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21/06/2008 - 09:35

Brasil já vive “inovação aberta”

Natura, Embraer, Laboratório Cristália e Omnisys inovam em parceria com outras empresas e universidades.

Inovar em segredo é coisa do passado, e empresas brasileiras já perceberam isso. Natura, Embraer, IBM do Brasil, Laboratório Cristália e Omnisys Engenharia são exemplos de empresas que fazem inovação em parceria com outras empresas ou com instituições de pesquisa. Com isso, praticam o modelo de “inovação aberta” – ou “open innovation”, como definiu Henry Chesbrough, diretor-executivo do Center for Open Innovation da Universidade da Califórnia, em Berkeley.

Chesbrough esteve em São Paulo na última segunda-feira (16) para dar uma palestra no Open Innovation Seminar 2008, primeiro evento totalmente dedicado ao tema no Brasil. Organizado pela Allagi Consultoria, o seminário durou todo o dia e atraiu gestores de empresas e empreendedores interessados em novas formas de superar os gargalos tradicionais na implementação de políticas e estratégias inovadoras nas empresas.

“A inovação agora é global” disse Chesbrough, contrastando com o caráter praticamente individual da atividade desde o início do século passado, quando Thomas Edison ou Henry Ford eram paradigmas da inventividade que transformou o planeta. Esse estilo de inovação, centrada na figura do inventor que cria um produto e o desenvolve em segredo até a comercialização, está caminhando para o colapso, na visão de Chesbrough.

Embora a inovação continue sendo o motor para quase a metade do valor do crescimento econômico dos países ricos, Chesbrough avalia que inovar unicamente com laboratórios e funcionários próprios está cada vez mais caro para as empresas, principalmente as de grande porte. Segundo Chesbrough, em 1971, as empresas com mais de 25 mil empregados eram responsáveis por 70,7% do valor das inovações no mercado, mas despencaram para 40,9% em 2003. Por outro lado, as pequenas empresas, com menos de mil empregados, subiram de 4,4% para os atuais 22,5%.

Uma das razões para essa assimetria, no entender de Chesbrough, é a nova forma adaptativa de lidar com a inovação das pequenas empresas. Com recursos escassos para investir na pesquisa e desenvolvimento cativos, elas apelam para contratos e parcerias externas. “As pessoas inteligentes que trabalham para você precisam falar com outras pessoas inteligentes que não trabalham para você. Esse é o paradigma da inovação aberta”, resume Chesbrough.

As pequenas e novas empresas têm um trunfo natural. “Darwin mostrou que não é o maior ou mais forte que sobrevive, mas quem se adapta melhor”, lembrou o professor, apontando as vantagens adaptativas das pequenas: foco em um mercado específico, capacidade maior de atender um nicho, capacidade de se especializar, custo de expansão menor e presença quase natural na Internet, onde as empresas podem ser mais globais com custos menores e mais competitivos.

Mas não só as pequenas empresas que proliferam nesse novo ambiente. A Procter & Gamble, gigante da criação de produtos de uso pessoal, era uma das mais tradicionais empresas de P&D fechadas. Resolveu abrir o processo de inovação e hoje tem mais de 50% dela vinda de fora. Outro exemplo dramático é a transformação radical vivida pela IBM. Em 2007, a Big Blue abriu 500 patentes para que desenvolvedores criassem soluções para seus usuários.

Após a palestra de Henry Chesbrough, o Open Innovation Seminar teve três mesas de discussão. Na primeira, Natura, Embraer, Laboratório Cristália, IBM e Omnisys Engenharia mostraram que já praticam – com excelentes resultados – o modelo de inovação aberta. A Natura, por exemplo, tem cerca de 200 grupos de pesquisa, formados em universidades brasileiras, cadastrados em seu portal Natura Campus. Já a Embraer está desenvolvendo um novo jato com a participação de 16 empresas parceiras. “Apanhamos prá burro até descobrir o caminho da ajuda de pesquisadores na universidade e da inovação aberta”, disse Ogari Pacheco, presidente do conselho diretor do Laboratório Cristália.

O seminário contou também com a participação de representantes de entidades empresariais, como a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a entidade que congrega as empresas inovadoras (Anpei) e a que abriga incubadoras e parques tecnológicos (Anprotec). Do setor governamental, participaram o presidente do Instituto Nacional de Propriedade Industrial, Jorge Ávila, e o diretor de Inovação da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), Eduardo Costa.

Balanço – O Open Innovation Seminar 2008 teve resultados francamente positivos. Tanto que a Allagi Consultoria já planeja repetir o evento em 2009, dessa vez com dois dias de programação. Bruno Rondani, diretor da empresa, informou que foram inscritas cerca de 350 pessoas, representando 130 entidades de 13 Estados. “São números excelentes para o primeiro evento sobre um tema ainda novo no País”, avalia Rondani, que destaca ainda “a forte presença da Natura, com a participação de 32 de seus funcionários, e do setor farmacêutico, com oito empresas, além de representantes do Ministério da Saúde e do BNDES”.

O seminário agradou Henry Chesbrough, que se disse “impressionado com o excelente nível dos debates”. Ele elogiou a organização do evento por ter conseguido articular diferentes setores, convidando empresas diversificadas, academia e representantes do governo. “Gostei muito das empresas e tive a oportunidade de aprender sobre o sistema de inovação do Brasil e as oportunidades de empreendedorismo que surgem no País”.

(Se você tiver interesse em receber um texto mais detalhado sobre o Open Innovation Seminar 2008 e/ou fotos do evento, escreva para [email protected])

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