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18/06/2008 - 10:46

O candidato republicano e a política externa

O paradigma da montanha e da planície é uma ótima referência para compreender a visão que os norte-americanos têm de seu lugar no mundo. Eles se colocam no topo da montanha e olham o resto do mundo de cima.

Essa idéia está claramente sistematizada pelos republicanos da Filadélfia. Seguindo perspectiva similar, o candidato John McCain gosta de citar Alexander Hamilton, que profetizou o futuro dos Estados Unidos: um povo fadado a conduzir os destinos da humanidade. Segundo McCain, os americanos realizaram ao longo da história os presságios de seus heróis fundadores, superaram poderosos obstáculos como o nazismo e o comunismo, as ameaças à sobrevivência da nação e à manutenção do estilo de vida estadunidense. Diante do exposto, o candidato republicano, uma vez eleito presidente, não alterará a concepção que historicamente caracteriza os presidentes norte-americanos. Em outras palavras, eles pretendem continuar na montanha e deixar o resto do mundo na planície.

Sabe-se que não há diferença substancial entre a agenda proposta pelo atual presidente e a delineada por McCain. A prioridade continuará sendo a segurança. O discurso é muito semelhante: derrotar o radicalismo islâmico. Neste item, a distinção reside no fato do candidato defender uma ação mais profissional e eficiente, capaz de derrotar a contra-insurgência, o maior inimigo dos Estados Unidos tanto no Iraque, como no Afeganistão. Assim, com o republicano na presidência, a guerra vai continuar. A sua proposta é aumentar a capacidade de ação militar e civil na região.

Todavia, o discurso belicista é acompanhado por uma concepção menos isolacionista. A sua meta é recuperar a capacidade de articular alianças, isto é, compartilhar os interesses hegemônicos estratégicos com a Europa. Aconselhado por assessores, McCain coloca a restauração da Aliança Atlântico com países europeus, desgastadas depois de oito anos da administração George W. Bush.

A Ásia ocupará espaço destacado em uma possível gestão McCain. O continente é definido com a região de maiores oportunidades para a economia norte-americana. Dessa forma, o seu governo vai se esforçar para os Estados Unidos aumentarem sua capacidade de influenciar os países de interesse central, como a Índia, Japão e, especialmente, China. Esse último país, aliás, precisa ser um forte aliado dos EUA. As duas nações não podem ser adversárias. A aliança para McCain deve beneficiar os dois lados.

O seu governo não medirá esforços para a liberalização do comércio na Ásia. Nesse sentido, investirá na conclusão de acordos de livre comércio com a Malásia e Tailândia; fará funcionar com capacidade plena o acordo comercial com Coréia do Sul e a institucionalização de parcerias econômicas com Índia. Na ótica de McCain, a liberalização do comércio trará benefícios equânimes para os norte-americanos e asiáticos.

Como presidente, o candidato afirma que não medirá esforços para preservar a liderança econômica dos Estados Unidos no mundo globalizado do século XXI e ser uma peça central nos negócios internacionais. A promoção do livre comércio é definida como vital para prosperidade norte-americana.

A América Latina ocupa um espaço pequeno se comparado ao da Europa e da Ásia. O México parece ser a prioridade. A questão que mais preocupa é a imigração ilegal e o avanço dos cartéis que promovem o tráfico de drogas para os EUA. Além dos imigrantes e traficantes de drogas, o governo McCain combaterá os governos que promovem o anti-americanismo, notadamente Fidel Castro e Hugo Chávez. Em relação a Cuba, o seu papel será estimular a transição imediata desse país para a democracia. Quanto à Venezuela, a tarefa será ajudar a oposição a reconstruir o regime democrático que foi implodido pela República Bolivariana.

O Brasil não mereceu maiores atenções do candidato quando comparado com a China e os países europeus. Todavia, parece claro que McCain não dará o apoio que o governo brasileiro precisa para integrar o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). A missão de defender as Américas continuará sob a responsabilidade dos Estados Unidos. É a montanha que pretende continuar protegendo a planície.

. Por: Sidney Ferreira Leite é consultor do Núcleo de Negócios Internacionais da Trevisan Consultoria e coordenador do curso de Relações Internacionais da Trevisan Escola de Negócios.| Email: [email protected]

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