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O Futuro G-13 – Parte 2: os quatro graves problemas mundiais


A última cúpula do G-8 aconteceu de 15 a 17 de julho de 2006 em São Petersburgo na Rússia, onde no último dia de reunião, o Brasil pelo terceiro ano consecutivo, participou como país convidado. Além do presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva também participaram como convidados o primeiro-ministro indiano, Manmohan Singh, o ex-presidente mexicano, Vicente Fox, o presidente chinês, Hu Jintao e o presidente sul-africano, Thabo Mbheki. Os presidentes do Cazaquistão e da República do Congo também estavam presentes, o primeiro representando a Comunidade dos Estados Independentes (CEI) e este último representando a União Africana (UA).

Cabe lembrar que a própria entrada da Rússia no G-8, ocorreu na reunião de cúpula em Birmingham, no Reino Unido, em 1998, após a Federação Russa ter participado das reuniões de cúpula do G-7 (Grupo dos Sete) como convidado por vários anos. Os líderes de sete países desenvolvidos e de seis países em desenvolvimento serão os responsáveis pelo destino do mundo no séc. XXI e por mudar a política externa com um novo pensamento mundial. Os cidadãos, a sociedade civil organizada, as empresas e as Organizações Não-Governamentais (ONGs) dos treze países envolvidos precisam expor seus pensamentos, idéias, críticas e soluções sobre os rumos do planeta no séc. XXI.

A previsão não é nada otimista em um mundo repleto de desigualdades sociais e econômicas. Sugere-se que os tópicos fundamentais da próxima cúpula dos líderes das nações do G-8 (chanceler da Alemanha, Angela Merkel; presidente dos EUA, George W. Bush; primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe; primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair; presidente da França, Jacques Chirac; primeiro-ministro da Itália, Romano Prodi; primeiro-ministro do Canadá, Stephen Harper e o presidente da Rússia, Vladimir Putin) sejam os quatro principais problemas do mundo: I. A Pobreza Mundial | II. O Desemprego Global | III. A Violência Internacional e IV. O Aquecimento Global.

Entre 6 a 8 de junho de 2007 em Heiligendamm, na Alemanha, espera-se que os líderes do G-8 formalizem o convite oficial aos líderes da China, Índia, México, Brasil e África do Sul para formarem o futuro G-13.

A Pobreza Mundial - Quem é considerado pobre no mundo? Segundo o Banco Mundial, quem ganha menos de um dólar por dia vive na pobreza extrema. Já quem ganha menos de dois dólares por dia vive na pobreza. Calcula-se que atualmente, 1,2 bilhão de pessoas estão vivendo em situação de pobreza extrema. Hoje, 2,7 bilhões de pessoas estão vivendo na pobreza, ou seja, com menos de US$ 2 por dia. Segundo o Banco Mundial, a China conseguiu avanços notáveis na luta contra a pobreza extrema, o contingente de pobres caiu de 606 milhões em 1981 para 212 milhões em 2001. A Índia tem cerca de 350 milhões de pessoas sobrevivendo com menos de US$ 1 por dia. Cerca de 31 milhões de russos vivem abaixo do nível de pobreza. Nos EUA tem 37 milhões de pessoas abaixo da linha da pobreza, cerca de 4,35 vezes do que o contingente populacional no Haiti, o país mais pobre da América.

O Brasil é um país rico, mas com uma grande parcela da população vivendo na pobreza. Segundo o IBGE, são 57 milhões de pobres no País. O presidente Lula constitui o Programa Fome Zero no início de 2003. Essencialmente um Cartão-Alimentação que transferiria R$ 50 por mês a pessoas pobres comprarem alimentos e foi implantado em mais de 1.200 municípios. Em outubro de 2003, o presidente Lula lançou o Programa Bolsa-Família, que unificou vários programas de transferência de renda (Bolsa-Escola, Bolsa-Alimentação, Auxílio-Gás e Cartão-Alimentação). O Bolsa-Família distribui R$ 95,00 mensalmente para cerca de 12 milhões de famílias pobres beneficiadas, como condição à presença da criança na escola pública e o cartão de vacinação em dia. Mais de 42 milhões de brasileiros recebem R$ 95,00 por mês e consomem mais arroz, feijão, macarrão, frango etc., mas não têm acesso à educação e à saúde de qualidade e sem acesso ao saneamento básico. Os pobres não têm acesso aos bens e serviços essenciais nos 5.563 municípios brasileiros.

