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18/06/2008 - 10:35

“Quando eu vi”, de Claudia Jaguaribe


“Vi que não há natureza, Que natureza não existe, Que há montes, vales planícies, Que há árvores, flores, ervas, Que há rios e pedras, Mas que não há um todo a que isso pertença, Que um conjunto real e verdadeiro. É uma doença das nossas idéias”. In “Poemas Completos de Alberto Caeiro”, XLVII.

H.A.P. Galeria apresenta, a mostra “Quando eu vi”, com fotografias feitas por Claudia Jaguaribe em viagens feitas há dois anos dentro da mata Atlântica, Amazônia e Pantanal. O conjunto de 18 imagens fotográficas se soma a um objeto – uma caixa de luz com 15 imagens – e a uma vídeo-instalação. A artista revela uma leitura particular de um cenário em risco de extinção.

Fotografias da mata montadas lado a lado, reproduzindo a visão da artista no momento do registro, e imagens manipuladas da mesma paisagem formam um jogo no qual realidade e ficção se fundem para confundir o espectador. “É uma combinação de paisagens. Quando a pessoa olha, fica difícil perceber o que é real e fictício”, diz a artista.

Em busca de discutir a relação natureza-civilização, Claudia Jaguaribe fotografou estantes com livros, como símbolo do conhecimento humano, sua história, seus registros, documentos e narrativas. Ao trabalhar digitalmente essas imagens, fundindo-as com as fotos feitas da mata brasileira, a artista se deu conta que o contorno da estante com os livros formava um skyline. O observador pensará que ela fotografou conjuntos de prédios, o que não ocorreu.

Questões filosóficas e reflexões sobre a história da arte guiaram a artista no projeto “Quando eu vi”. Paisagem e natureza são temas clássicos na pintura, e têm lugar significativo na história da fotografia. Ao confundir o espectador sobre os limites do que é ou não real, a artista revisita os conceitos que nortearam pintores e fotógrafos em toda história da arte.

Mas há também um viés de engajamento no trabalho de Claudia Jaguaribe, relacionado ao próprio processo cognitivo do olhar. “Quando você olha uma foto, tem duas opções de percepção. Ou percebe o detalhe, ou se afasta e observa o conjunto. É a maneira como a gente vê. Não existe o olhar ingênuo, e hoje em dia você não tem mais a referência do real. A fotografia contemporânea possibilita isso”, afirma.

A segunda questão filosófica importante em “Quando eu vi” se dá quando Claudia Jaguaribe lembra que as pessoas habituadas à vida urbana têm pouco contato com a natureza. Portanto, têm uma idéia do que pode ser uma mata, mas não têm a vivência desse espaço. Como este é um cenário em risco de destruição, é possível que sua referência passe a ser apenas as coleções de imagens clicadas por artistas e fotógrafos. “Qual a nossa relação com a natureza?”, questiona a artista. “Não existe natureza sem a narrativa. E a natureza tem um caráter fundador da existência. Vivemos um excesso de fragmentação em todos os sentidos. E a natureza é um elo, só que fugidio”.

Quando eu vi, de Claudia Jaguaribe, com visitação a partir de 23 de junho a 02 de agosto de 2008, de segunda a sexta, das 11h às 18h; sábado, das 12h às 17h, na H.A.P. Galeria, Rio, Rua Abreu Fialho, 11, Jardim Botânico – Rio de Janeiro (RJ). Telefones: (21) 3874-2830 / 3874-2796 / 3206-0174.

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