, e do doutor em economia e consultor setorial Marcos Lélis.

Na primeira parte do evento, Lélis destacou que a inflação mundial, impulsionada pelos problemas logísticos pós-covid 19 e agora pelo conflito no Leste Europeu, somada ao desaquecimento de grandes economias mundiais, caso dos Esta—os Unidos e Zona do Euro, devem ser determinantes para a menor dinâmica de crescimento para o setor calçadista em 2023. — Na tentativa do controle inflacionário, também assistimos os Estados Unidos aumentarem os juros, o que tem impacto no câmbio — comentou. Segundo ele, neste cenário de desaquecimento da economia mundial, as previsões de crescimento para o PIB do mundo em 2023 estão sendo revistas para baixo. —Em 2023, o mundo deve crescer apenas 2,7%, pior resultado nos últimos três anos — disse.

Lélis ressaltou, ainda, que a economia brasileira acompanha a dinâmica mundial e que vem em desaceleração já nos últimos meses de 2022. —No Brasil, se somam aos problemas macroeconômicos, o endividamento das famílias, que está em 80%, número recorde. Isso tem impacto direto no consumo, já que as pessoas optam por consumir o básico para subsistência— avaliou, ressaltando que hoje, a cesta básica consome 59% do valor do salário mínimo, bem acima do patamar histórico. —Em 2018, o salário mínimo consumia 47% do salário —disse. Na tentativa de conter a inflação brasileira, a alta dos juros também é uma realidade com impacto importante nos investimentos. Atualmente com uma inflação acumulada de 7,2% nos últimos 12 meses, o Banco Central vem aumentando a Selic. “O Brasil tem a maior taxa de juros entre os países do G20, com exceção da Argentina. Para 2022, devemos fechar com uma taxa de 13,75%, ao passo que em 2023 não devemos notar grande redução, encerrando na casa de 11,25%—projetou Lélis. Com o cenário, segundo o consultor, o PIB brasileiro deve crescer 2,76% no ano corrente e apenas 0,68% em 2023.

Calçados — Na sequência, Priscila Linck destacou o cenário especificamente para o setor calçadista. —Aqui, somam-se aos problemas econômicos já listados, a queda da importação dos Estados Unidos, a crise argentina e a retomada das exportações chinesas, que têm impacto nos nossos principais mercados para calçados — disse. Segundo ela, entre janeiro e setembro deste ano, a produção de calçados alcançou 621 milhões de pares, 4,7% mais do que no mesmo período do ano passado. A dinâmica de crescimento, no entanto, tem arrefecido nos últimos meses do ano. Para 2022, a economista projeta um crescimento de 3,9% na produção de calçados, fechando o ano com 851 milhões de pares produzidos. Já para 2023, a previsão é de um crescimento mais tímido, de 1,6%. —Manteremos uma tendência de crescimento acima dos outros setores econômicos. O PIB brasileiro de 2023 deve crescer 0,7%, então temos o dobro de crescimento — destacou Priscila.

O reflexo do crescimento do setor em 2022 se deu diretamente no aumento do nível de emprego. Entre janeiro e setembro, a atividade gerou 44 mil novos postos de trabalho, encerrando o período com mais de 310 mil pessoas empregadas diretamente, o melhor registro em sete anos.

Exportações — A exportação, que teve papel determinante no crescimento da produção de calçados ao longo de 2022, deve diminuir ao longo do próximo ano. Entre janeiro e outubro, o setor exportou 119 milhões de pares, que geraram US$ 1,1 bilhão, incrementos de 20% em volume e de 55% em receita na relação com o mesmo período do ano passado. Porém, Priscila destacou que o mercado já vem refletindo o desaquecimento internacional e o aumento da concorrência chinesa nos últimos dois meses registrados. Em setembro, na relação com mesmo mês de 2021, a queda em pares foi de 6%, enquanto que em outubro essa mesma queda ficou em 12,7%. Já as exportações de calçados da China vem em incremento, tendo aumentado quase 11% no período. — A tendência para 2023 é que as exportações percam participação na produção brasileira. Chegamos a um coeficiente de exportação de 17,4% da produção, muito superior aos patamares históricos. Para 2023, esse coeficiente deve se ajustar e ficar em 15,4%, o que também denota o aumento do peso do mercado doméstico —projetou a coordenadora.

Segundo Priscila, em 2022 as exportações devem crescer cerca de 14% em relação a 2021, em pares, totalizando mais de 133 milhões de pares embarcados ao exterior. Já para o próximo ano, deve haver uma queda de 5,7% no comparativo com 2022, embora o setor siga positivo em relação à pré-pandemia, em 2019, em 15,3%. —O aumento da participação das importações chinesas, principalmente em mercados importantes para o nosso calçado, como Estados Unidos e Argentina, terá impacto significativo — destacou.

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