O Desemprego Global - É preciso falar de uma crise global de desemprego. Sabe-se que o crescimento econômico por si só não é suficiente para reduzir significativamente o desemprego nem tão pouco garante redução rápida da pobreza. Com exceções é óbvio. Por exemplo, no Vietnã nos últimos quatros anos o PIB vietnamita cresceu a uma taxa anual de 7,8% e o nível de pobreza caiu de 58% para 19% na década de 90.

Quais são os caminhos para combater os índices alarmantes de desemprego no mundo? A redução do desemprego nos próximos quinze ou vinte anos dependerá em muito dos investimentos em educação; em P&D (Pesquisa e Desenvolvimento); em infra-estrutura; em turismo; em cooperativas e em esportes. Dependerá também da redução abrupta dos gastos com armas.

Com a globalização estão sendo realinhados os papéis da sociedade civil, da iniciativa privada e do Estado. A revolução técnico-cientifíca com a maior utilização da informática, da robótica e da biotecnologia provocou uma reestruturação no mercado de trabalho, acelerando a redução da força de trabalho no setor primário, incrementando a redução do trabalho direto na indústria e reduzindo em larga escala a burocracia e outros serviços em todas as formas de organização.

Segundo o IBGE, são mais de 12 milhões de desempregados no País. O Brasil precisa reduzir a taxa básica de juros (hoje a taxa Selic é de 13% a.a., sem viés) e a carga tributária (hoje cerca de 38% do PIB) para geração de novos empregos. O Brasil tem a maior taxa real de juros do mundo! O Brasil é o 2º país com maior carga tributária sobre rendimentos do trabalho no mundo, com 42,2%. O índice brasileiro só é menor que o da Dinamarca, com 43,1%, mas a população dinamarquesa é bem mais servida pelo Estado do que a brasileira. Os dinamarqueses têm excelentes serviços de educação, saúde, segurança, transporte e habitação.

Mesmo com o aquecimento da economia mundial nos últimos seis anos, não caiu o desemprego internacional. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), "aproximadamente 191,8 milhões de pessoas estão desempregados ao redor do mundo em 2005. Sendo 112,9 milhões de trabalhadores homens e 78,9 milhões de mulheres. A maior taxa de desemprego foi no Oriente Médio e Norte da África com 13,2%. A segunda maior taxa continua sendo da África Sub-saariana (9,7%). Países da Europa Central e do Leste e CEI o índice de desemprego foi de 9,7%. Na América Latina e Caribe o índice do desemprego foi 7,7%. Na região que engloba a UE e as economias desenvolvidas a taxa de desemprego foi de 6,7%. No Sudeste da Ásia e Pacífico a taxa foi de 6,1%. Já no Sul da Ásia a taxa foi de 4,7%. E o menor índice de desemprego foi no Leste da Ásia com apenas 3,8%".

A Violência Internacional - O mundo permanece mergulhado na violência ano após ano. A violência generalizada é um dos principais problemas que vários países enfrentam hoje. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a cada ano, mais de 1,6 milhões de pessoas no planeta perdem a vida violentamente. Segundo dados recentes da ONU, o índice de homicídios foi de 149,5 assassinatos por cem mil habitantes no Iraque em 2005. Em 11 de setembro de 2001 os EUA sofreram terríveis ataques terroristas que resultaram em 2.816 pessoas mortas".

Na França em novembro de 2005 os jovens desempregados e excluídos incendiaram mais de nove mil carros. Desde 1979 no Afeganistão já morreram 1,5 milhão de pessoas por causa de 27 anos ininterruptos de guerra. Na Colômbia mais de 40 mil homicídios nos últimos 42 anos de guerra civil.

O aumento da violência no Oriente Médio foi o principal assunto da cúpula entre os líderes do G-8 em São Petersburgo. O presidente russo, Vladimir Putin, engrossou a fileira dos Chefes de Estado e Chefes de Governo que condenaram a ação militar israelense ao Líbano e, assim como o presidente francês, Jacques Chirac, sinalizou a preocupação com a possível elevação dos preços do petróleo no mercado internacional. Lembre-se que, por causa da crise internacional do petróleo de 1973, surge em 1975 o Grupo dos Seis (G-6), que em 1976 se tornou o G-7, com a entrada do Canadá. O presidente Lula também demonstrou muita preocupação com a nova onda de violência no Oriente Médio (que resultou em 1.200 mortos no Líbano e 200 mortos em Israel) ao expor suas propostas de transformar o etanol em uma commodity e de incentivar o consumo de outros recursos renováveis, como o biodiesel e o H-Bio, onde o Brasil é líder mundial na tecnologia de biocombustíveis. Sua exposição contou com a simpatia dos presidentes Bush e Chirac.

