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15/12/2022 - 07:10

Atitudes de intolerância reforçam o preconceito no mundo do esporte


O evento esportivo mais grandioso nos lembra que o preconceito no mundo dos esportes escancara, de tempos em tempos, a discriminação racial, social, étnica e de gênero nos gramados, nas quadras e nas competições. No Catar, a Copa começou com inúmeras atitudes e situações em que somos colocados frente a frente com pensamentos e atitudes de intolerância.

As polêmicas envolvendo o país árabe começaram bem antes da bola rolar em campo, a exemplo das críticas ao governo não democrático, leis que desrespeitam os direitos humanos, homofobia e operários trabalhando em condições análogas à escravidão nas construções para o evento.

Os exemplos de intolerância e discriminação alternam locais e personagens, vítimas, acima de tudo, da incompreensão e do desrespeito pelo ser humano. No Catar, em meio às restrições contra cidadãos da comunidade LGBTQIA+, os jogadores planejavam usar uma braçadeira com a mensagem “One Love” e as cores do arco íris. A resposta da Federação Internacional de Futebol (FIFA) veio em duas cores: no verde, fazendo uma alusão a punições financeiras e no cartão amarelo para os capitães que entrarem em campo com o símbolo.

E vale lembrar que a própria FIFA havia estabelecido multa de 20 mil francos suíços, entre outras penalidades, para associações que cometessem atos discriminatórios. Infelizmente, o que estamos acompanhando na prática é que a própria entidade está endossando a discriminação.

Tratar o preconceito com a devida importância e clareza não deve se restringir ao futebol (paixão nacional) e às atitudes de intolerância que vergonhosamente estamos acompanhando no Catar, mas sim incluir os atletas profissionais das mais variadas modalidades. Na copa, em jogos olímpicos e em outras competições, os atletas almejam resultado, vitória, espírito de equipe. A nós, e também a eles, cabe a emoção, a surpresa, o deslumbramento frente ao desempenho.

No Brasil, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) criou uma comissão de combate ao racismo e violência, formada por 46 membros, que representam mais de 30 entidades, entre elas a própria FIFA, a Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol), as federações estaduais, os clubes e o Ministério Público. A representação dos atletas fica a cargo do ex-goleiro Aranha, vítima de preconceito durante a carreira e que se tornou ativista na luta contra o racismo.

O Comitê Olímpico Internacional (COI) aprovou que os direitos humanos serão levados em conta nos processos relacionados à administração, cadeia de suprimentos da entidade, representação de atletas e esporte seguro e inclusivo, antes mesmo de decidir os países anfitriões de futuras edições das olimpíadas. O exemplo do COI poderia ter sido seguido pela FIFA ao avaliar candidaturas de países como o Catar.

Apesar dessas iniciativas importantes, os retrocessos persistem. A Federação Internacional de Natação (Fina) anunciou que mulheres transgênero, que fizeram transição após os 12 anos de idade (puberdade masculina), não podem participar de competições internacionais. Uma regra transfóbica bastante preocupante. O debate sobre essa questão permeia questões científicas e a desconstrução de um preconceito secular pautado na binaridade.

O respeito ao ser humano, em suas mais diversas formas de existência e expressão, é um dos principais desafios da sociedade contemporânea e para um futuro justo e igualitário da humanidade. Aprendemos ao longo da vida sobre as atrocidades cometidas por ignorância, preconceito e motivos torpes. Não podemos, em hipótese alguma, contribuir ou permitir que tais situações voltem a se repetir.

. Por: Patricia Rechtman, co-fundadora da Finplace

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