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24/05/2023 - 08:29

Volume importado de químicos cresce acima de 10% no 1T23


Produção, vendas internas e demanda caem em igual período, retirada do REIQ e inserção de produtos na LETEC ajudam a explicar o cenário preocupante.

Os resultados preliminares dos principais índices de volume dos produtos químicos de uso industrial encerraram o primeiro trimestre de 2023 com decréscimos em relação a igual período do ano anterior. Produção recuou 11,45%, vendas internas caíram 6,6% e o consumo aparente nacional (CAN), resultado da soma da produção e da importação, menos a exportação, declinou 0,8%.

A menor produção também impactou expressivamente o nível de utilização da capacidade instalada, que recuou sete pontos percentuais na média dos primeiros três meses de 2023, ante igual período do ano passado, ficando em apenas 69%, o que representa uma ociosidade preocupante de mais de 30%.

Por outro lado, o volume de importações, dos mesmos produtos, teve alta de 10,7% nos primeiros três meses do ano, sobre igual período de 2022, passando a ocupar uma fatia maior do mercado doméstico, de 41%, contra 37% nos primeiros três meses de 2022.

Os grupos de produtos com as maiores altas nos volumes de importações foram intermediários para fertilizantes, petroquímicos básicos e resinas termoplásticas (sobretudo pela inserção desses produtos na LETEC, em agosto do ano passado). No caso dos dois primeiros grupos analisados, se houvesse competitividade e disponibilidade de gás natural no País, essas importações poderiam ser evitadas ou minimizadas. No terceiro grupo, o efeito da retirada do Regime Especial da Indústria Química (REIQ) sobre o setor químico, em meados do ano passado, bem como da redução das alíquotas do imposto de importação de algumas resinas termoplásticas, a partir de agosto de 2022, em um cenário adverso e de agravamento da competitividade local, justificam a piora do dinamismo do mercado interno. Vale pontuar a decisão recente do governo federal de retirada das resinas termoplásticas da Lista de Exceções à Tarifa Externa Comum (LETEC), a partir de 1º de abril de 2023, corrigindo essa distorção, mas ainda sem reflexos nos resultados apresentados.

Segundo Fátima Giovanna Coviello Ferreira, diretora de Economia e Estatística da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), para completar este quadro interno, a indústria se ressente fortemente com o ambiente internacional, de instabilidade, com alta da inflação em diversos mercados, além do conflito entre Rússia e Ucrânia, que modificaram a dinâmica de preços dos energéticos no mercado mundial. —Por fim, muitas novas capacidades entraram no mercado americano e chinês nos últimos meses, contribuindo para um desbalanceamento momentâneo entre a oferta e a procura por produtos químicos justamente em um cenário adverso da economia nacional e internacional — complementa a executiva.

Na análise dos últimos 12 meses encerrados em março de 2023, sobre os 12 meses imediatamente anteriores, os principais índices de desempenho dos volumes também são negativos: produção caiu 7,05%, consumo aparente nacional recuou 4,6%, enquanto as importações foram inferiores em 4,7%. O índice de vendas internas, que apresentava ligeiro acréscimo de 0,17% nos 12 meses findos em fevereiro, inverteu o sinal, passando a apresentar resultado negativo de 0,78% no período. Já a utilização da capacidade instalada ficou em 69% nos últimos 12 meses encerrados em março de 2023, mantendo mesmo nível operacional de 2022 (70%); e o volume de exportações recuou 18,7%.

A diretora da Abiquim afirma que o setor tem sofrido com a falta de competitividade e o fechamento de diversas plantas que utilizavam o gás natural como matéria-prima principal, como isocianatos, metanol, amônia e uréia, além de não terem sido realizados investimentos em novas capacidades produtivas e, como consequência, o País se tornou quase 100% dependente de importação desses produtos. —Apesar do cenário ruim dos últimos anos, o país precisa aproveitar a vocação natural e as vantagens comparativas que dispõe, em especial em termos de abundância de recursos naturais, tanto de gás quanto de matérias-primas e energia de fontes renováveis —ressalta.

Ferreira completa, enfatizando que além de encaminhar importantes reformas estruturais ainda no primeiro semestre do ano, como a tributária, o país precisa também atacar outros custos que afetam a indústria. —Uma oportunidade de transformar esse cenário está refletida no andamento do Programa Gás para Empregar, anunciado pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), que pode tornar o Brasil mais competitivo, atraindo inúmeros investimentos que estão, há tempos, represados, ajudando na reindustrialização do País, uma das metas do atual governo. Garantia de energia e matéria-prima são os principais fatores para atração de investimento na química e o Brasil tem toda a possibilidade de oferecer essas possibilidades —finaliza.

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