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16/06/2008 - 10:27

Pesquisadores estudam interferência de minerais no hormônio da tireóide

Um estudo realizado por profissionais do Departamento de Alimentos e Nutrição Experimental da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP (FCF-USP) pretende verificar se a exposição ao mercúrio acarreta alterações na concentração de selênio no organismo e se estas alterações podem interferir também nos níveis dos hormônios da tireóide.

Participam do estudo 90 mulheres saudáveis, com idade entre 19 e 40 anos que não sejam gestantes ou lactantes e que não façam uso de suplementos alimentares. As participantes foram divididas em dois grupos. O primeiro é formado por voluntárias que têm contato com o mercúrio, e o segundo, chamado grupo controle, onde as avaliadas não têm contato com o metal.

Segundo a nutricionista Maritsa Carla de Bortoli, responsável pelo estudo, “as mulheres são entrevistadas sobre seus hábitos de vida, estado de saúde e recebem material impresso para as anotações sobre o consumo alimentar. É realizada a coleta de sangue, de cabelo e das medidas antropométricas. Após todas as análises, as mulheres receberão os resultados dos exames, bem como aqueles referentes ao consumo alimentar”, explica.

Para a nutricionista, a relação entre o mercúrio, o selênio e o hormônio da tireóide pode ser explicada pelo fato do selênio realizar ligações estáveis com o mercúrio. Isto impede que o mercúrio seja absorvido. Porém o selênio também não é absorvido. Este processo pode acarretar numa redução do selênio disponível ao corpo para realizar suas funções.

“Se detectarmos que estas alterações existem, poderemos sugerir formas de melhorar o estado nutricional relativo ao selênio. Assim, poderia ser minimizada a carência deste mineral em conseqüência da contaminação por mercúrio, e também os problemas acarretados pela redução dos níveis circulantes do hormônio da tireóide ativo referente a estes casos”, explica.

O selênio é um mineral que participa de diversos processos metabólicos por meio de enzimas, desde a remoção de radicais livres até a conversão do hormônio da tireóide em seu estado ativo. Além destas funções, também é considerado um fator protetor contra a intoxicação pelo mercúrio, sendo que a exposição do ser humano ao metal pode ocorrer por meios antropogênicos (quando o homem é responsável pela contaminação) e naturais (em locais onde o solo é rico no metal).

Avaliação dos Níveis Sanguíneos do Hormônio Tiroidiano Ativo (T3) e do Estado Nutricional Relativo ao Selênio de Mulheres Residentes em Áreas de Exposição ao Mercúrio é o trabalho de doutorado de Maritsa Carla de Bortoli e da orientadora professora Silvia M. F. Cozzolino, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP e da co-orientadora professora doutora Déborah I.T.Fávaro, do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares da USP.

Concentração de selênio em solo pode ter relação com funcionamento da tireóide - O solo das cidades de São Paulo e Fortaleza está sendo estudado por médicos, nutricionistas e biólogos. Sabe-se que o solo da capital paulista tem pouca concentração de selênio, enquanto o solo da capital cearense é rico na concentração deste mineral.

O objetivo da pesquisa é avaliar a influência do consumo de dietas pobres e ricas em selênio em pacientes portadores de doenças da tireóide, como hipertireoidismo (excesso de hormônio da tireóide) e hipotireoidismo (diminuição do mesmo hormônio).

Para elaborar a estudo, os pesquisadores tiveram como base a ingestão de feijão, alimento rico em selênio. Segundo a professora Carla Soraya Maia, doutoranda do Laboratório de Minerais-Nutrição do departamento de Alimentos e Nutrição Experimental Faculdade de Ciências Farmacêuticas e professora de Nutrição da Universidade Estadual do Ceará, “o estudo com feijões nos indicou que a região Nordeste tem uma concentração de selênio no solo muito maior que a do sudeste, fazendo com que o estudo fosse comparativo da dieta total das duas cidades. A escolha deste alimento foi importante, pois a pesquisa está sendo realizada com pessoas atendidas pelo serviço público, em geral com baixa renda e que têm consumo elevado de feijão na dieta”.

Cerca de 180 pessoas farão parte do estudo que envolverá a Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP, a Faculdade de Medicina da USP e a Universidade Estadual e Federal do Ceará.

A intenção dos pesquisadores é analisar os hormônios tireoidianos, o consumo alimentar, a concentração de selênio no plasma e nas hemácias dos pacientes; dosar um biomarcador para selênio e avaliar uma enzima responsável pela transformação do hormônio T4 da tireóide em T3 e verificar se o consumo alimentar influência na quantidade de selênio encontrada em cada uma das diferentes regiões. A análise será feita através do sangue e urina dos participantes.

Segundo a professora Carla Soraya Maia, “o selênio age como antioxidante, varrendo os radicais livres. Também é responsável por manter adequados os sistemas de oxidação do organismo”.

Selênio - O selênio é um mineral essencial para o funcionamento do organismo humano e está presente em diversas células do corpo, como rins, fígado, baço e pâncreas. O mineral atua como um antioxidante, impedindo a atividade dos radicais livres, que prejudicam o DNA.

O selênio é vital para a conversão dos hormônios tireóideos, necessários para o funcionamento adequado de todas as células corporais, de uma forma menos ativa (chamado de T4) para sua forma ativa (conhecida como T3). Além disso, o selênio é essencial à manutenção de um sistema imunológico saudável, ajudando o corpo a se defender contra bactérias e vírus perigosos.

Os benefícios da ingestão do selênio são conhecidos por proteger o corpo de uma série de doenças, como problemas cardíacos, acidente vascular cerebral e envelhecimento.

O selênio pode ser ingerido através de alimentos como feijões, cereais, nozes e castanhas, em especial a castanha do Brasil.

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