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Biocombustível: até você, Bush?

A produção de biocombustíveis é a coqueluche do momento em várias partes do mundo. Pelo menos por enquanto, essa alternativa aparece como uma ótima solução para reduzir os impactos das emissões de gás carbônico na atmosfera, o que pode vir a reduzir o aquecimento global. Nos últimos cinco anos, o mundo assistiu a mudanças climáticas sem precedentes. Os moradores do Hemisfério Norte têm sofrido no verão e no inverno, seja com um calor insuportável ou com as nevascas e ventanias. Em ambos os casos, há registros de mortes, ano após ano. Com isso, muita gente começou a refletir sobre os rumos do planeta, motivando os governos a buscar soluções para o problema.

Nem o presidente dos EUA, George W. Bush, ficou fora do debate. Em discurso recente, ele prometeu aumentar a produção de biocombustíveis nos próximos dez anos em seu país, num patamar estimado em 75%. Segundo ele, a medida reduziria o consumo do petróleo em até 20% no território norte-americano. Não se pode esquecer que Bush é o inimigo número 1 dos defensores do meio ambiente. Em seis anos de mandato, só agora demonstrou preocupação com o tema. Depois das guerras no Afeganistão e no Iraque, o presidente também será lembrado para sempre como aquele que se recusou a adotar os compromissos assumidos no Protocolo de Kyoto, que nasceu exatamente para diminuir as emissões de CO2 na atmosfera.

A explicação para esse interesse inesperado de Bush pelos biocombustíveis é simples. Trata-se, no fundo, de uma questão meramente política. Em dois anos, os partidos Democrata e Republicano disputam a eleição para a presidência. O democrata Al Gore, derrotado em 2001 pelo próprio Bush, aparece como uma das opções para o pleito. Sua principal bandeira na campanha será a defesa do meio ambiente, seja lá qual for o adversário. Bush é reconhecidamente representante dos conglomerados de petróleo, o que explica sua constante disposição em invadir países no Oriente Médio. Agora, ou ele engole a seco a idéia dos biocombustíveis, ou joga no lixo a eleição de seu partido em 2008. De quebra, pode convencer muitos eleitores de que seu país, menos dependente do petróleo, talvez abandone a impopular ocupação do Iraque.

A intransigência de Bush diante dos apelos da comunidade científica em favor do Protocolo de Kyoto interrompeu um processo que estava em marcha havia pelo menos uma década. As conseqüências ambientais do não-ataque à poluição estão presentes em várias partes do mundo. Na África, já existe até o temor de que conflitos possam eclodir, provocados pelos refugiados da seca que procuram abrigos em países vizinhos, especialmente em Ruanda e no Sudão. Se essas catástrofes estivessem distantes das fronteiras dos EUA, tenho certeza de que o presidente Bush não moveria uma palha para substituir petróleo por biocombustível. Só depois da ameaça eleitoral, interna, é que ele decidiu se mexer.

O Brasil ocupa uma posição privilegiada no cenário mundial, fruto de uma política implementada três décadas atrás com o Proálcool. O biocombustível nasceu como uma opção às crises sucessivas que elevaram o preço do petróleo no Oriente Médio, sem que houvesse qualquer preocupação com o meio ambiente. Agora, a situação é diferente, pois a corda começou a esticar para o lado dos países desenvolvidos. O álcool, ou etanol, oferece mais que um bom preço nos postos de combustível. Mais do que nunca, é uma alternativa para diminuir a poluição do ar e ajudar a salvar o planeta. Queira George W. Bush ou não.

. Por: Sebastião Almeida é deputado estadual pelo PT, coordenador da Frente Parlamentar em Defesa da Água e membro da comissão de meio ambiente da Assembléia Legislativa de São Paulo. E-mail: [email protected]

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