A importância das boas práticas na demissão de funcionários

A desaceleração macroeconômica e o aumento da concorrência têm feito com que startups locais e estrangeiras vivam um cenário adverso em relação a investimentos, o que tem culminado em demissões em larga escala. O próprio Mark Zuckerberg acaba de anunciar a demissão de mais de 11 mil pessoas na Meta, dona do Facebook.

A demissão será feita por e-mail e, depois disso, cada funcionário afetado terá a oportunidade de falar com alguém para que suas perguntas sejam respondidas e participem de sessões de informação. Na semana passada, Elon Musk demitiu mais de 3 mil funcionários do Twitter também pelo email.

O ecossistema de inovação no Brasil também vem sentindo, há algum tempo, a desaceleração mundial no mercado de investimentos e, a fim de diminuir gastos, várias empresas de tecnologia anunciaram desligamentos no quadro de funcionários.

No dia 07 de novembro, por exemplo, a startup Dock começou uma demissão em massa. Segundo relatos, alguns dos funcionários foram desligados remotamente e tiveram a interrupção imediata de acesso aos sistemas de e-mail. As demissões em áreas como marketing, recursos humanos e operações legais. Outros que também demitiram recentemente foram a Hotmart, Warren, SoftBank, QuintoAndar, Sami, Loft, Kavak, Sanar, entre outras.

Quaisquer que sejam as razões, há algo na realidade das startups que vem gerando esses cortes cada vez com mais frequência, o que chama a atenção aos procedimentos de demissão. Momento desafiador

O momento de dispensa de um colaborador costuma ser delicado e desafiador para a empresa. Por essas razões, dentre tantas outras, é essencial que o processo de desligamento seja realizado através de uma demissão humanizada, que traz, inclusive, benefícios para ambos. É o que muitos têm denominado de offboarding, que envolve o processo de desligamento de um colaborador, seja por decisão da empresa ou por opção do próprio funcionário. Segundo pesquisas da Sales Benchmark Index (SBI), profissionais de RH passam oito vezes mais tempo estruturando o processo de admissão do que o de desligamento. Já dados da Aberdeen Strategy & Research revelam que apenas 29% das empresas entrevistadas possuíam um offboarding estruturado, mostrando que existe uma oportunidade sendo desperdiçada.

Ao implementar o offboarding, você reduz a probabilidade de conflitos com o ex-colaborador, seja com demandas judiciais ou outras atitudes vingativas contra a empresa. A demissão, se bem estruturada, melhora a imagem da organização no mercado e retêm novos talentos, juntamente com o uso de outra metodologia, a outplacement.

Trata-se de uma metodologia que visa instruir e capacitar os colaboradores que foram demitidos da empresa para que possam ser realocados profissionalmente no mercado. Isso facilita a reinserção do profissional no mercado e diminui os impactos que o desligamento causa na organização.

Para o colaborador, os benefícios desse processo são diversos. O outplacement é uma forma de apoio emocional e melhora de sua auto-estima, além de poder contribuir para com o aumento do networking.

Ainda há de se pensar nos cuidados jurídicos da ocasião. Empregadores devem tomar todos os cuidados necessários, como se certificar de todos os pagamentos que devem ser realizados ao colaborador.

No caso dos empregados CLT, por exemplo, é necessário verificar todos os benefícios e as verbas rescisórias a que eles têm direito. Além disso, é importante que os pontos altos da conversa com o funcionário sejam documentados, preservando a segurança jurídica da instituição.

. Por: Lorena Lage, Advogada especialista em direito de startups e fundadora do L&O Advogados. | Lage & Oliveira Sociedade de Advogados, fundada pelos advogados Lorena Lage e Robert Oliveira, o escritório atua como preventivo jurídico, realizando uma imersão em todos os detalhes da empresa, para trabalhar de dentro para fora a estruturação de negócios inovadores.

Enviar Imprimir