Os ataques criminosos do PCC (Primeiro Comando da Capital) no Estado de São Paulo em maio de 2006 provocaram cenas horríveis e mais de 100 mortos. Em dezembro de 2006, terríveis ataques do crime organizado no Rio de Janeiro (sede dos Jogos Pan-americanos de 2007) resultaram em 19 pessoas mortas. São mais de 52 mil brasileiros assassinados a cada ano. Cerca de 145 homicídios por dia. "O Brasil está freando o crescimento econômico com o aumento assustador da violência urbana e rural nas cinco regiões do País.".

O Aquecimento Global - Os líderes do futuro G-13 conduzirão a humanidade para um novo pensamento mundial, pois as mudanças climáticas causadas pelo aquecimento global estão causando muitas mortes e enormes perdas econômicas. Nos últimos 100 anos aumentou em 0,7º C a temperatura média anual da Terra. Os cientistas do clima mundial afirmam que o aquecimento global está ocorrendo em função do aumento de gases poluentes na atmosfera, principalmente de gases derivados da queima de combustíveis fósseis nos transportes. Estes gases (em especial o dióxido de carbono) formam uma camada de poluentes, de difícil dispersão, causando o efeito estufa. O desmatamento e a queimada de florestas provocam também o efeito estufa devido aos gases (dióxido de carbono, monóxido de carbono e óxido de nitrogênio) lançados na atmosfera.

A humanidade está sofrendo com os furacões, tufões, ciclones, queimadas, enchentes, secas, nevascas, ondas de calor e tsunamis. Mais de 20 mil pessoas morreram devido às ondas de calor na Europa em 2003. Mais de 225 mil mortos nos tsunamis no Sul da Ásia em dezembro de 2004. Mais de 1,3 mil pessoas mortas por causa do furacão Katrina nos EUA em agosto de 2005.

Os EUA são o maior poluidor do mundo, com 15,8% da emissão de gás carbônico e outros gases que formam o efeito estufa. Os EUA produzem 25% dos automóveis do mundo e consomem 30% da produção mundial de petróleo. Os EUA e a Austrália não ratificaram o Protocolo de Kyoto em 1997. O Brasil é o 4º maior poluidor do planeta com 5,4% das emissões de gases do efeito estufa, devido ao desmatamento e às queimadas, principalmente na Floresta Amazônica. É fundamental combater a poluição, criar novos padrões de consumo, intensificar o reflorestamento, aumentar o uso de fontes de energia como eólica e solar, ampliar a coleta seletiva de lixo e reduzir a emissão global de gases poluentes na atmosfera. Recentemente, os países-membros da UE decidiram reduzir as emissões do dióxido de carbono em 20% até 2020.

Os líderes dos mais ricos e influentes países precisam dialogar mais sobre o uso racional da água na Terra. Segundo o PNUD (2006, p. 2), "Hoje, cerca de 1,1 bilhão de pessoas dos países em desenvolvimento têm um acesso inadequado à água potável, e 2,6 bilhões não dispõem de saneamento básico". É fundamental evitar o desperdício da água, um recurso natural cada vez mais escasso na Terra e que em breve será uma commodity. O Brasil detém 12% da água doce do mundo. De acordo com o PNUD (2006, P. 135), "As estatísticas nacionais relativas ao Brasil colocam este país perto dos lugares do topo no clube dos países com maiores reservas de água no mundo. No entanto, milhões de pessoas que habitam no vasto ‘polígono seco', uma região semi-árida que abrange nove estados e 940.000 quilômetros quadrados do Nordeste experimentam regularmente faltas de água crônica". É preciso incentivar os trabalhadores e as empresas na prática da responsabilidade socioambiental. Para o PNUD (2006, p. v), "Todos os anos, cerca de 1,8 milhão de crianças morrem em resultado direto de diarréia e outras doenças provocadas por água suja e por más condições do saneamento básico". Com a utilização de hidrômetros residenciais, industriais e de irrigação em todo o mundo, aliada a tecnologia em medição de água, diminuirá significativamente o desperdício de água.

