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19/11/2022 - 10:11

Empresas do setor de árvores cultivadas investem R$610 milhões em startups


Em rota inovadora. Projetos se desenvolvem em florestas, indústria, reciclagem e com comunidades vizinhas, além opções verdes para produtos de origem fóssil.

Com mais de 50 anos unindo sustentabilidade e visão de futuro, o setor de árvores cultivadas vem aumentando seus esforços para levar inovação dentro e fora de suas operações. Muitas empresas do setor possuem em seu modelo de negócio estratégias que miram a atuação junto a startups e grandes investidores. De acordo com o levantamento da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), as organizações de base florestal possuem investimentos em curso no valor de R$610 milhões para parcerias com startups.

Responsáveis pela fabricação de produtos essenciais como embalagens de papel, tecidos, fraldas, pisos laminados e painéis de madeira originados de árvores plantadas para fins produtivos, as companhias do setor investem em startups e companhias inovadoras para auxiliar em melhorias de seus processos e produtos que envolvam toda a cadeia de valor. Segundo dados da 100 Open Startups, entre julho de 2021 e junho de 2022, o número de companhias que contrataram startups cresceu 30% e os negócios somaram R$ 2,7 bilhões em contratos no período, colocando o Brasil no topo do modelo de open innovation (inovação aberta) no mundo.

Dentre as estratégias a longo prazo, as iniciativas das empresas estimulam soluções de bioeconomia a partir de florestas cultivadas, que ressaltam aplicações de tecnologias para produtos e processos, contribuindo para a promoção de uma economia de baixo carbono e a expansão do setor florestal em diferentes mercados, com diferentes itens e novas rotas tecnológicas, tanto que os negócios investidos têm ampla atuação nacional e internacional, nos quatro cantos do mundo como Brasil, Canadá, Estados Unidos, Finlândia, Israel, México, Singapura, Suécia, entre outros países.

— A inovação está no DNA do setor de árvores plantadas. Este olhar para o futuro aliado com o trabalho sustentável nos permite dizer que estamos com os dois pés na bioeconomia. Parcerias com startups colaboram para que as associadas à Ibá estejam atentas às rápidas transformações do mundo e a um passo à frente delas. O ambiente de empreendedorismo contribui para o movimento por meio de ações diretas com comunidades vizinhas ou devido a ganhos de eficiência na cadeia produtiva que fazem avançar a fabricação de itens sustentáveis —comenta o embaixador José Carlos da Fonseca Jr., diretor executivo da Ibá.

No trabalho de acelerar rotas de desenvolvimento disruptivo, as organizações entendem que o processo de inovação é conjunto e mais eficiente se realizado entre esforços. O caminho é acompanhar essa transformação, que deve estar na mentalidade da liderança e no cotidiano da empresa, compartilhar valor e estar em sintonia com as necessidades da sociedade com o planeta e o meio ambiente.

O amplo investimento da indústria no ecossistema de startups fomenta um ambiente de pesquisa e inovação, oportunidades para jovens empreendedores e cientistas. São essas ações que ajudam no desenvolvimento de bioprodutos, compartilhamento de riquezas e soluções com as comunidades, além de melhoria na eficiência das operações. Juntas, as empresas geram ganhos em diversas áreas como floresta, indústria, logística, jurídico, backoffice e até na etapa pós-consumo com inovação na reciclagem; mas também impactam positivamente os brasileiros e brasileiras com operações que auxiliam a superarem alguns desafios de infraestrutura básica.

Algumas iniciativas valem destaque. A Dexco, por meio de parceria com o ecossistema de inovação brasileiro “AgTech Garage”, promove pilotos com startups para, com tecnologia, mensurar em tempo real a qualidade da madeira que está no pátio, levantando dados como umidade, densidade, entre outros. Já a Gerdau tem parceria com as startups nacionais Siatel, Brisa Robótica, M&M e RGA para, em diferentes etapas, diminuir os finos de carvão vegetal, um subproduto sustentável da indústria, com a finalidade de aumentar a qualidade e rendimento. A parceria com estas startups foi iniciada por meio de programas de inovação aberta, que têm como objetivo buscar soluções para os desafios de negócio da empresa. A Irani, com o trabalho conjunto com as startups suecas, Katam Technologies e AgroData, busca, por meio de dados, aumentar a qualidade de seu plantio e sua colheita, chegando ao exato diâmetro de madeira desejado.

De olho em prover alternativas ainda mais amigáveis ao meio ambiente, a Klabin adquiriu parte da israelense Melodea, especialista em extração de celulose nanocristalina. Uma possível aplicação da nanocelulose é em barreiras para gases e líquidos em embalagens de papel, substituindo camadas de plástico ou alumínio em caixas de leite, por exemplo. Isto torna o produto ainda mais reciclável e biodegradável. A empresa também atua com a LedCorp, visando monitorar os ativos em rota de manutenção via tecnologia RFID.

O Brasil já é considerado o maior reciclador de papel do mundo e, a Papirus, junto à também brasileira CleanTech Polen, implantou um projeto para estimular ainda mais a recuperação do material. A partir da parceria foram criados os créditos de reciclagem, um modelo de rastreabilidade da origem dos materiais reciclados recebidos das cooperativas e de outras fontes, que permite ao consumidor rastrear de onde vem o material reciclado e possibilita às marcas a utilização dos créditos gerados nesse processo de reciclagem.

A Softys foi além de seus muros e olhou para uma fragilidade da comunidade vizinha, em Caieiras (SP). Juntamente com a mexicana Isla Urbana beneficiou mais de 200 pessoas que não tinham acesso à água tratada. Com o projeto, foi possível implantar um sistema de captação de água da chuva, tratamento para tornar a água potável e armazenamento adequado.

A Suzano, ao lado da startup brasileira B2Blue, está implementando um projeto para aperfeiçoar o controle dos resíduos gerados em seus armazéns logísticos — por meio da venda e redirecionamento desses resíduos para reciclagem —, visando garantir a destinação correta e uma mensuração mais adequada a esse material. Em setembro de 2022, início dos testes, foram coletados 750 kg de resíduos como tampa pallets, filme strech, entre outros materiais. A expectativa é que esse número salte para duas a três toneladas nos próximos meses e, para 2023, a ambição das empresas é escalar este controle para todos os armazéns logísticos da Suzano.

Com o avanço das parcerias com startups, o setor florestal se desponta com projetos e ações que caminham sobre os trilhos do conceito ESG. Essa indústria é um exemplo de como é possível aliar produção, tecnologia, inovação e sustentabilidade para solucionar desafios do campo e da indústria, atendendo também o consumidor. As empresas possuem práticas de sustentabilidade conectadas às metas globais e a tendência é que o país avance nessa agenda.

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