A energia do conhecimento

Uma geração está prestes a se aposentar levando consigo importantes conhecimentos adquiridos nos grandes empreendimentos do setor elétrico brasileiro.

São Paulo – Esse será um dos assuntos discutidos no KMBrasil 2008, o Congresso anual da Sociedade Brasileira de Gestão do Conhecimento – SBGC. Segundo dados preliminares do consumo de energia elétrica no Sistema Interligado Nacional (SIN), houve um crescimento de 4,1% no último ano. Para dar conta dessa crescente demanda vem se investindo em empreendimentos de geração, transmissão e distribuição, mas pouco se fala sobre o que há de mais importante nas organizações: o seu conhecimento e as formas de geri-lo.

Nos últimos anos, viu-se uma enorme dificuldade na formação e retenção de talentos ligados às principais empresas do setor de energia do país e o setor elétrico foi um dos mais afetados. Isso aconteceu, principalmente, por dois motivos: grande número de aposentadorias de técnicos experientes e, na maioria dos casos, as melhores condições de trabalho encontradas por jovens talentos em empresas privadas e outros setores do mercado dificultaram a renovação dos profissionais do mercado. Com isso, aqueles que detêm o conhecimento adquirido com a experiência de longos anos de trabalho têm cada vez menos “aprendizes”, algo que preocupa os especialistas.

Segundo Fernando Goldman, presidente do Pólo Rio de Janeiro da SBGC, hoje existe uma séria preocupação em relação ao aprendizado organizacional e a uma efetiva Gestão do Conhecimento em empresas do setor de energia, que engloba o setor elétrico. “Antigamente, profissionais capacitados queriam trabalhar em empresas estatais, não só por conta da estabilidade que ofereciam, mas por planos de carreira não tão focados nos gerentes, amplas possibilidades de desenvolvimento e bons salários”, afirma Fernando. Porém, com o passar do tempo, as empresas privadas se tornaram mais promissoras, em especial para os engenheiros. “Com isso, os novos profissionais não optam mais com tanta freqüência por ingressar nesse mercado, o que cria um gap de conhecimento”, explica.

Outro ponto que deve ser levado em conta é a questão dos programas de trainees. No caso das estatais, por exemplo, não se permite mais a contratação do jovem profissional ao final do período de estágio, devido a uma série de restrições legais que envolvem esse processo. Além disso, os planos de carreira não proporcionam crescimento rápido, ou seja, para que se mude de posição dentro da empresa são necessários muitos anos. Isso vai contra o esperado pelas novas gerações de profissionais, que desejam crescimento rápido.

O Brasil passa por um momento de crescimento, que não poderá ser sustentado sem uma boa oferta de energia e a energia elétrica tem um importante papel em na matriz energética do país. Por isso, é preciso se pensar mais sobre como atrair e, principalmente, reter o capital humano dentro das grandes empresas desse mercado. No setor nuclear, por exemplo, os profissionais que adquiriram o conhecimento na Alemanha já estão em fase de se aposentarem. “A situação é delicada. Cogita-se reavivar o projeto nuclear brasileiro, mas como transferir todo o conhecimento adquirido pela ‘velha-guarda’ para os novatos em pouco tempo? Esse processo já deveria ter tido início há muito tempo”, afirma Goldman.

Durante o KMBrasil 2008, cujo foco da discussão será o conhecimento como item capaz de agregar valor a uma organização, a mesa que discutirá o tema Energia será coordenada pelo engenheiro Fernando Goldman, que tem mais de 25 anos de experiência na área. Ele e importantes personalidades do setor farão uma reflexão sobre a importância do conhecimento e seus processos para o setor de energia. Para isso, serão apresentadas as visões de importantes agentes como Petrobrás, ONS - Operador Nacional de Sistema Elétrico, Eletronuclear e do GESEL – Grupo de Estudos do Setor Elétrico brasileiro.

KMBrasil 2008, acontece nos dias 27, 28 e 29 de agosto de 2008, no Hotel Century Paulista – São Paulo – SP | Contatos: (11) – 3063 4360 ou (11) – 3082 9098 | www.kmbrasil2008.com.br

Fernando Goldman é Engenheiro Eletricista pela UFRJ, com especialização em Gestão Empresarial pela FGV. M.Sc.em Engenharia de Produção, pela Universidade Federal Fluminense - UFF, com linha de pesquisa em Conhecimento e Inovação Tecnológica. Foi professor nas Universidades Santa Úrsula e Veiga de Almeida, ministrando, atualmente, cursos profissionais nas áreas de Gestão do Conhecimento e Setor Elétrico Brasileiro. Desde 2007 é Presidente do Pólo-RJ da SBGC. Tendo atuado mais de 25 anos na área de projetos de usinas e subestações de alta e extra-alta tensão, atualmente leciona na Educação Corporativa da área de Empreendimentos de Transmissão de Furnas.