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18/06/2008 - 10:43

Japoneses e índios

A chegada dos japoneses no Brasil está comemorando cem anos e esta população só vem crescendo, cada vez mais integrada à sociedade brasileira, despontando, entre seus descendentes, políticos, empresários de renome, profissionais liberais como médicos e dentistas, entre outros, artistas em todos os segmentos e nas faculdades garantem, vestibular a vestibular, os primeiros lugares e um grande contingente de novos alunos.

Sua cultura está também plenamente integrada via culinária e outras formas, bem como sua indústria e suas empresas estão presentes em todos os segmentos. Esta colônia, a maior fora do Japão, é um dos maiores exemplos de sucesso de um povo que chegou a uma terra desconhecida e, nesse curto período de tempo, permitiu aos seus integrantes uma nova e excelente qualidade de vida. Muitos dos que aqui chegaram eram pessoas simples e com grandes dificuldades financeiras.

Já os nossos índios, que estão aqui há milhares de anos e que foram apresentados a uma cultura européia há mais de cinco séculos, continuam à margem da sociedade e da modernidade. Estudos antropológicos, características físicas e, principalmente, algumas palavras e costumes apontam que os indígenas, provavelmente num passado longínquo, tiveram a sua origem no mesmo ramo da raça nipônica. Então, o que vem ocorrendo com essa vasta população? Continua segregada do resto dos brasileiros, vem diminuindo ano a ano e é explorada de todas as formas, em troca de uma pseudo preservação de suas origens, costumes e cultura. Os índios morrem à mingua, sem acesso à medicina, escolas e a todos os confortos que a sociedade moderna disponibiliza. Viraram bichos de zoológico e são meras distrações para turistas, religiosos e interessados em suas riquezas florestais e em seu subsolo — que hoje representa mais de 13% do território nacional —, ou seja, temos nações muito pobres dentro da nossa própria nação. Esta população também tem suas próprias leis que, em vez de a protegerem, preservam, sim, um apartheid muito similar ou ainda pior do que aconteceu com os aborígines australianos até meados do século passado.

Deveríamos nos espelhar no exemplo americano, onde encontramos índios que sobreviveram ao massacre de seus antepassados, em uma situação de perfeita integração com a sociedade, e que preservam fielmente sua cultura em festivais e museus. No Brasil, infelizmente, foi implantada uma política preservacionista e reacionária, mantendo esses legítimos brasileiros na maior ignorância possível — uma atitude cômoda para nossos governantes, principalmente para órgãos públicos, como a FUNAI e seus colaboradores, que dizem preocupar-se com os nossos índios, mas estão é sim muito mais apreensivos em manterem seus cargos e salários.

O mundo mudou e vem evoluindo cada vez mais rápido. Será que não dá para começar um programa de integração imediatamente? Ou vamos continuar mantendo estas pessoas do jeito que estão? Qual a razão para tal isolamento e segregação racial?

Gostaria muito que os meus descendentes pudessem estar presentes nas comemorações de cem anos da real inclusão destes brasileiros na sociedade em que estarão vivendo, ou será que ainda terão estes “gentios” de aguardar mais 500 anos para se sentirem reais brasileiros?

. Por: Sylvia Romano, advogada trabalhista, responsável pelo Sylvia Romano Consultores Associados, em São Paulo. E-mail: [email protected] .

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