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20/06/2008 - 13:06

Depois do MASP, o alvo foi a pinacoteca

O assalto, que aconteceu à Pinacoteca do Estado, volta a chamar a atenção para a fragilidade em que se encontra o acervo cultural brasileiro, em termos de segurança. Não faz muito tempo - aliás, foi no final do ano passado - que o Masp sofreu com o mesmo tipo de ação criminosa. Por sorte, nesse caso, as duas obras - o retrato de “Suzanne Bloch”, de Picasso e o “Lavrador de Café”, de Portinari, foram encontradas na zona leste da capital paulista.

No caso da Pinacoteca, três criminosos levaram obras do espanhol Pablo Picasso, do brasileiro Di Cavalcanti e do lituano Lasar Segall. Juntas, as peças somam mais de R$ 1 milhão. Mas os exemplos desse tipo de crime não param por aí.

Em agosto de 2007, o Museu do Ipiranga sofreu um furto de 900 peças do acervo numismático que inclui moedas e notas em dinheiro. Em 2006, homens armados levaram quatro telas do Museu Chácara do Céu, no Rio de Janeiro. No mesmo ano, foram furtadas obras do Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro. Aliás, no site do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), há uma lista dos bens roubados no país. Com tantos fatos, fica apenas uma questão: por que nosso patrimônio cultural é tão difícil de ser protegido?

No caso do Masp, a polícia conclui que o furto foi feito sob encomenda, ou seja, trata-se de um crime planejado e, portanto, mais imprevisível e difícil de evitar. Na minha opinião, esse tipo de ocorrência é uma especialidade do crime organizado, que a cada dia está mais preparado tecnicamente para ações como essa. Mas não é possível aceitar essa situação como resposta e não reagir

Prova do que afirmo é que as peças não estavam expostas na Pinacoteca. Segundo a imprensa, funcionárias que estavam no local na hora do crime viram os homens entrarem no local como se fossem visitantes comuns. No entanto, eles seguiram para um elevador que dá acesso a uma área restrita onde ficam as obras que não estão em exposição e aproveitaram a bagunça feita por alunos que visitam o museu durante uma excursão para agir.

Nesse espaço reservado, os bandidos armados ameaçaram uma funcionária, localizaram as peças de interesse, colocaram em uma bolsa e fugiram. Agora, fica para a polícia o trabalho de localizar os bandidos e as obras. Contam para isso com as imagens das câmeras de monitoramento do museu e dos edifícios vizinhos.

Os bandidos deram mais um exemplo de organização e conhecimento sobre o que faziam e onde estavam. E o que nós brasileiros vamos cobrar das autoridades para fazer, principalmente quanto a rever conceitos em termos de segurança? Pois mesmo havendo alguns equipamentos eletrônicos e um grupo de vigias, o processo todo falhou porque, com certeza, havia outras oportunidades para os bandidos praticarem o delito, as quais não foram reduzidas ou eliminadas somente com a aplicação de sistemas de segurança e vigilantes.

É preciso compreender que antes de qualquer implantação de sistemas de segurança é necessário um especialista fazer uma Análise de Riscos e propor medidas preventivas que englobam segurança física, tecnologia aplicada, procedimentos de segurança, treinamento e capacitação da vigilância e integração com pronta resposta e órgãos públicos.

O ideal é que todo CFTV, para ser instalado tanto na Pinacoteca como em qualquer outro local em que tenhamos a exposição de obras de arte, seja composto por câmeras IP e tenham um software de análise de comportamento. Quando programadas corretamente, as câmeras detectam a subtração de objetos e alertam, automaticamente, o vigilante, facilitando seu trabalho de monitoramento. Não podemos contar com uma possível falha humana ao observar várias imagens em diversos monitores. Todo sistema de CFTV deve ter um back-up de gravação remota, além de ser integrado com sistema de alarme, incêndio, ar condicionado e controle de acesso.

Agora, não adianta investir em CFTV e não pensar na proteção dos vigilantes. Por isso, a sala de segurança deve ser controlada e monitorada à distância por uma central externa de alarme e de imagem para haver pronta-resposta efetiva tanto empresa de vigilância como da Polícia Militar. Ainda sugiro que as imagens das principais câmeras sejam enviadas e compartilhas via IP com a Guarda Civil, Polícia Militar, CET e outros órgãos de segurança pública, para que juntos possam tomar providências mais rápidas e eficazes no combate ao crime.

De todo modo, será muito bom ter todo o caso do furto encerrado com sucesso, o que significa ter além dos quadros de volta intactos, os bandidos presos, mas essa será uma solução parcial. Nada mudará sem revisões drásticas em todo o aspecto de segurança da Pinacoteca, do Masp, do Museu do Ipiranga, do Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro e de tantos outros museus, existentes em todo o país.

. Por: David Fernandes, CPP, diretor da Previne Security, empresa especializada em consultoria em segurança e sistemas integrados. É diretor do 1° Portal do Gestor de Segurança Acadêmico. No Brasil, é o 31º a receber o CPP - Certified Protection Professional, maior certificação internacional em segurança e que representa uma medida objetiva do conhecimento e competência de um profissional na área de gestão de segurança empresarial. Em todo o mundo é o maior reconhecimento aos profissionais da área. Também é Pós-Graduado em Gestão Estratégica em Segurança Empresarial.

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