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CANAIS

16/06/2008 - 13:46

Cabelos brancos? até os canalhas envelhecem

Por mais chocante que pareça, o título acima contém um fundo de verdade e alguns alertas para nossa reflexão.

Apesar de vivermos em pleno século XXI, muitas organizações ainda não adotaram os critérios da meritocracia em suas políticas de Gestão de Pessoas, tais como Avaliação de Desempenho; Carreiras e Sucessões; Remuneração, entre outras.

Com base no velho jargão militar de que “antiguidade é posto, posto é galão e galão não se dá à cabra safado”, os processos de reconhecimento e recompensa dessas empresas privilegiam o tão conhecido “tempo de casa”, como se este fator, por si só, garantisse maior capacidade de liderança e o alcance de resultados.

Por outro lado, encontramos culturas organizacionais que adotam o paradigma diametralmente oposto, o que também não é necessariamente verdade. Tais empresas acabam jogando o “bebê fora com a água do banho” ao estabelecer uma idade limite que serve de “expulsória”, sob o pretexto de que a simples renovação de seu quadro funcional garantiria a elevação da performance organizacional.

Quais seriam as alternativas para este problema?

Procurar um ponto de equilíbrio, valorizando o valor intrínseco das contribuições ao invés da mera procedência das idéias, ou seja, oferecer as mesmas oportunidades de participação, tanto para os “veteranos” quanto para os “calouros”.

Estaríamos assim abolindo o pretenso conflito de gerações, através da adoção de uma filosofia de vasos comunicantes, de modo a permitir que ambas as faixas etárias atuassem numa perspectiva de complementaridade sinérgica, evitando desta forma a competição radical e predatória em decorrência da limitação para os bem sucedidos.

Seria também uma forma de garantir espaços para que as práticas e modelos ultrapassados fossem questionados pelo “sangue novo” que está chegando. Estes, por ter seu imaginário descolonizado e sem compromissos com o “status quo”, tendem a pensar “fora da caixa” e romper com paradigmas obsoletos.

Não estamos defendendo a tese de que mente arejada é prerrogativa das novas gerações, pois há muito jovem que possui raciocínio binário, dicotômico e maniqueísta, em decorrência de sua postura reducionista e superficial.

Analisemos, por exemplo, o tão conhecido programa de trainees, mantido por várias organizações já há um bom tempo. Conquanto o objetivo desse programa seja garantir uma reserva de talentos para o processo sucessório de médio e longo prazo, não raras vezes traz, como efeito colateral indesejável, o que poderíamos denominar de “síndrome do príncipe herdeiro.” Caracterizada pelo imediatismo com que aspiram chegar “ao trono”, a geração da era digital demonstra freqüentemente pouca paciência para perceber que não adianta apressar o rio, ele corre sozinho e em seu próprio ritmo.

Em contrapartida, as gerações com mais “quilometragem” no mundo corporativo dispõem de um repertório de experiências que poderia servir de anticorpos para se evitar a mera reedição de erros do passado. Não é a toa que dizem que “el diablo sabe más por viejo do que por diablo”.

Conclusões: Gostaria de deixar claro que este artigo não tem a intenção de fazer apologia ao desrespeito àqueles que já adentraram a terceira idade, até por reconhecimento à contribuição que deram ao progresso da humanidade.

Na realidade, meu objetivo foi ressaltar que esse respeito não é um direito garantido, a priori, para todos os que tenham vivido mais anos, cronologicamente falando.

Mas convenhamos, poucas coisas são mais repulsivas e desanimadoras do que a falta de caráter, exatamente por parte daqueles que deveriam dar mostras de maturidade, servindo de exemplo e colaborando para que a inexorável corrida de revezamento entre as gerações ocorra sem traumas ou retrocessos.

A propósito, eu tenho quatro filhos, com 36, 34, 33 e 31 anos, todos muito bem sucedidos em suas respectivas áreas profissionais, aos quais, respeito e admiro e por quem sou respeitado, na condição de um sexagenário assumido e feliz.

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