Os principais problemas internacionais (pobreza, desemprego, violência e aquecimento) não param de crescer e passam ser ameaças mundiais. No mundo globalizado, onde as decisões deixam de ser locais, regionais e nacionais, passando a ter influência e interferência nas decisões mundiais de hoje e do amanhã, onde o acesso às informações e o conhecimento passam a ser por demais importante em todas as áreas, sobretudo, nas Ciências Econômicas. Através da Economia os cidadãos terão a oportunidade de agregar conhecimentos e formar uma consciência crítica, possibilitando entender, analisar, apoiar, ou não, a decisão do seu país em plena era do conhecimento.

Considerações Finais - Com base nos dados recentes do PNUD, os países-membros do futuro G-13 apresentam os EUA como o maior PIB e o mais alto PIB per capita. A China tem a maior população. O Canadá tem o maior IDH e a menor população. O Japão tem a maior esperança de vida ao nascer e a menor taxa de mortalidade infantil. A Rússia tem a mais alta taxa de alfabetização de adultos. Já a África do Sul tem o menor PIB e a menor expectativa de vida. Enquanto a Índia tem o menor PIB per capita, o mais baixo IDH, a mais baixa taxa de alfabetização de adultos e a mais alta taxa de mortalidade infantil.

Dos sete indicadores analisados neste artigo, o Brasil está em posição de desvantagem em todos. Em quatro indicadores (PIB, PIB per capita, taxa de alfabetização de adultos e taxa de mortalidade infantil) o País encontra-se em 11º lugar. Já em dois indicadores (IDH e esperança de vida ao nascer) a nação brasileira apresenta-se em 10ª posição. A melhor colocação foi o 4º lugar em População Total. Constata-se também que as seis nações de baixa e média renda per capita têm 65,6 anos na esperança de vida ao nascer contra os 79,6 anos das sete nações de alta renda per capita. Os países de alto PIB per capita têm apenas 19,9% da população total do G-13, mas desfrutando de 84,6% do PIB total do G-13. Em contraste, os países de médios e baixos PIBs per capita com 80,1% da população total do G-13, produzindo apenas 15,4% do PIB global do futuro G-13.

Conforme mencionado na primeira parte deste artigo, aponta-se o surgimento do grupo de países formado por Rússia, Brasil, China, África do Sul e Índia (RBCAI). Criando uma expectativa em torno desses cinco países com desenvolvimento humano médio, e prevendo que antes de 2050 serão integrantes do grupo dos países com desenvolvimento humano elevado, ou seja, IDH maior que 0,800.

Temos que ter estratégias inteligentes e decisões eficientes e eficazes para erradicar a pobreza mundial, reduzir o desemprego global, diminuir a violência internacional e reduzir as emissões globais de gases poluentes que provocam o aquecimento global. Temos que conquistar a paz mundial, aumentar a produção da riqueza global e melhorar o padrão de vida da maioria da população mundial. O grande desafio global é diminuir a distância entre os países desenvolvidos e os em desenvolvimento, e principalmente, reduzir o abismo entre as pessoas ricas e pobres nos países em desenvolvimento.

Os líderes das nações do futuro G-13 devem considerar a proposta do primeiro-ministro do Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte, Tony Blair, pois será muito benéfica para o Brasil como para a China, a Índia, a África do Sul e o México. Como já mencionado na segunda parte deste artigo, o G-13 adotará uma estratégia de longo prazo que mudará a política externa e que assumirá deste modo mais formalmente um novo pensamento mundial. O G-13 terá uma participação mais ativa nos assuntos internacionais e na responsabilidade global para disponibilizar mais recursos humanos e materiais para prestar socorro às vitimas de desastres naturais em todo o planeta. A visão humanística dos problemas globais exige soluções globais na construção de um mundo melhor.

Entretanto, os países-membros do G-8 transformados em G-13 com a entrada da China, Índia, México, Brasil e África do Sul, precisam atuar com o compromisso de promover o crescimento econômico com desenvolvimento social preservando o meio ambiente para os atuais 6,5 bilhões de habitantes da Terra e, sobretudo, para as futuras gerações. Em 2030, a população mundial será de 8,1 bilhões de pessoas, já em 2050 deverão existir 9,4 bilhões de habitantes, segundo dados da ONU. Enfim, as treze bandeiras oficiais do futuro G-13 serão testemunhas do clamor e das futuras conquistas da humanidade antes da metade do século XXI. | Crédito da foto: Ricardo Stuckert/PR

. Por: Paulo Galvão Júnior, Economista e Assessor Técnico do Corecon-PB e Rodrigo de Luna Barbosa é estudante de Economia da UFPB/ Cofecon

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