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24/06/2008 - 12:40

O destino dos gráficos

Quando o alemão Johannes Gutenberg pela primeira vez imprimiu um livro (a Bíblia) com tipos móveis, por volta de 1455, a Europa tinha cerca de 50 milhões de habitantes, dos quais apenas oito milhões alfabetizados. Não foi casual que, alguns anos depois, quase 20 milhões de pessoas do Velho Continente já soubessem ler. Parece óbvio que a democratização do livro, com sua produção em escala e menor preço, incentivou o hábito da leitura.

A rigor, as artes gráficas transformaram um privilégio em direito, revolucionando costumes, sistemas políticos, relações sociais, leis e o exercício do civismo. Afinal, a democracia é filha da consciência! Portanto, não é sem razão o fato de Gutenberg figurar entre as cem mais importantes personalidades do mundo em todo o segundo milênio, conforme registrou pesquisa mundial realizada ao cabo do ano 2000.

Entender com clareza a profunda transformação histórica, sociológica e política desencadeada pela capacidade de imprimir é fundamental para se dimensionar com precisão o significado da indústria gráfica na civilização globalizada do Século 21. Nosso setor de atividades tem a mesma imensa importância para o homem contemporâneo quanto a prensa de Gutenberg para aqueles 50 milhões de Europeus do Século 15. Sim, pois a comunicação gráfica, mais do que qualquer outro meio, continua sendo um referencial da humanidade para a troca e disseminação de conhecimento. Multiplica-se em numerosas mídias, as quais interagem com as pessoas no dia-a-dia, passando-lhes gigantesca quantidade de informações.

O impresso viabiliza a leitura em tudo o que as pessoas podem ver, tocar, usar e sentir, ou seja, jornais, livros, revistas, cadernos, manuais de produtos e automóveis, embalagens, rótulos, bulas de remédios, cheques, cartões de crédito e débito, o dinheiro, o alto relevo do Braile, cartazes, sinais de trânsito, notas fiscais... tudo isto é mídia difusora de informação! Nenhum outro sistema comunicacional reúne soma tão grandiosa de conteúdo.

Assim, muito mais do que herdeiros de Gutenberg, somos continuadores de sua obra. Sem falsa modéstia, a homenagem que o genial alemão recebeu como uma das cem pessoas mais importantes do milênio, além de justa, cabe a todos nós, gráficos, incluindo os empresários que empreendem no universo dessa arte, os impressores, tipógrafos, arte-finalistas, diagramadores e cortadores e outros profissionais. Temos a mesma estirpe, vocação e missão. Transformar papel em conhecimento, arte e produtos úteis é uma profissão de fé, que fizemos há 553 anos, quando Gutenberg imprimiu o primeiro livro. Talvez haja toda uma simbologia no fato de ter sido ele uma Bíblia...

No Brasil, nossa crença na comunicação gráfica é professada desde 1808, quando D. João VI criou a Imprensa Régia no Rio de Janeiro. São 200 anos de trabalho árduo, nos quais, muito mais do que espectadores, fomos testemunhas, agentes e depositários do conhecimento histórico.

A indústria gráfica tem passado tem passado, registra o presente e já vislumbra o futuro. Jamais abdicaremos do destino ao qual Gutenberg nos sentenciou, missão cuja síntese é emblemática e conclusiva: situar o homem no seu tempo e espaço, outorgando-lhe a cidadania com a autoridade legítima da informação!

. Por: Mário César de Camargo, empresário gráfico, administrador de empresas e bacharel em Direito, é vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf).

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